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Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco sem parentes importantes e vindo do interior...
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segunda-feira, janeiro 30, 2006

Por outro lado...

eu poderia dizer que...

O LULA me traiu!

hahahahaha


:: por Marcio | 16:31






E a Lua NÃO me traiu

Desde o final do ano passado, eu estou numa fase muito boa da minha vida. Eu tenho que falar isso porque geralmente reclamo muito dos meus dramas, do volume dos meus problemas, sou um pouco chato nesse sentido, estar sempre enxergando os problemas e falando deles. Então preciso exaltar a boa fase, a possibilidade de as coisas estarem embalando pro bem, dessa vez.

No final de semana fui pra Imbé, uma das muitas praias ruins do nosso litoral. Mas pra quem geralmente fica no calorão de Porto Alegre, o feio litoral gaúcho vira poesia.

Na quinta fui tomar uma cerveja com um amigo e surgiu o convite que eu esperava já há horas, de alguém. Fui, feliz da vida. Com pessoas que eu conhecia pouco, por sinal. Altas conversas sobre revolução, relação pais e filhos, a sexualidade de cada um, varando as madrugadas. Os dois dias, no clima, foram perfeitos.

Tudo o que faltou foi ficar mais alguns dias, queria uma semana assim, só lendo, conversando, tomando banho de mar. E também queria estar acompanhado de um certo alguém que infelizmente não estava lá, mas uns 400 Km ao sul.

Ah: queria música melhor, também. Ficar ouvindo aquela ladainha da "Lua me traiu", da lamentável dupla Joelma e Chimbinho(a tal Banda Kalypso, fenômeno do verão) é a parte trágica da praia. Vou precisar de uns dois dias inteiros de Elis Regina pra tentar equilibrar.

Mas é isso: poderia dizer que a Lua não me traiu!


:: por Marcio | 16:15




quarta-feira, janeiro 25, 2006

Quando tarda, já está falhando

Se a minha convivência com o "sistema da política" serviu pra ter muitas decepções e ser hoje muito cético em relação ao futuro, a convivência atual com o "sistema do Direito" também é, por vezes, desoladora.

O Sr X é padeiro. Machuca a mão num acidente de trabalho. O INSS paga um mês do Auxílio-Doença e conclui que ele pode trabalhar de novo. Corta o benefício. Só que ele não pode. A mão dele nem abre, nem fecha. Está parada. Padeiro, sem uma mão, a princípio, fica difícil...

O Sr X entra com uma ação contra o INSS na gloriosa Justiça Federal do RS. Pede indenização e, principalmente, URGENTE retorno do pagamento do benefício. Em 17 de dezembro. Só que a Justiça Federal entra em recesso, por quinze dias. Ninguém é capaz de despachar os pedidos urgentes... Volta do recesso e nada de despachar o pedido. Na verdade ontem, 24 de janeiro, mais de mês depois, recém o burocrata passou o processo para a pilha da juiza, que deve levar mais um tempo pra decidir se o pedido do Sr X é justo ou não. Enquanto isso ele e sua mulher vêem as latas de alimentos se esvaziando, a água e o telefone ser cortados. A luz tem data marcada pra ser cortada também. A sorte é que moram num puxadinho no fundo da casa da mãe dele, ou talvez o aluguel seria mais um problema.

E assim estamos: o Sr X sofrendo, batendo todo dia à porta do advogado. Que liga para o cartório, que enrola. E assim a justiça brasileira vai sendo eficiente: como diz Amilton Bueno de Carvalho, um juiz gaúcho que elaborou toda uma concepção de direito voltado aos interesses do povo: "A Justiça, de certo modo, funciona, já que aquilo que é FEITO PARA NÃO FUNCIONAR e não funciona, está cumprindo, a bem da verdade, a sua função".

São as coisas que fazem a gente tremer de indignação.


:: por Marcio | 13:47






Entre Quatro Paredes

Ontem fui ao teatro. Adaptação de um texto de Jean Paul Sartre, escrito em 1944, Entre Quatro Paredes.

Uma das coisas fundamentais é que vou pouco ao teatro, entendo pouco da sua linguagem. E nas raras vezes em que vou, lamento por isso. É um tipo de contato com o texto que nenhuma outra expressão - a não ser o livro - pode dar. Enfim, taí um erro meu, que merece ser corrigido, hora dessa.

Mas voltando: o texto é marcante, como são os textos de Sartre. É incrível que uma obra de mais de 60 anos mantenha toda a sua atualidade filosófica. Apesar de conhecer o existencialismo menos do que gostaria, creio que é uma expressão filosófica que faz algumas das reflexões fundamentais sobre o mundo, o ser dentro dele. A trajetória de Sartre, que em alguma media conheço melhor que sua própria obra, foi um pouco o reflexo daquilo que tentava, também teoricamente: encontrar um caminho filosófico-ideológico que fugisse das amarras que os dogmas trazem, seja os da Igreja, seja os da esquerda, que muito pouco respeita o Ser.

E o texto da peça é isso: três pessoas são confinadas numa peça. Estão no inferno. E a partir daí desenrolam suas relações, seu passado, vão revelando suas contradições. É uma pancada.

Pena o Teatro de Arena ser de um desconforto exagerado, cadeira que te deixa quadrado em questão de meia hora, barulho forte do ar condicionado que por horas chega a desconcentrar. Mas o teatro vale a pena ser mais vivido por nós...


:: por Marcio | 12:56




terça-feira, janeiro 24, 2006

Budapeste

Como eu tenho um certo problema com lista de mais vendidos, não tinha ainda aceitado ler Budapeste, do Chico Buarque. Afinal, o livro dividia atenções e promoções com Dan Brown, Paulo Coelho e outros do gênero. Precisa sempre a coisa esfriar pra me interessar. Assim foi com Maria Rita, também, que só fui ouvir - e me encantar - um ano depois.

Pois faço justiça, mesmo que talvez seja apenas o óbvio: Chico Buarque é o rei da palavra. E como tal, um livro seu teria de ser muito bom, necessariamente. É livro pra ler rápido e lamentar quando acaba. Por mais que confuso, tipicamente pós-moderno, como história. Me lembrou um pouco o João Gilberto Noll, de quem tanto gosto. Nunca se sabe bem o que é o enredo, o que é o enredo-dentro-do-enredo, esses jogos que, bem feitos, são fascinantes, a bem da verdade. Eu tinha lido há uns dez anos o primeiro romance de Chico, Estorvo, que é também nesse estilo, especialmente no jogo da linguagem.

É, aí está um bestseller que vale a pena ser lido.


:: por Marcio | 13:56




segunda-feira, janeiro 23, 2006



Eu já conhecia um pouco sobre Vinícius de Moraes. Seja porque lá em casa havia um livro dele, que li ainda jovem, seja porque ele é citado em cartilhas escolares, seja pelo disco que tenho, dele com Toquinho. O fato é que Vinícius foi e é ainda popular, até porque era um poeta que superou as barreiras de popularidade geralmente reservada aos poetas, que geralmente serão conhecidos, especialmente em seu próprio tempo, por restritos círculos.

Não sei exatamente porque ainda não tinha tomado a iniciativa de ver o documentário Vinícius, a seu respeito, que está em cartaz há uns dois meses, já. Talvez estivesse esperando para ver na hora certa, companhia certa, como acabou acontecendo na sexta.

É um documentário muito bem feito sobre o personagem fascinante que é Vinícius. O filme equilibra imagens de arquivo do personagem principal com depoimentos maravilhosos de parceiros e amigos - como Chico Buarque, Edu Lobo(que protagoniza uma cena emocionante, ao contar de um encontro que teve com Vinicius quando este estava já doente e Edu, ao contar, se engasga de emoção), Maria Bethânia(que declama maravilhosa), dentre outros. Tem números musicais excelentes, com algumas das vozesmais interessantes do momento, especialmente femininas - Mônica Salmaso, pra não falar de consagradas como Olivia Byinton e Adriana Calcanhoto. E os dois atores - Camila Morgado e Ricardo Blat - que narram partes do filme e declamam - sustentam a articulação dessas partes. O filme é bonito, emocionante, tudo isso. São duas horas que passam rápido. E nos deixam querendo mais. E que fazem parte daquelas coisas que tornam a gente mais orgulhosos de um país que, apesar dos problemas, tem gênios.


:: por Marcio | 12:33




sexta-feira, janeiro 20, 2006



Não sou muito de fazer listas. Mas esse é um dos discos que certamente entraria num Top 10 entre os que eu tenho em casa. Ainda no início dessa semana o coloquei a tocar e fiquei encantado, depois de algum tempo sem lembrar.

Boca Livre é um conjunto carioca de MPB, com um tipo de trabalho que lembra, de algum modo, os grupos vocais como o MPB4. Mas trabalha com um repertório próprio e algumas interpretações de outros artistas. Tem forte influência da turma do Clube da Esquina: Milton, Beto Guedes, etc.

Nesse CD, Boca Livre Convida - 20 Anos, ele recebem convidados de peso - Chico, Djavan, Zé Ramalho, Gal Costa, entre outros - para revisitarem alguns dos grandes sucessos deles. É daqueles discos em que não há música possível de pular. Nada desagrada. Tudo senta bem, tudo é bonito, tudo está bem interpretado, bem produzido, etc, etc, etc.

A única coisa que me deixou pasmo foi descobrir agora, com seis anos ouvindo, que a música Diana - cujo convidado a interpretar é Paulinho Moska - foi feita para uma cadela. Prestando atenção na letra, finalmente percebi isso. Me senti um tapado de demorar tanto a perceber.


:: por Marcio | 15:35




quinta-feira, janeiro 19, 2006

Risíveis Amores

Depois de ter lido com grande entusiasmo A insustentável leveza do ser, me interessei em conhecer mais de Milan Kundera, motivo porque agora li Risíveis Amores, um livro de contos que o autor escreveu bem antes(creio que seja o seu primeiro livro).

Os temas são constantes: as dúvidas sobre Deus num país que reprime a religiosidade, as pequenas e grandes incomodações que as pessoas comuns podem sofrer vivendo num país burocratizado, onde a vida privada é uma espécie de luxo contra o qual o Estado luta, as pequenas vilanias a que cada um pode estar sujeito a ser vítima ou mesmo agente. A literatura de Kundera, ao menos o que li até aqui, passa necessariamente pelo tempo e espaço em que desenvolveu suas obras: a Tchecoeslováquia, leste europeu, regime de comunismo burocrático.

Os contos de Milan Kundera são muito bem escritos, mas são quase novelas. Nenhum é curto, todos eles tratam de um certo espaço de tempo. Mas tem presente sempre alguma reflexão interessante sobre a existência, sobre a vida, as contradições, o caráter. É uma grande literatura.

Mas há uma diferença fundamental em relação ao romance "A insustentável ...": por mais que nos contos desse livro surjam personagens interessantes, nenhum chega perto do fascínio dos de seu principal romance, em especial o protagonista Tomás, talvez um dos personagens mais admiráveis que já conheci, não por sua perfeição, mas por ter me sentido tão parecido com ele, em suas virtuosas imperfeições.


:: por Marcio | 12:07




terça-feira, janeiro 17, 2006

Filme que se ve de novo

Ontem peguei no início um filme que queria ver de novo. No canal UHF da ULBRA passou, sem interrupção, com legendas, o filme Cães de Aluguel, de Quentin Tarantino.

Trata-se do primeiro filme dele. E talvez divida com Pulp Fiction a condição de melhores da carreira dele. Mas talvez ainda seja superior.

A história gira em torno de um galpão onde criminosos se encontram após um assalto que deu errado, provavelmente devido à traição de um deles: a polícia já os esperava no local.

O filme é a cara de Tarantino: diálogos irônicos, muito sangue, uma estética do choque permanente. Esse é um elemento central do filme: violência o tempo todo, até o final. A cena em que um dos caras tortura um policial é duríssima de se ver, tão sádico é o personagem. Mas tudo serve como ilustração sobre de quem estamos tratando: sujeitos frios, contraditórios alguns, sofredores todos, de algum modo. É assim que a tragédia de Tarantino vai se desenrolando num filme que tem muito de teatro: muito texto, cenário único(que se alterna com flashbacks, mas que fundamentalmente se desenvolve ali, no galpão). O roteiro é muito bem escrito, revelando no desenvolver do filme os segredos e conflitos contidos, gerando vários climax. A montagem também ajuda muito, tornando o filme ágil, apesar da concentração temporal.

Reservoir Dogs é um exemplo de cinema bem feito, capaz de te prender a atenção durante quase duas horas e para além dessas.


:: por Marcio | 12:51




segunda-feira, janeiro 16, 2006



A viagem pra Pelotas na sexta serviu pra concluir a leitura de Mandrake, a Bíblia e a bengala, último romance de Rubem Fonseca, lançado ano passado.

Eu gosto muito de ler Rubem Fonseca, mesmo que nos últimos anos minhas prioridades tenham se deslocado para autores que tratam de temas e escrevem mais próximos ao que gostaria de escrever. Ainda assim, foi em boa medida nos livros do "Rubão" que eu aprendi a ler, assim como nos de Fernando Sabino, Érico Veríssimo, dentre outros que hoje não são minhas leituras mais frequentes, mas a quem devo muito da minha boa formação literária e português razoável que tenho. E ainda hoje boa parte dos contos de Rubem Fonseca são fundamentais como leitura e como busca de influência para qualquer pessoa que queira entender por onde passa a idéia de conto.

Sobre o livro, em particular, pouca novidade: o personagem Mandrake, já muitas vezes parte das histórias do autor, participa diretamente - em duas novelas relativamente independentes, que podem também ser consideradas um romance(fica a critério de cada um) - de duas situações de mistério e assassinato, sempre circulando entre clientes ricos e falcatrua, também personagens não exatamente novos na literatura de "Rubão". Apesar de não representar novidade, o livro é uma leitura aprazível, texto de qualidade e, afinal, um retrato típico do Rio de Janeiro e do Brasil do início de século. Fez justiça um crítico de Carta Capital que definiu assim a importância da obra de Rubem Fonseca: ele seria o melhor retrato do Rio do início de século XXI como foi Machado de Assis um excelente retrato do Rio do século XIX. Eu apenas faria justiça incluíndo o mestre Afonso Henriques de Lima Barreto, que foi um perfeito tradutor para a posteridade do Rio do início do século XX.


:: por Marcio | 14:25




sexta-feira, janeiro 13, 2006



Cinema, Aspirinas e Urubus é um dos filmes nacionais recentes mais bem recebidos pela crítica, não só aqui, mas em nível internacional. O público, infelizmente, esse ano, sóm recebeu bem os "filhos de francisco". É a vida!

A história de um alemão que atravessa o Brasil com um caminhão projetando filmes com propaganda e vendendo aspirinas às vésperas do Brasil declarar guerra à Alemanha, em 42, parte de um tema interessante. Mas ao contrário de outros filmes recentes que procuram mostrar como "a história mudou a vida das pessoas comuns"(o melhor deles é Adeus, Lenin!, sem dúvida), esse filme não consegue aproveitar o contexto histórico para enriquecer seu enredo. O filme tem grandes momentos na relação de amizade entre o alemão Johann e o nordestino Ranulfo(interpretado por um excelente ator João Miguel), mas certamente poderia ganhar contornos de maior grandeza se explorasse melhor o drama do alemão em território "inimigo" naquele momento histórico. Tudo passa correndo pelo filme, que termina de supetão, quando você imagina que ainda acontecerão mais coisas.

Apesar disso, não se pode tirar o filme pra ruim, não. Tem bom elenco, especialmente os dois protagonistas(o alemão é interpretado por Peter Ketnath) e é bem produzido e dirigido, recriando o sertão numa época passada de forma muito bem caracterizada. O que realmente deixa a desejar é o roteiro, a meu ver.


:: por Marcio | 12:27




terça-feira, janeiro 10, 2006

Estarão os blogs morrendo?

Os blogs foram um fenômeno, há cerca de cinco anos atrás. Esse aqui tem quatro anos. Carnaval de 2002.

É certo que os blogs são a expressão de uma grande liberdade de circulação de informação: qualquer sujeito pode criar um espaço gratuíto onde escreva aquilo que bem entender, publique seus escritos, divulgue noticias. Famosos tem sites no formato blog.

Mas o que interessa, nessa breve nota: tenho notado no último ano que o formato blog está morrendo, diria que por dois fatores: os autores de bons blogs, com texto racional, bom português, boas informações ou opiniões cansaram, depois de anos mantendo um; aquelis q ixcrevim açim acharam no tal do fotolog uma maneira bem mais fácil de trocar idéias com os amigos e contar o que andam fazendo. Por esses dois vetores que vejo mais claramente, os blogs que costumava acompanhar andam rendendo pouco, quase nunca sendo atualizados. O meu mesmo, por vezes, fica algum tempo sem nenhum registro.

O que é uma pena. Conheci muita gente através do meio dos blogs. Mesmo pessoas que pude conhecer pessoalmente que, de algum modo, cheguei através do mundo dos blogs.

Além disso, creio que seja um bom exercício: você ter um compromisso de ao menos semanalmente, escrever sobre alguma coisa, formular, emitir opinião. Pra quem, como eu, gosta de escrever, é fundamental ter um blog, mesmo que ninguém leia, mesmo que, no meu caso, quase nunca haja comentário. Ainda assim, vale a pena. Então esse blog segue... Mesmo que ele possa ser um dos poucos que reste, em pouco tempo. Porque eu acho que os blogs estão morrendo...


:: por Marcio | 15:49




segunda-feira, janeiro 09, 2006



Meu tio Afonso deu um DVD de presente à minha Avó. E o presente não poderia ser melhor, seja pra ela, seja pra mim, também.

Na tarde senegalesca de ontem, fiquei cerca de quatro horas em frente à TV vendo o filme e um documentário sobre Cidadão Kane, de Orson Welles, que é considerado por muitos como o melhor filme de todos os tempos, tendo sido já escolhido em diversos momentos como tal.

Charles Foster Kane é um disfarce para contar a história de William Randolph Hearst, dono de um império das comunicações nos EUA, que à época, em 1940, ainda era, mesmo decadente, um dos homens mais influentes do país, tendo por muito tempo sonhado em chegar à Presidência da República. O filme mostra, com pequenas variações, a história ousada e escandalosa de Hearst.

E o documentário anexo A batalha por Cidadão Kane mostra exatamente o confronto em que Orson Welles, um jovem de 24 anos, se meteu ao filmar essa história: o filme foi boitocado e houveram tentativas mesmo de queimar as cópias do filme. E Welles, mesmo sendo genial, nunca mais conseguiu grandes chances de filmar, jamais teve a liberdade e o financiamento que lhe fora oferecido antes desse filme de estréia dele no cinema, vindo de uma carreira impressionante no rádio e teatro. A marca de Kane lhe seria pesada pelo resto da vida.

Vendo depois o filme, acho que pela 3ª vez, no meu caso, se percebe o quanto é, de fato, um filme único, muito avançado para o seu tempo. O quanto é, sim, o grande filme já feito.

Coisas que o DVD nos permite: ver com maior qualidade e com maiores informações essas obras. Até mesmo te-las em casa, algumas. Cidadão Kane é um caso: é o DVD pra abrir a coleção de qualquer pessoa que goste de cinema.

P. S. Como informação: a neta de William Randolph, Patricia Hearst, na década de 70, protagonizará um episódio marcante: sequestrada por um grupo guerrilheiro na Europa, acabará aderindo à causa dos seus sequestradores, sendo o fato o marco do que se passaria a chamar "Síndrome de Estocolmo". Curiosidade a mais, só...


:: por Marcio | 12:31






Uma leitura de férias

Terminei ontem o longo e bom O Júri, do líder-de-vendas John Grishan, autor desses cujos livros, com linguagem cinematográfica, são logo a seguir adaptados para o cinema.

Ler esse livro foi resultado de ter gostado muito do filme com o mesmo nome, que vi no ano passado, início do ano. E também por ser, sem dúvida, uma história interessante. E claro que pelo ritmo de férias: a minha cabeça está recém se recuperando, o que me permitirá voltar a ler coisas sobre o Direito, diretamente, só agora, mais de um mês depois...

A história trata de um grande golpe que um sujeito arquiteta junto com a namorada: se intromete num juri popular que julgará um caso de responsabilidade civil contra a indústria do cigarro. Em meio a todo o jogo mafioso do julgamento, ele manipula o juri da qual faz parte e tenta negociar para que lado, com suborno, ele venderá a decisão do grupo que ele controla. A partir desse eixo central, aparecem as podridões do sistema judiciário dos EUA, do sem-número de profissionais contratados desde para as funções bem públicas como para espionagens, armações, perseguições. é um livro, sem dúvida, muito bem escrito, cuja leitura flui. Evidentemente, é um livro de linguagem cinematográfica, nada inesquecível. Mas divertido, com algumas denúncias, com grande inteligência. Best seller, afinal de contas...


:: por Marcio | 12:22




quinta-feira, janeiro 05, 2006



Impactante. É o mínimo pra se dizer de Filhote, filme espanhol que acabo de ver. Trata da história de um bear que precisa quebrar a rotina de sua vida para receber por quinze dias o sobrinho em sua casa, já que a mãe do menino vai viajar com o namorado para um tour riponga pela India. Como se não bastasse a quebra imediata da rotina, os fatos vão se desdobrando de tal modo que o que era um temporada, vira a vida de Pedro e seu sobrinho Bernardo.

A partir daí temos um filme que faz chorar. Mesmo que ME fazer chorar seja algo mais fácil, ainda assim não é em todos que o faço. Esse filme toca muito, por tratar da história de crianças, gueis, das relações familiares, drogas, Aids, maldade, bondade, tudo com sensibilidade, sem estereótipos. Achei realmente o filme merecedor de elogios. Aí estão, portanto...


:: por Marcio | 19:31




segunda-feira, janeiro 02, 2006



Se eu fosse fazer uma lista dos filmes que mais gostei em 2005, certamente entraria nela o último filme visto no ano: Narradores de Javé. Só que não estou com o menor tempo ou saco para listas do ano que passou, até porque ele só prestou, se pegar dia a dia dos 365, em uns 10, com boa vontade. Logo, deixa 2005 pra lá.

Ver um filme depende de uma série de componentes para que você chegue a uma conclusão do gostar ou não dele. Onde ve, com quem, essas coisas ajudam. Certamente isso deve ter contado, no meu caso, para gostar tanto desse filme, que vi atentamente, mesmo que tivesse até motivos pra me dispersar por razões melhores no meu ótimo 31 de dezembro.

Mas dito isso, vamos ao filme: Narradores de Javé é um filme brasileiro. Mais que outros, esse é muito brasileiro. Trata da história de um povoado do sertão baiana que se descobre pronto para ser inundado em razão da construção de uma barragem. A partir desse fato, a comunidade local resolve buscar uma saída para salvar o povoado: chama um dos poucos habitantes do lugar, o mal-dito Antonio Biá(feito pelo maravilhoso José Dumont) para escrever um livro com as histórias do povo do vilarejo e, com isso, tentar convencer às autoridades de que, diante da riqueza cultural do lugar, ele deveria ser mantido.

Como simples diversão, o filme cumpre o papel. O tresloucado Biá, feito com um texto todo improvisado pelo próprio Dumont, é personagem para entrar para a história do cinema nacional, tão rico é. E a partir disso, se desenvolve uma história engraçada, mesmo que a miséria do lugar e do seu povo seja parte dos motivos da história ser narrada.

Mas o filme é mais que diversão: é um rico retrato da identidade de um povo tão contraditório, o povo brasileiro que somos: mesmo sofrendo, é capaz de inventar histórias, viver aventuras, acreditar, se proteger, se divertir, beber cachaça.

O motivo central da história, a questão das inundações de comunidades por águas de barragens é um dos mais injustos dramas sociais do país - que a região sul conhece bem, por sinal -, gerando milhares de desterrados em todo o país, que são desalojados de suas terras em nome do "progresso", que para eles geralmente significa ir engrossar os cinturões de miséria nas grandes cidades, dado que em muitos casos sequer são ressarcidos pela expropriação de suas terras e casas. Um crime que o filme descreve, de forma sutil.

Mais: a riqueza da linguagem do povo, a riqueza do sotaque, a riqueza das versões que o povo conta de sua própria história. Tudo isso está presente num dos bons filmes do ano passado. Cinema digno do país que retrata.


:: por Marcio | 17:05






Perspectiva de

Se 2006 for inteiro como foi a minha virada de ano - considerando não apenas o rito da meia-noite(que até foi meio chato, não estava exatamente onde gostaria de estar), mas o "todo" do final de semana passado em Pelotas - ele aponta como um belo ano, daqueles que são felizes, produtivos, prazeirosos, tudo isso.

Que assim seja, a todos!


:: por Marcio | 16:53