:: eu

Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco sem parentes importantes e vindo do interior...
Onde e quando nasci: há 28 anos, em Cachoeira do Sul (RS)

Moro em Porto Alegre, na Vila IAPI

Estudo: Direito na Unisinos

Passatempos úteis: cinema e literatura

Esporte: futebol e F 1

Um time: Sport Club Internacional

Também publico em Marxismo Revolucionário Atual
::registros do passado


fevereiro 2002
março 2002
abril 2002
maio 2002
junho 2002
julho 2002
agosto 2002
setembro 2002
outubro 2002
novembro 2002
dezembro 2002
janeiro 2003
fevereiro 2003
março 2003
abril 2003
maio 2003
junho 2003
julho 2003
agosto 2003
setembro 2003
outubro 2003
novembro 2003
dezembro 2003
janeiro 2004
fevereiro 2004
março 2004
abril 2004
maio 2004
junho 2004
julho 2004
agosto 2004
setembro 2004
outubro 2004
novembro 2004
dezembro 2004
janeiro 2005
fevereiro 2005
março 2005
abril 2005
maio 2005
junho 2005
julho 2005
agosto 2005
setembro 2005
outubro 2005
novembro 2005
dezembro 2005
janeiro 2006
fevereiro 2006
março 2006
abril 2006
maio 2006
junho 2006
julho 2006
agosto 2006
setembro 2006
outubro 2006
novembro 2006
dezembro 2006
janeiro 2007
fevereiro 2007
março 2007
<< current

::sites úteis(ao menos alguns)

Adão Iturrusgarai - Charges

Adoro Cinema

Agência Carta Maior

Albert Camus

Carta Capital

Cazuza

Charles Kiefer

Chico Buarque

Greenpeace

João Gilberto Noll

Jornal de Poesia

Júlio Cortazar

Machado de Assis

Marina Lima

Mix Brasil

Nando Reis

Nuances

Oficina Informa

Pasquim 21

Paulinho da Viola

Paul Simon

PSOL

Raul Ellwanger

Sebastião Salgado - Fotografias

::blogs amigos

Acontece, fazer o que?

Arcanos e arquetipos

Bandeira da Liberdade

Excertos de uma vida provisória

Farol das Artes

Feminino

Funny Shitty Life

Gente

Imprensa Marrom

Insólito

Likhati

Liriel

O Livro de Areia

Me, the DramaQueer

Mas com alguma coisa em comum

Memorial do Convento

Minhas telhas

O Mundo anda tão complicado

Museu de Grandes Novidades

Neurose tupiniquim

Sexo, doce e techno

Subvertendo

Sub Rosa

Suburbana

Tuco Reloaded

Via na Rede


quarta-feira, dezembro 28, 2005

2oo5 em balanço

Por mais que a gente não queira, é inevitável dizer alguma coisa e chegar a conclusões sobre como foi o ano que termina.

Pra mim esse ano foi necessário. Nem bom nem ruim. Necessário.

2004 foi um ano terrível, quando me caiu a ficha do quanto muita coisa estava errada no rumo que eu tava dando na minha vida. Foi quando resolvi realmente que era hora de tentar estudar e encaminhar minha vida, minhas coisas, me livrar da dependência financeira e psicológica em relação à militância partidária. Foi o ano em que voltei a morar com a família, deixando anos de liberdade de moradias sozinho ou com amigos, onde tudo se pode, onde tudo é mais fácil.

Larguei um emprego financeiramente razoável para pegar empregos de salário mínimo. É assim que preparei o ano, bem no início de 2005. Não havia chances de ser um ano rentável, em que pudesse fazer as coisas: estava claro que seria clausura, estudo, trabalho, aperto, uma certa solidão. E assim foi. Saí em boates umas quatro vezes ao longo de todo o ano. Vi muito pouco meus amigos, mesmo que pra uma ceva no fim da tarde. Li muito, suei muito na rua. Mas me sinto hoje mais consciente do meu rumo, mais dono de si. A auto-estima está mais elevada, apesar dos problemas.

Foi um ano em que tive menos contato com as pessoas, inclusive com pessoas com que tenha ficado. Não aconteceram muitas coisas. Mas as que aconteceram foram boas, enquanto duraram.

Mas serviu pra definitivamente virar adulto, saber mais de mim. Já não me iludo tanto. Ainda quero mudar o mundo, mas já não sei mais como fazer. Ainda quero viver um grande amor, mas já entendi que as coisas não acontecem muito rapidamente. E que a pressão sobre os outros não ajuda. E assim vamos vivendo melhor, mesmo que numa primeira impressão, não pareça.

O mundo à minha volta se escancarou muito. Muita gente me decepcionou, muita gente apenas se revelou na sua plenitude. Mas isso também implica em surpresas positivas. O Barão de Itararé nem sempre tem razão quando diz que ?de onde menos se espera, daí é que não sai nada?...

O fato é que falta muito ainda... pra mim e pro mundo à minha volta. Ainda seguirei por um tempo mais sem dinheiro pras coisas que gosto. Seguirei tendo de agüentar o Lula, o Serra, o Rigotto, o Bush, pior de todos. Guerras, destruição, injustiça... Mas sigo sonhando: procurando ajudar nas soluções do mundo. Acreditando no amor... seja aquele abstrato, difuso, o tal do ?amor ao próximo?, seja aquele entre dois, aquele que é tão necessário e tão complexo de encontrar quanto o anterior.

Pra você que lê, fica o desejo de um feliz 2006, com as coisas que você busca, que normalmente são essas coisas: amor, um pouco de grana, saúde!


:: por Marcio | 16:25






Referencial adotado

O grande problema de Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel Garcia Márquez está muito mais no fato de que talvez esperemos dele que lance um novo Cem Anos de Solidão ou um O Amor nos tempos do Cólera, como se isso fosse possível de se fazer, a toda hora. Esses eram os dois livros dele que já tinha lido e me encantado pela perfeição de cada frase, pela incrível viagem que proporcionam, pela identidade latina forte, ali, o tempo todo.

Memórias... é um romance curto, leitura para uma viagem de umas três horas ou umas duas noites, antes do sono. É bem escrito, como sempre. É uma história capaz de gerar polêmica, não fosse escrita por um escritor querido de todos: um homem de 90 anos resolve se presentear, no seu aniversário, com uma menina virgem. Em contato com a velha cafetina da cidade, ele consegue contratar uma noite de amor com uma menina de 14 anos. Tal fato muda sua vida, já que ele se encanta por ela, como jamais havia feito por outra mulher. A história consegue manter a velha identidade latino-americana que faz Garcia Márquez ser, afinal, uma literatura que nos diz coisas muito próximas e vai além ao tratar da relação que muitos homens "direitos" mantém com as putas, uma verdadeira instituição, ao menos nossa, latina. E também trata da pedofilia com a ousadia de algumas poucas obras. Por isso me surpreende que a imprensa geralmente tão moralista tenha sido benevolente como, aliás, deve ser sempre, com esse romance em particular.

É uma boa leitura de descanso. Mas não espere o melhor do autor, porque aí é melhor reler as duas antes citadas.


:: por Marcio | 14:15




segunda-feira, dezembro 26, 2005

Desespero agradável

Quem conhece Caio Fernando Abreu há de lembrar de um conto em que essa expressão está presente no título e em diálogos. E a dúvida: desespero agradável? Isso pode existir? Não serão as palavras totalmente contraditórias?

Outro dia me coloquei diante dessa dúvida por ver em um perfil de um amigo do orkut em que ele afirma: ?Um desespero nunca pode ser agradável?? Eu seguia com a dúvida.

Na minha noite de Natal descobri que pode, sim, um desespero ser, apesar de desespero, agradável.

Quando você chega numa festa e logo na primeira ida à pista de dança você descobre um rosto bonito de alguém que logo adiante também está a te olhar e você quer conversar com aquela pessoa, isso é, geralmente, agradável. Se o som da festa é bom, com uma maioria de músicas que estão nos teus CDs, sinal da coincidência com o gosto. Se tu está com a tua irmã, está revendo amigos, tudo isso vai compondo um grande momento, uma festa para sempre. E aquela pessoa está ali, te olhando. Você sai da pista, cruza com aquele sujeito. Ele te olha de lá, você de cá, mas nada de alguém se dirigir ao outro. A festa começa a encher, com o tempo passa a ter filas para uma simples ida ao banheiro. O lugar é apertado. E você já está cansado. São quatro da manhã. Você sai pela décima vez da sala improvisada como pista de dança, novamente cruza com a pessoa e segue sem saber se conseguirá falar com ela ou não. E aí bate o desespero. O mais desesperador está em ser tímido. E pensar que mesmo que você queira muito saber de uma pessoa, conhece-la, falar com ela, talvez beija-la, talvez você sairá daquela festa sem sequer dirigir a palavra. E talvez não vá mais vê-la. Isso desespera e faz você ficar mais um pouco, tentar de novo. Até que acontece de perder o medo e falar, quando realmente não há mais dúvida de que o outro quer, também, saber de você. Mas é, certamente, um desespero agradável.


:: por Marcio | 13:26




sexta-feira, dezembro 23, 2005



Também é repetição dizer que gosto de assistir cinema nacional. Mesmo que nosso cinema ainda não seja o melhor do mundo. Creio que fazemos um cinema bem aquém daquele que podemos, mas muito melhor do que aquilo que a média do público brasileiro julga ser.

Mais uma prova de que temos produzido bons filmes está no recente Cidade Baixa, filme dirigido por Sérgio Machado, diretor da mesma escola do diretor Karim Ainouz, de Madame Satã(que por sinal divide o roteiro desse filme com o diretor Machado). Não à toa, o filme lembra o citado Madame Satã no seu aspecto sombrio e marginal. Também me lembrou muito Amarelo Manga, pelo tipo de personagens e cenário em que se desenvolve. Mas apesar das qualidades, Cidade Baixa é um pouco inferior aos dois citados.

A história é pesada: trata da paixão arrebatadora de dois biscateiros(magistralmente interpretados por Lázaro Ramos e Wagner Moura) donos de um barco por uma prostituta(feita por Alice Braga, muito próxima em talento aos dois). A partir disso, a vida do trio irá mudar radicalmente, num drama notável, que deixa claro que os marginais também podem amar e ter dramas, coisas que o cinema e a classe mérdea talvez não perceba bem, pois tenta sempre ao máximo ignorar essas personagens, seja na vida real, seja na arte, onde os pobres sempre são felizes e bem nutridos(vide novelas da Globo).

Por isso filmes como Cidade Baixa tem um valor: mostrar na cara a vida que muitos levam, sem fazer juizo de valor, apenas expondo a realidade. Eu particularmente tenho um certo fascínio por esse tipo de história e de vida, por mais que me mantenha bastante distante, a bem da verdade. Mas é isso: Cidade Baixa está aí pra mostrar que temos bons filmes, sempre. E que há um lado da Bahia - e de qualquer outro lugar - que não aparece muito nas propagandas das agências de turismo.


:: por Marcio | 12:33




quinta-feira, dezembro 22, 2005

A impessoalidade

O mundo (pós-)moderno em que vivemos se caracteriza antes de mais nada pela impessoalidade. A inspiração pra esse post veio dessa pérola aqui, tirada do orkut:


"Erro.

Infelizmente, o orkut.com servidor agiu de forma inesperada. Esperamos que ele logo retorne ao seu estado normal quando você voltar a tentar em alguns minutos.

É provável que o servidor tenha esse comportamento durante os próximos meses. Pedimos desculpas pelo transtorno e pela falta de consideração do nosso servidor."


Como assim? Os caras criam um serviço e daí não dão conta da demanda. E o problema é "da falta de consideração do nosso servidor"? Rárárá!

Assim é também se você ligar para os famosos 0800 das empresas telefônicas, que lá estão para jamais resolver nada pra você, sempre alegando que "o sistema não permite". E nesse caso o "sistema", que é algo que não existe, a bem da verdade, é uma criação de quem o opera, está acima dos direitos do consumidor, Código Civil, a porra que for. Porque as empresas estão acima da lei, na prática. E usam a tecnologia apenas para isso.

Da mesma forma estão alguns outros serviços banais, que demoram graças à tecnologia e o seu mau uso. Quanto tempo você leva pra comprar uma lata de cerveja numa loja de conveniência de um posto? E quanto tempo leva para comprar no armazém da esquina? No posto você encara uma enorme fila, o seu produto é processado, passa no leitor ótico, faz isso, faz aquilo, muitas vezes você leva uma eternidade, mais tempo do que levará pra tomar a cerveja.

Daria pra resumir: é a tirania e a burrice andando quase juntas, nunca pensando em usar as atualidade para beneficiar a massa, apenas pra aumentar o lucro dos mesmos poucos de sempre...


:: por Marcio | 12:19




terça-feira, dezembro 20, 2005



Não cabe repetir coisas que já disse antes: considero José Saramago uma das grandes personalidades vivas do mundo porque além de ser um escritor talvez sem igual entre os vivos, é uma personagem militante, alguém que não se furta a defender os desvalidos, a dar opiniões onde muitos se omitem.
Li mais um livro dele, agora, um dos que me despertava curiosidade há algum tempo: Ensaio sobre a cegueira. A história trata de uma situação tipicamente kafkiana: numa cidade indeterminada, repetinamente, toda a população começa a cegar, sem maiores explicações para tal. Num primeiro momento o governo reage isolando os primeiros infectados, criando um regime de exceção brutal contra essa pessoas, num quartel. A partir daí começam a surgir os problemas todos, desde o autoritarismo do regime militar ao qual estão submetidos até as demonstrações mais brutais do homem sob tensão. Logo surge alguém com uma arma a roubar os demais, logo se restabelece ali, em alguma medida, as brutalidades do ?mundo lá fora?. Em meio a tudo isso uma mulher tem o privilégio(que também é um encargo) de enxergar, onde todos são cegos.
É uma história sobre a natureza humana, sobre as excepcionalidades, sobre a podridão do mundo, a irracionalidade em que, na prática, já vivemos. Saramago que recentemente disse que não era ele o pessimista, o mundo é que era péssimo.
Ler Ensaio sobre a cegueira faz apenas constatar que por mais que seja lugar-comum, dizer que Saramago é gênio é apenas fazer justiça à verdade.


:: por Marcio | 13:10




terça-feira, dezembro 13, 2005

O cara

Vi domingo mais um desses programas especiais sobre Chico Buarque que a Band tem passado, às 22h. A cada dia fico mais convencido que ele é o grande brasileiro vivo. Por mais que esses títulos sejam sempre complicados de se dar.


:: por Marcio | 16:17








A guerra do chafariz

Porto Alegre foi se notabilizando e se reivindicando como uma cidade tolerante, onde os preconceitos de toda ordem eram, no mínimo, menores que a média dos outros lugares. A cidade da democracia, a cidade sem preconceito e mais um monte títulos auto-atribuidos. Dentre essa fama, sempre esteve a questão de ser uma das cidades mais gueis do país, provavelmente. E dentre as referências do mundo guei da capital dos gaúchos, certamente esteve sempre o Centro Comercial Nova Olaria.

O Olaria é um pequeno lugar no bairro Cidade Baixa onde, a partir de um pequeno portal e uma área estruturada à volta de um chafariz, operam algumas choperias, um cinema e mais algumas lojinhas. O lugar existe desde 1995, mas a partir de 98, provavelmente, começou a ser um point a reunir gueis, especialmente nos finais da tarde de domingo. Todos muito bem vestidos, todos homens e mulheres com boa renda, capazes de, entre uma cerveja e uma salada, deixar ali bons frutos aos comerciantes.

E a cidade foi evoluindo cada vez mais. A fama do lugar e a crescente liberdade aos mais jovens de se expressarem foi consolidando ? e enchendo ? o lugar. De tal forma que agora se constantou que o Olaria ficou insuportavelmente cheio. E o principal: o público chique mudou de perfil e passou a ser majoritariamente composto por jovens classe baixa da periferia da capital que vinham se acotovelar e expressar toda a sua vontade de ser à volta do chafariz.

Com esse novo público, se instalou um conflito. As pessoas que realmente consumiam e faziam o lucro dos comerciantes passaram a se considerar mal acomodadas no lugar, especialmente os não-gueis que ali iam antes, quando não era tão cheio de jovens e pobres. E os comerciantes resolveram que não valia mais a pena ser o ponto de referência dos gueis, já que isso não lhes dava mais o lucro de outrora. Assim, é possível concluir que os comerciantes e o público em geral do Olaria não tem preconceitos contra veados, desde que esses sejam limpinhos, tenham dinheiro, ?não incomodem?.

Essa discussão não é apenas um debate teórico sobre preconceito a envolver Porto Alegre: é um problema de polícia, de confronto entre seguranças carrancudos e adolescentes de 15 anos que estão sendo corridos de dentro do Centro Comercial. Entidades que reúnem gueis tem protestados todos os domingos em frente ao local. Há muito tempo não ia lá num domingo e casualmente por lá passei no último, meio da tarde. A tensão está no ar mesmo antes de chegar o grosso do público. Mesmo que você seja um guei consumidor você se sentirá intimidado por seguranças enormes e grosseiros postados em todos os cantos do local: na entrada, na porta do cinema, na porta do banheiro, em cada lugar onde algum pequeno deslize possa ser cometido. Desagradável, no mínimo. Para bom entendedor, é possível ver claramente que a direção do local fez realmente uma opção: está abrindo mão do público anterior, prefere ficar vazio, recomeçar do zero, que manter o local como ele vinha sendo antes. Tanto que resolveu a polêmica ao seu modo, como quem pode dar as cartas: resolver restaurar o tal do chafariz, isolou a área e agora não há onde parar: ou nas mesas dos bares, consumindo, ou há apenas um corredor para chegar até as salas de cinema. Quem manda resolveu o problema ao seu modo.

Mas o que há por trás disso, além do conflito que está claro aí, nos jornais da cidade, o que de algum modo é salutar?

Duas coisas, a meu ver:

primeiro que o tratamento às minorias discriminadas na nossa sociedade pode até ser melhor, desde que essa minoria seja absorvida pelo Mercado: assim é com os gueis, assim é com os negros ou com as mulheres. Quando se trata de criar produtos dirigidos ao público endinheirado, bares ou o que quer que seja, sempre se pensa que há um público que pode gastar, que tem dinheiro. E aí se abre mão do preconceito, para lucrar com gente nova. Mas quando se é pobre, ser guei ou negro ou mulher vira uma agravante. Os comerciantes do Olaria ou a classe mérdea em geral aceita conviver com gueis desde que eles morem na Boa ou na Bela Vista, mas chuta pra longe se a bicha é de Viamão ou Alvorada.

Segunda coisa: o fato de vir gente de toda a região metropolitana para se aglomerar na volta de uma pequena fonte de água num bairro de Porto Alegre mostra o quanto a sociedade é intolerante em todos os outros lugares. Assim, em toda a Grande Porto Alegre há apenas um chafariz com três bancos à volta onde os gueis podem ir gritar, falar bobagem, caçar e tomar cerveja. Vivêssemos numa sociedade mais democrática, fosse Porto Alegre realmente a capital da diversidade, esse lugar não seria um pequeno Centro Comercial, haveria um ou mais parques que seriam ponto de referência para os veados, não apenas à noite, mas durante o dia mesmo, abertamente.

E assim seguimos, talvez resolvendo sempre a coisa da forma como o Olaria vai resolver seu problema: deixando a obra do chafariz ali, ad eternum...


:: por Marcio | 13:11




sexta-feira, dezembro 09, 2005

Dura vida

Num post anterior tinha falado sobre uma possível recepção do Lulinha ao Corinthians. Pois ele recebeu mesmo. Deu abraços no Kia Joorabchian, inclusive. Deve ser para ele um herói. Nem o presidente se importa se o dinheiro que alimenta o título do seu clube está sujo de sangue.


:: por Marcio | 16:46








Aproveitei ontem o feriado - Dia da Justiça, desses feriados que só o mundo do Direito tem - para ir ao cinema, depois de meses. E fui assistir a um filme que está quase saindo de cartaz, que durante todo esse tempo ainda não tinha conseguido ver, apesar de grande curiosidade: O Jardineiro Fiel, filme dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, com o meu ator preferido e, confesso, sonho de consumo, Ralph Fiennes e com a bela Rachel Weisz.

A história trata da investigação que o diplomata Justin Quaile passa a fazer após a morte de sua mulher, que vinha investigando e preparando a denúncia de irregularidades da atuação da indústria farmacêutica na África, com experiências que vinham levando pessoas à morte. Na sua investigação, Justin vai descobrindo tudo aquilo para o qual ele tentava tapar os olhos, num processo de descoberta assustador, envolvendo colegas de serviço, o governo da Inglaterra, todos.

O filme é impressionante. Primeiro porque tem uma grande história, que trata de questões absolutamente atuais: a crueldade de quem quer lucrar mesmo que com a morte dos outros, a realidade da corrupção, que não é um privilégio brasileiro ou latino. É também um filme moderno, que se utiliza das tecnologias da internet, dos vídeos, esse tipo de coisa, para construir cenas que o tornam um filme muto bem feito. Tem uma montagem excelente - do brasileiro Cesar Charlone -, atores magníficos, fotografia idem, é um filme pra ser visto com prazer. E uma ponta de satisfação por termos mais um brasileiro no cenário internacional do cinema, o Fernando Meirelles.


:: por Marcio | 15:22