terça-feira, maio 24, 2005
A falta da ética na vida
O país só fala em moralidade, agora... A cada dois ou três anos temos surtos de querer ajeitar o país, combater a corrupção, derrubar governos, essas coisas todas. Agora é a história dos Correios e dos deputados de Roraima(é isso?) E tem mais é que buscar isso mesmo: se o Lula não conseguiu empreender uma cruzada contra a corrupção na máquina pública, tem que ser cobrado por isso. O Olívio Dutra fez isso aqui e por isso mesmo - enfrentar a corrupção enraizada na máquina pública, especialmente nas estruturas da segurança púlibca - foi duramente combatido e derrotado na eleição seguinte. Talvez acontecesse isso com o Lula também... Mas igual, ele não pode ser, como a meu ver tem sido, conivente...
Mas será que é só no Estado que está a corrupção?
Não. A corrupção e a falta de ética mesmo, de respeito às regras básicas está firme em todas as formas em que os brasileiros se relacionam. Há sempre a tal da malandragem, do jeitinho, do levar o seu.
As pessoas - especialmente a classe média, as pessoas que querem ser instruídas - não respeitam uma fila pra pegar um ônibus, não são capazes de esperar a sua hora para embarcarem num trem, para usarem o computador num laboratório, pra entregar o livro depois do outro que chegou antes. E acham que o problema são só os políticos?
Reinado da subjetividade
Apesar de respeitar muito e defender as mulheres e os avanços - ter lido muito sobre e respeitar muito o movimento feminista - tem um negócio que eu sempre questiono, pelo grau de subjetividade que envolve: a questão do assédio sexual.
E agora a faxineira aqui do escritório reclamou com a minha chefe que se sentiu constrangida porque eu não parei de olhar pr´os peitos dela, enquanto ela trabalhava. Não é realmente um troço em que impera a subjetividade? Eu nem lembro da mulher, quem seja...
E mulher, pra mim, são poucas as que me fariam olhar "de forma constrangedora": seria a Fernandinha, com quem tive uma relação de um ano e amava, a Ana Paula Padrão, minha musa, a Nicole Kidman, acho e mais umas poucas aí...
segunda-feira, maio 23, 2005
Necessário
A literatura é dessas coisas que a gente precisa frequentar, regularmente. Ao menos um ou dois livros por mês, mesmo tendo muitas outras coisas que somos obrigados a priorizar nas leituras da gente.
Li nesse final de semana o livro Ninguém escreve ao Coronel, uma novela de Gabriel Garcia Marquez, que é um dos grandes escritores vivos do mundo, certamente. A novela retrata a rotina de um casal de velhos que espera pela chegada de uma carta em que o Coronel passará a receber a aposentadoria que o Estado lhe deve. E espera infinitamente por essa carta, que nunca chega, enquanto se distrai alimentando um galo de rinha e reflete sobre a sua condição. É genial! É tão agradável ler Garcia Marquez que resolvi tentar novamente ler Cem Anos de Solidão, sua obra mais famosa, mais premiada, que certa vez parei no meio, não sei bem porque. Vamos nós...
De fato:
ainda bem que há o futebol.
quinta-feira, maio 19, 2005
Devagar
Quase parando.
quinta-feira, maio 12, 2005
Reportagem exemplar
Ontem fiz uma viagem entre as 9h e as 0h15. Fiz PoA-Florianópolis e Florianópolis-PoA de ônibus, com apenas uma hora e meia de "estadia" na bela capital de Santa Catarina. Fui lá apenas para ingressar com uma ação na justiça daquele estado. Tarefa típica de estagiário. E assim tem que ser, não se justificaria que um advogado fizesse tal coisa. Uma pena não ficar um pouco mais de tempo, coisa de algumas horas ao menos, andando pelo centro de Floripa, que pareceu interessante, ao menos mais espaçoso que o saturado centrinho da minha capital.
Mas o principal da viagem, então, foi a própria, onde li inteiro o livro-reportagem Venezuela: a encruzilhada de Hugo Chávez, um livro escrito pelo jornalista Pablo Uchoa, que tem a minha idade, por sinal.
Várias coisas: primeiro que admiro alguém tão jovem com um trabalho tão bem feito, tão "premiável" como é esse livro; segundo que o Pablo me surpreendeu: quando peguei pra ler um livro sobre a Venezuela escrito por um jornalista da GloboNews e editado pela Globo, imaginei logo que seria um livro contra Chavéz, necessariamente: mas não, é um livro que coloca as coisas, até com certa simpatia ao movimento que ocorre no país nosso vizinho.
O que ocorre na Venezuela não é exatamente o processo ideal. Há problemas com relação à democracia, o respeito às instituições(que devem ser reformadas, mas não atingidas, simplesmente, assim é também o caso do Brasil). Não me agrada isso, é o grande problema: uma lógica militarista, que nunca termina em boa coisa: sociedade tutelada pelo Estado, uma idéia de mudanças forçadas, onde o povo não é protagonista, apenas objeto das políticas públicas.
Mas há o lado positivo das coisas: um país de povo pobre, historicamente excluído, passa a ter um governo que tenta mudar a vida das pessoas, incluindo a maioria como alvo das ações do Estado. Isso não é pouco. São mexidos com interesses e esses atingidos reagem, como sempre na história acontece. Dai a quase guerra civil que o país vive, desde que Chavés virou presidente(e ele já foi eleito duas vezes e ganhou o NO num plebiscito recente que tentou derrubá-lo. Assim, o homem é respaldado pelo povão, de fato).
O livro é riquíssimo em histórias de bastidores dos fatos recentes, além de contar o desenvolvimento histórico da política e do povo venezuelano, num texto bem escrito, com ares quase literários em alguns momentos. Muito boa leitura, pra quem gosta da área!
sexta-feira, maio 06, 2005
Acontece, fazer o que?
Como na saída do trabalho tive que deixar umas petições no Fórum, sai do meu caminho habitual dos finais de tarde e acabei assaltado, no outro lado da rua de um dos grandes shopping centers daqui. É curioso, porque eu estou estudando em Direito Penal exatamente furto e roubo. Fui roubado(subtração de patrimônio perante ameaça). É o que chamariamos de "direito achado na rua"...
São as ironias das coisas, afinal. E justo numa fase em que não poderia ser assaltado: tinha meus últimos quarenta pila do mês, mais quarenta do Escritório, que não eram meus portanto. Chato isso...
Mas eu não vou fazer como muitos fazem: alto discurso contra a violência ou "tem que matar mesmo". Sigo achando que tudo isso acontece em boa medida porque vivemos num mundo fodido, desigual. E mesmo aquele cara que me assaltou, que era um sujeito com boas roupas, boa conversa, certamente precisa tanto ou mais que eu, provavelmente mais que eu. E se está bem vestido e ainda assalta, quem sabe o seja pelo mesmo motivo que muitos jovens de classe média assaltam ou se prostituem: vivemos numa sociedade de consumo em que as pessoas são pressionadas a ter mais e mais, o último modelo de celular, o último tipo de tênis, etc.
Como não preciso provar de macho, sempre que sou assaltado - já o fui umas quatro vezes, não me meto a macho: leve o que quiser, só vai logo embora. E a vida segue... e a minha tá boa, mesmo que eu deva a cada vez mais pra minha avó.
Acontece, fazer o que?
quinta-feira, maio 05, 2005

Depois de sair e novamente voltar a cartaz pra uma sobre-temporada, finalmente me organizaei pra ver o lindo filme chileno(que bom ver filmes latinos assim, em profusão!) Machuca, de Andrés Wood.
Basicamente: um menino rico estuda em um colégio tradicional, daqueles em que as aulas são dadas em inglês, no Chile de 1973, às vésperas do golpe que derrubaria Salvador Allende. País polarizado, à beira de uma guerra civil. Os padres do colégio resolvem misturar garotos pobres das vilas ao redor do colégio juntos aos mauricinhos, criando uma clara alegoria daquilo que acontecia na rua, onde ricos e pobres brigavam aos tapas. Um dos meninos pobres, Pedro Machuca, faz amizade com o outro protagonista, Gonzalo, parecidíssimo com aquele menino que faz algumas novelas da globo, baixinho e sardento(eu não sei nome de atores mirins da Globo, certo?!)
A amizade deles se desenvolve em meio a essa pré-guerra civil e se desenvolverá até o desfecho trágico do 11 de setembro de 1973, quando o Presidente Allende e centenas de chilenos de esquerda foram fulizados em quadras de colégios, estádios de futebol, favelas e qualquer lugar onde se pudesse matar(porque lá a ditadura parece ter sido ainda mais cruel que aqui, se é que isso é passível de medição...)
É um filme lindo em sua primeira parte, chega a ter momentos de humor encantador. E belamente triste, comovedor no seu final. Um filme sobre descobertas, sobre tristezas, sobre o valor da amizade. Sobre luta de classes também, porque não(afinal, ela deixou de existir de lá pra cá?)
Independente de sua visão de mundo, Machuca, de Andrés Wood é um filme belo de se ver e onde provavelmente o espectador muda, assim como os personagens, passando por tantos choques.
segunda-feira, maio 02, 2005

Tive a oportunidade de assistir a dois filmes bons no final de semana, em vídeo. Ambos fortes, de enjoar. Verdadeiros, infelizmente.
As bruxas de Salem é um filme sobre uma história real: a inquisição nas colonias americanas, no século XVII. Para se livrar da acusação de bruxaria, a personagem de Winona Ryder, líder de um grupo de meninas, passa a acusar indiscriminadamente uma série de desafetos na vila, em especial o homem que ela ama, interpretado pelo sempre magistral Day-Lewis, um dos meus preferidos.
Curiosamente, li sobre a inquisição uns dois dias antes: as pessoas eram acusadas e condenadas baseadas em provas testemunhais, normalmente resultado de vinganças pessoais. Não havia pessoalidade nas acusações, além de tudo: os bens eram confiscados, muitas vezes as penas também eram transferidas para as famílias dos condenados. Um horror ocorrido até o século XVII, tão perto da gente para parecer tão distante. Merecia mais reflexão nas escolas, nos currículos. Pra quem não se caia tanto no papo da rigidez penal como solução para alguma coisa. Belo e triste filme.
E também na linha de filme em torno das questões penais, vem A última ceia, que trata de pena de morte, de racismo, de relação pais e filhos, tudo isso num filme cruel, pesado, mas que na verdade nos faz terminar com esperanças de que sempre é possível começar a ser uma boa pessoa. Interessante o filme, tocante. Halle Berry ganhou o Oscar pela interpretação nesse filme. Mas Billy Bob Thorton não fica por menos no papel do agente penitenciário cruel, racista e cínico que se apaixona pela negra.
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