sexta-feira, dezembro 31, 2004
Fui hoje finalmente ver os documentários "irmãos" Entreatos de João Moreira Salles e Peões de Eduardo Coutinho.
Como já demonstrei aqui em outros momentos, tou numa puta crise com o PT e com o Lula, além de outras coisas mais. Uma relação de filiação, dedicação, com quase 11 anos está por um fio. No entanto não significa que passe a negar o que representou Lula e o PT na história do Brasil, na minha história, do quanto isso tudo é bonito, do quanto representa muita coisa.
Vi exatamente na ordem em que devem ser vistos os filmes: primeiro Peões, que mostra depoimentos de militantes daquela época, anônimos, daqueles que se sacrificaram junto com Lula para fazer as greves e movimentos que mudaram a história do Brasil. É emocionante perceber ali o quanto vidas mudam junto com o andar da história, que são aquelas pessoas, tanto quanto Lula, que fizeram aquelas coisas acontecerem, deixando os filhos em casa, perdendo o emprego, essas coisas que o sacrifício faz, com quem percebe que tem um mundo na volta a ser mudado, ao preço que for...
Depois em Entreatos vem Lula. Curioso, mas se percebe que é o mesmo homem. No primeiro filme aparece muito forte o fato de que aquele líder sindical tinha uma personalidade forte, um carisma brutal, um certo autoritarismo e personalismo que o andar da carruagem comprovará. Em Entreatos se vê o quase-presidente, o homem fascinado com camisas e gravatas, o homem que gosta do poder, o homem que ascendeu socialmente, que mantém a saudade dos amigos, uma simplicidade comovedora, mas o homem que gosta de ser o que é: poderoso, classe média-alta, celebridade, "político" no sentido popular da palavra. Nesse filme, muito interessante, aparecem as técnicas de convencimento do marketing político, diálogos que revelam mais que discursos, cenas em família, papos de alcova com os próximos, como Zé Dirceu, Mercadante. Cenas instigantes, pra dizer o mínimo.
É estranho, mas em minha crise os filme disseram as mesmas coisas que eu já sabia, nada de novo.
quarta-feira, dezembro 29, 2004
Festas
Estive diversos dias afastado de Porto Alegre, visitando a família em Pelotas. Foram bons dias esses, em que estou de folga do meu quase ex-emprego.
Revi amigos que há muito não via - e pessoas queridas demais pra mim, como Andréa, Manoel, Maneca, Bibiane. Fizemos um churrasco na beira do Laranjal, em meio ao vento, essas coisas da nossa adolescência, no lugar onde dei meus primeiros beijos, tudo isso. Foi bom, com uma emoçaozinha batendo forte, algumas lágrimas saindo - o que não é raro em mim. E já dentro do ônibus pra voltar, senta a Ana Dias do meu lado, a grande Ana, uma das grandes mulheres que conheço, das grandes amigas e que vejo pouco.
Foi bom isso tudo. Agora é adaptar ao óculos novo, sempre complicado e estranho adaptar a um óculos novo, quando varia o grau pra mais. E curtir mais uns dias de paz, até a volta de toda a rotina.
Ah: Feliz 2005 pra todos nós!
quarta-feira, dezembro 22, 2004
Sorvete de café com leite...
... parece muito estranho. Eu também achei. Mas é, antes de tudo, uma delícia.
segunda-feira, dezembro 20, 2004
de como Cazuza fala aos dias atuais...
Fui numa reunião sábado, dessas grandes, em que Cazuza foi citado várias vezes. E ele fala aos dias atuais, afinal... Especialmente aos rebeldes.
a tua piscina tá cheia de ratos
tuas idéias não correspondem aos fatos
Tem sido duro encarar a realidade. E seguir em frente em meio a isso, sem ficar parado esperando que mexam o mundo por ti, significa uma série de coisas que nem todo mundo se dispõe: romper com anos de vida, com amigos, com grifes, com alguns benefícios até, que todos acabam tendo...
ideologia
eu quero uma pra viver
Mas como a luta política é dura mesmo, sempre foi, sempre será, temos de estar sempre prontos a começar tudo do zero, contando com uns poucos, corajosos... O que não é possível é abrir mão da dignidade, dos valores que sempre te guiaram e que já estão lá, na tua frente, já foram... se tu não for atrás deles, tu abriu mão, tu já não tem todas as vértebras... E de seres invertebrados se faz a má política, não a minha...
enquanto houver burguesia
não vai haver poesia
É, Cazuza fala muito à crise dos dias de hoje. A mim ele tem falado... O meu drama, no entanto, é que não são meus inimigos que estão no poder. São meus amigos... Ou os que sempre foram...
domingo, dezembro 19, 2004
Violência, má educação...
Fui hoje ao último jogo do Inter na temporada, pra fechar um ano em que retomei minha freqüência aos estádios. Tomei uma tempestade antes de chegar, de torcer as meias, camiseta, tudo... até achei que ia gripar, mas depois o tempo abriu, cheguei em casa seco e livre de qualquer resquício, fora o cansaço, a asa, essas coisas.
Mas as notas são pra má educação, pra incivilidade:
- quando estava voltando, T2 lotado, uns garotos do fundo do ônibus provocaram um cara numa das paradas de ônibus por onde passamos, com camisa do Grêmio. Resultado: o rapaz, talvez revoltando com o fiasco do seu time, o pior do ano, jogou um tijolo no ônibus: vidro quebrado, pessoas levemente machucadas, mas o pior é o pânico de ver isso acontecer, ônibus em movimento e o temor de que sempre poderia ter sido pior;
- no supermercado, quase chegando em casa, estava já entrando no caixa para largar minha compra, com a calma que cabe a um domingo e fui atropelado por um carrinho de uma senhora, cheia de compras que, talvez por isso, creia ter a preferência sobre um chinelão com camiseta de futebol, pobre... tenho tido um pouco de nojo de ter que frequentar um mercado onde frequenta a classe A, basicamente, com suas ostentações e arrogâncias típicas...
quinta-feira, dezembro 16, 2004
Não é todo dia...
... que tenho comprado CD. Mas ontem entrei numa loja das Americanas(que por sinal me remeter a compras de infância, tem um sabor qualquer de nostalgia, além do preço baixo que vez que outra me leva a olhar...) para comprar sabonetes, desodorantes e coisas em que suas promoções são interessantes e dei de cara com um balaio de CDs em promoção. Acabei parando para olhar e topei com Gol de quem? do Pato Fu, um disco que eu já tinha comprado e sido aliviado, nessas mudanças da vida - e foram muitas. R$ 9,90. Menos que isso impossível. Tinha no bolso, comprei. Que coisa prazerosa é ouvir Pato Fu! Esse disco - o segundo, ao que me consta! - tem algumas das melhores músicas do grupo, tipo "Qualquer bobagem" e "Sobre o tempo", sem contar as versão para "Ring My Bell", "Volta do Boêmio" ou "Ob-La-Di-Ob-La-Da". Muito legal...
quarta-feira, dezembro 15, 2004
Outro foco... grandes verdades...
Eu consegui terminar de ler um livro extenso, denso, cansativo, mas frutífero: Tornar possível o impossível, da Marta Harnecker, cientista política chilena radicada em cuba desde o golpe que levou Pinochet ao poder. Eu tinha comprado esse livro há exatos quatro anos, lido partes, parado, voltado ao início e só agora realmente terminei sua leitura, muito produtivamente. O livro aborda desde o funcionamento atual do capitalismo até a construção de alternativas. É um livro pré-Fórum-Social-Mundial, mas isso muda pouca coisa da verdade das palavras que ela coloca como conclusão. Servem como boa leitura para quem vê ruir o sonho de mudar o Brasil através do PT e ainda não sabe bem por onde caminhar. Mas se vê que é importante caminhar...
domingo, dezembro 12, 2004
Início do fim de ano
Ontem teve o churrasco de fim de ano do trabalho. Eu sempre gosto dessas ocasiões: ver as pessoas que você não aguenta mais do dia-a-dia de outra forma, com mais naturalidade, espontaneidade. E foi quase uma despedida, já que fica lá até final de fevereiro. Um dia bom, o de ontem.
terça-feira, dezembro 07, 2004
A boa notícia que eu gerei...
... foi ter conversado hoje com meu chefe e encaminhado minha saída do trabalho.
Minha vida começou a mudar hoje. Pra melhor.
segunda-feira, dezembro 06, 2004
Coisa doída qualquer
Não tenho condições de me entender sozinho. O certo é que estou cansado demais de não dinheiro nem sexo nem amor nem um monte de coisas importantes pra se viver feliz. Satisfação no trabalho, por incrível que pareça, é uma dessas coisas. Ainda mais quando o trabalho é absolutamente vinculado à sua militância política e essa é uma coisa na qual você apostou fichas, sacrificou coisas, fez e aconteceu por elas. Quando suas idéias não funcionam, quando você desconfia de tudo, quando tudo parece perdido, esse é o momento em que dá vontade de parar. Quando você está precisando de férias e ninguém fala contigo sobre elas, tudo isso vai te deixando quase que perto da depressão...
E eu bem que tenho tentado fugir disso: tou tentando emagrecer, tou caminhando duas ou três vezes por semana, tudo o possível pra me sentir gente, me sentir parte de alguma coisa, nem que seja do meu próprio mundo, um pouco melhor... Sábado fui conhecer uma pessoa, depois de tanto tempo sem o uso dessas coisas da Internet, chats e coisas e tal... E foi bom: um carinha gente boa, qualquer coisa de encantador no seu surpreendente charme. Mas as chances de qualquer coisa não parecem existir e eu só consigo me sentir gordo, chato, atrapalhado, estorvo, barrigudo, pedante, etc, etc...
Como fazer pra sair desse redemoinho de problemas e tristezas e...? Se tudo começaria por uma análise que não posso pagar, por roupas melhores que não posso ter, por festas que não posso ir, por uma academia que não posso fazer, por um trabalho que me pagasse mais, enquanto o que me apontam é um trabalho que me pague menos, a partir do ano que vem...
sábado, dezembro 04, 2004
O auto-presente
Aproveitei o único momento em que tenho algum trocado para já comprar o meu auto-presente de final de ano: Romances e contos reunidos de João Gilberto Noll, um volume de 700 páginas, a R$ 70. Fazia horas que eu namorava esse livro na internet e não tinha coragem de comprar. Pois o fiz e depois fui verificar, era o último exemplar! Dai sim vi o quanto tinha dado uma dentro. Muito bom. O livro já chegou e é sensacional: tem seis romances e um livro de contos dentro dele, incluindo um artigo longo sobre a obra dele e alguns contos publicados em jornais. Sensacional!
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