terça-feira, junho 29, 2004
Contradições das novas tecnologias
Não, não se trata de grandes filosofias. O título acima caberia a um livro, até, uma dissertação ousada, mas é algo bem mais simples(por ora): a Internet ajuda ou atrapalha as relações entre as pessoas?, eis a questão que me fazia hoje, num momento de reflexão, quando a bateria do celular descarregou e não pude seguir jogando Serpente, portanto.
A mais nova onda, o Orkut, por exemplo: é uma boa? Fora a questão de que quem administra aquilo tem acesso a um banco de dados sem igual no mundo - teus amigos, tuas preferências em todas as áreas, etc, etc, a questão é: ali você tem "amigos", "grupos de relação", "Fãs", tudo o que você precisa. Isso é bom? Via uma pessoa outro dia dizer que nós precisamos ter fãs na vida real, não virtuais. Certo... Mas pelo tal Orkut eu achei pessoas de quem não sabia noticias há anos, até um amigo de uma década atrás, que está morando em São Paulo, p. ex. Ou seja, o Orkut é ruim, em si? Não. O problema é se você deixar de ir a uma festa porque tem que ficar ali... Assim como os chats, por onde pessoas se conhecem, amizades se formam. É ruim? Tem gente que não produz nada no trabalho por causa deles... O problema é o uso que se faz...
Eu estou lendo uma coletânea de cartas sensacional, da correspondência entre os escritores Fernando Sabino e Clarisse Lispector, dois dos gênios da literatura brasileira do século XX, chamado de Cartas perto do coração. Ali estão eles trocando idéias sobre as coisas que estão escrevendo, ao longo de duas décadas, obras que, publicadas, marcaram gerações - o livro que mais mudou minha visão do mundo foi O encontro marcado, dele. Hoje, quem troca cartas? Pobres, quando tem dinheiro pro selo. O e-mail matou um costume de séculos, um momento de reflexão, conhecimento, relação social entre distantes - ou nem tanto. Esse é um caso de resposta clara: a Internet matou os Correios. O que fazer em relação a isso? Eu troco cartas com um amigo virtual de Belém. Mas é a única pessoa que me faz ir ao Correio, uma vez por mês. E trocamos informações, livros, folders, coisas que criam identidade que um mail não cria. Portanto, taí uma coisa que as pessoas deveriam fazer: trocar cartas.
Devemos aproveitar o que as tecnologias - nesse caso, em especial, a Internet - nos oferecem de positivo, mas não abrir mão de tradições salutares. Um dia a humanidade ainda sentirá a falta dos Correio.
segunda-feira, junho 28, 2004
A noite escura e mais eu
Lygia Fagundes Telles era mais uma autora de quem ouvia falar, recomendações, etc, mas não tinha ainda parado para ler. E é boa. Não preciso eu aprovar, ainda assim o faço. Esse livro, que é uma seleção de contos, tem dois ou três especialmente sensacionais.
Mas agora, lendo Os bandoleiros, estou descobrindo definitivamente que quando eu crescer, quero ser que nem o João Gilberto Noll. Só que eu ainda vou ter que comer muito feijão se eu quiser chegar lá.
sexta-feira, junho 25, 2004
Super Chico
Seu eu tivesse de listar dez pessoas que eu admiro, ele estaria necessariamente como uma delas. Não há nada que eu possa dizer que seja uma homenagem justa ao Chico, um dos novos sessentões da parada. Com uma das obras mais vigorosas que o Brasil já conheceu.
quinta-feira, junho 24, 2004
Corte
Estou sem luz em casa. Que raiva. O pior é você ser surpreendido com isso, tendo a certeza de que estava tudo pago, tudo certo. Sacanagem.
quarta-feira, junho 23, 2004
Marcelo Antony e Dr. Albieiri
Fumar é melhor que ver a novela.
Mais do que nunca
ando precisando sair da solidão.
Fim do jejum
Fazia horas que não tomava um trago como ontem, de cerveja. Mas foi necessário, afinal. O dia de ontem foi um inferno, daqueles em que a sequencia das coisas vai sendo toda errada. Na saída do trabalho, por volta das 20h, ainda derrubei uma planta no chão. Foi um símbolo perfeito pra um dia horroroso.
E hoje tende a ser um tumulto por aqui, com esse velório do Brizola. Desde ontem tem acampamento na Praça da Matriz...
terça-feira, junho 22, 2004
A morte do caudilho
Cheguei ontem por volta das dez e quinze da noite em casa, vindo de uma prova fortíssima de Obrigações. Liguei o rádio pra saber das últimas e fico sabendo que morreu o Leonel de Moura Brizola, um dos personagens mais interessantes dos últimos cinquenta anos no Brasil.
Hoje tenho toda uma avaliação muito crítica do trabalhismo, do próprio Briza e do que ele representou, especialmente das coisas que vinha fazendo nos últimos dez anos(quem não lembra que ele foi um dos últimos a largar o Collor de mão?)
Isso não pode fazer eu esquecer que o Brizola era um ídolo na minha casa e, por conseguinte, meu mesmo, até eu descobrir aquele que seria meu caminho: ser petista e, depois, mais socialista que petista(talvez saia do PT hora dessas, mas não creio que deixarei de ser um sujeito que persegue um outro mundo, fora do capitalismo). Foi admirando o carismático Brizola que aprendi a gostar de política. Mesmo que depois tenha conformado minhas convicções de forma diferente, devo ao Velho o gosto pela luta.
Criador de centenas de monstros como César Maia, Garotinho e Rosinha, Collares, Vieira da Cunha, dentre outras malas, o Velho era louco, mudava de rumo a cada mês, mas, reconheça-se, nunca mudou de lado: sempre acreditou que, com suas guinadas, estaria defendendo o país dos "interésses" do capital internacional.
Como disse o mestre dele, Getúlio, ao se referir a si mesmo, mas que se aplica agora ao Leonel: "deixa a vida para entrar na história".
segunda-feira, junho 21, 2004
Jogar futebol
é bom. Que pena que dá dor nas pernas.
quarta-feira, junho 16, 2004
Eu detesto lançamentos, ondas, coisas promocionais, cinema arrasa-quarteirão, livro da moda, essas coisas todas. Mesmo quando é alguma coisa que parece boa, eu ainda dou uma relutada. Assim foi a Maria Rita. Filha da Elis, bonita, voz bonita, repertório bom. O que pode dar errado com ela? Nada. Só o massacre midiático pode fazer todo mundo encher o saco. Fora isso...
Então eu demorei... Levei alguns meses até que resolvi comprar o CD dela e não me decepcionei: é uma das melhores coisas dos últimos anos, sem grandes reparos a serem feitos. Maria Rita parece que relutou em ser cantora. Mas como não seria? Ela é alguma coisa muito próxima da perfeição.
Especialmente a primeira música, A festa, mas também a versão dela para Encontros e Despedidas, ambas músicas preciosas do Milton. A última, por sinal, parece que vai ser tema da nova novela da Globo... Então, o que eu tou falando: podem acabar fazendo a massa repunar da mulher...
Demorô!
Quantas vezes tu já não tiveste aquela sensação, ao ler um autor ou descobrir um som, de que "devia ter descoberto isso antes!"
Foi mais ou menos esse sentimento que me tomou ao ler Netto perde sua alma, do Tabajara Ruas, escritor gaúcho.
Tabajara é um escritor com boa parte de sua obra dedicada a romances históricos, especialmente em torno dos temas da Revolução Farroupilha e essas guerras nossas.
O texto dele é todo muito bem escrito, bem encaixado, com palavras medidas, um belo texto, uma lição de linguagem, antes de qualquer outra coisa.
E a história do livro, em si, é excepcional: a história do General Netto, que foi um grande caudilho do século XIX, o proclamador da República Rio Grandense, dentre outras coisas mais, no seu delírio enquanto morre e alguns episódios de sua vida, especialmente na Revolução Farroupilha.
Excelente leitura pra quem de alguma forma gosta dessa nossa literatura histórico-regional.
segunda-feira, junho 14, 2004
Ele faz 60
Eu sonhei com Chico Buarque. Eu estava num lugar, um alojamento de um encontro qualquer, um acampamento de gente, amigos, militantes, essas coisas todas... Nunca tive muito saco pra dormir em ginásio, mas estava lá. E o Chico iria fazer um show naquela noite.
Acordei e fui comprar meu jornal. No sábado sempre chega a Carta Capital. Capa: Chico Buarque chega aos 60.
Tinha que jogar no 60...
sábado, junho 12, 2004
Eu sempre tive um grande preconceito
com o que poderia ser um livro do Jô Soares. Mas devo admitir que, numa busca curiosa, resolvi ler O Xangô de Baker Street e gostei pra caramba.
Foram três noites de leitura suficientes para matar as quazwe quatrocentas páginas de leitura fácil e divertida, digna de mestres do humor, como Veríssimo.
A fórmula é facil: misturas personagens reais e fictícios consagrados como ricos: Sherloke Holmes e Watson, D Pedro II, dentre outros muito bons criados por Jô. A mistura de fatos reais com criados também é sempre um ingrediente interessante, quando bem aproveitado. Show de bola!
sexta-feira, junho 11, 2004
Mais um lugar pra me ler
Junto com a amiga Sara, estou agora também no Veneno Anti Monotonia, com contribuições ainda mais esparsas que meus post aqui, mas ainda assim, pelo texto bom da Sara, pelo visual bonito, vai ser um blog bem interessante.

E eu fui ver Elefante, um excepcional filme do Gus Van Sant, numa nova abordagem para a tragédia de Columbine. Ao contrário de Michael Moore, que fez um documentário sobre a questão das armas a partir do "gancho" da tragédia, Elefante constrói um espetáculo visual, reinando o subjetivo, mas longe, muito longe de ser vazio.
O filme é inovador em sua forma de filmar - planos longos, geralmente filmando a partir das costas dos personagens em movimento. A montagem dele não é nova, mas ainda assim é sensacional, gerando uma tensão no público ainda maior.
A estrutura é: a história de diversos alunos da escola, vivendo seus dramas, dando uma idéia de mais um filme sobre adolescentes num colégio, o que seria já brilhante, por si. Os personagens são ricos, representados por bons e bonitos atores, que dão uma estética impressionante ao filme - John, o loirinho que é uma espécie de protagonista é lindíssimo. Paralelo a isso, o filme vai desenrolando o plano de morte dos dois suicídas, traçando seu perfil, procurando em alguma medida mostrar seus motivos, a facilidade que tiveram para pensar seu plano e tudo o mais.
Mesmo dando uma abordagem considerada amoral, o filme faz pensar. É um esquema inteligente: não julga por si, mas nem por isso o espectador não sai cheio de coisas a pensar. A cena em que os dois meninos, se preparando para a matança, tomam banho e acabam se beijando nus - um deles diz: "Já que a gente vai morrer hoje e nenhum de nós beijou alguém..." - abre toda uma suposição de que um dos grandes problemas deles - e de milhões de outros jovens - é a repressão, especialmente sexual.
Mas se tivesse de escolher uma cena chocante do filme, seria aquela em que os dois recebem armas que compraram pela internet, como se compra livros ou CDs. Que mundo é esse?
quinta-feira, junho 10, 2004
O outro lado da rua
Fui ver ontem, saindo da minha gripe ainda, o filme acima titulado, do diretor Marcos Bernstein. O diretor é corajoso, ao rodar uma história sobre vouierysmo - assunto batido e com um clássico perfeito que é Janela Indiscreta - e assumir a tarefa de dirigir Fernanda Montenegro e Raul Cortês.
Como história policial, o filme não funciona mesmo: muito clichê, mesmo tentando ser sério, factível. Tudo soa um pouco falso ou batido. Parece uma novela da Globo. Mas no que se refere ao drama dos dois sujeitos solitários, velhos, os dois atores e o roteiro dão conta com magnitude: é um grande filme sobre a condição do peso da idade. As cenas em que os dois vão para a cama, com o constrangimento todo, o medo, tudo o que envolve isso em qualquer idade, mas torna quase um muro em setentões, é absolutamente envolvente.
Por esse aspecto, é um grande filme.
Mais do Mestre
E eu li mais um livro de contos do Mestre, Rubem Fonseca, talvez um dos melhores: O Cobrador. O conto-título é sensacional, tendo sido provavelmente o que inspirou Patrícia Mello a escrever O Matador. O Cobrador é um surtado - e qual personagem do Rubem que não o é? - que resolve cobrar da sociedade a dívida social, que todos têm contra ele, contra os explorados em geral. Mas não é um conto sobre política, é um conto do Rubem, sobre violência, com diálogos engraçados, situações estranhas, tudo um tanto inverossímil mas real ao mesmo tempo. Foi legal mais essa leitura.
segunda-feira, junho 07, 2004

E ontem foi um dia legal: vi o Colorado ser Tri-Campeão Gaúcho, num grande jogo, que valeu a "indiada" de ir até Canoas, enfrentar a decisão na casa do adversário, a Ulbra. De virada é muito mais gostoso...
E pra mim, em especial, é a primeira vez que vejo meu time ganhar um título assim, ao vivo. Muito bom!
sábado, junho 05, 2004
Finalmente li Eça de Queiróz, mais especificamente O Primo Basílio, uma das mais famosas obras do escritor, especialmente aqui no Brasil, onde esse texto virou mini-série na Globo, quando eu ainda era criança, mas tornando o texto dos mais conhecidos dele.
O que dizer? Muito bom. Puxado, uma leitura não necessariamente atraente, mas necessária, extremamente bem escrito - por mais que por oras extensa em partes onde não precisaria, mas coisas de um outro estilo. A história da traição que a mulher casada faz ao marido com o primo de quem fora amante e o que essa "pulada de cerca" trará a ela em sofrimentos é impressionante. O cinismo do Primo, por outro lado, é algo marcante, desmistificador da figura galante, romântica que poderiamos atribuir a um século passado. Sensacional!
sexta-feira, junho 04, 2004
Comprei ontem O Silêncio que precede o esporro, d´O Rappa. E contrário ao que esperava, gostei pra caramba! Pra uma banda que fez Lado B, Lado A e Rappa Mundi, dois dos melhores discos brasileiros dos anos 90, é difícil não decepcionar os fãs. Mas o trabalho - primeiro sem o genial Marcelo Yuka - mantém os princípios da banda: letras que retraram de forma crítica o cotidiano brasileiro, músicas com experimentações, referências aos ícones da cultura brasileira - nesse disco tem regravação de Chico, tem inserções do genial - e infelizmente falecido - Wally Salomão lendo seus poemas loucos, tem Zeca Pagodinho. Tudo isso num só disco. Quem sabe não seja um dos grandes discos dos anos OO? Só ouvindo mais pra saber... Só daqui uns três anos pra dizer isso... Mas tem corrida.
quinta-feira, junho 03, 2004
Entrei
Depois de alguma dúvida, entrei no Orkut, mais uma dessas coisas curiosas que a net traz...
terça-feira, junho 01, 2004
Virada
Meu pai me fez uma proposta irrecusável. Final de ano farei grandes mudanças nessa minha vida, ver se a resolvo pra melhor. Mas é no fim do ano... estamos na metade.
A quem interessar...
Meu conto. Desde que o mandei pra publicar, já fiz algumas alterações, este conto virou um capítulo de uma história que será maior, mas ainda assim, tá lá e eu achei super legal ter meu primeiro conto num site alheio.
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