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Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco sem parentes importantes e vindo do interior...
Onde e quando nasci: há 28 anos, em Cachoeira do Sul (RS)

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Esporte: futebol e F 1

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sexta-feira, janeiro 30, 2004

Melhoras

Pois então... eu consegui chegar até hoje, com menos de dez reais, desde a semana passada. Tenho agora que acertar as contas com quem me sustentou por esses dias e aproveitar pra voltar ao cinemas, aproveitar a vida com mais qualidade, ao menos por uns dias.

Aqui em Porto Alegre vamos ter um feriadão, com a segunda feira que é o dia de Navegantes(para os católicos; para a umbanda será o dia de Iemanjá). Como grana pra viajar não tenho, vou ao menos aproveitar pra não fazer nada.


:: por Marcio | 10:16






Outro obituário

Depois do Bobbio morrer aos 94 anos, outro mestre importante do Direito morreu essa semana no Rio de Janeiro, também velhinho: Caio Mário da Silva Pereira tinha 90 anos e era uma das maiores autoridades em Direito Civil do país, com uma extensa obra, entre elas os livros que compunham a série Instituições de Direito Civil. Era, aliás, o autor que eu costumo usar para estudar, em razão de ter um texto bem completo, de grande erudição.


:: por Marcio | 10:14




quarta-feira, janeiro 28, 2004

Terminei de ler A Fúria do Corpo, de João Gilberto Noll, de quem ainda não havia lido nada e conheço pouco. E talvez tenha pego pra ler o livro mais esquisito de todos, mais "fora da casinha". Digo isso porque duvido que toda a obra dele seja enlouquecida como esse livro.

Conta a história de um casal de mendigos, enlouquecidos, prostituídos, bêbados, devassos(principalmente). A história é narrada toda numa espécie de fluxo de consciência, o que dá um bom ritmo à história, mas torna ainda mais pirado o texto. Confesso que gostei do estilo, mas a história, em si, é estranha demais pra você tirar uma conclusão. Ele exagera em algumas narrativas, tornando o texto inverossímil além da conta, perdendo um pouco, a meu ver, em qualidade.

Mas interessante, fiquei curioso em ler mais alguma coisa do cara, tipo Harmada, que está em fase de adaptação para o cinema.


:: por Marcio | 08:30




terça-feira, janeiro 27, 2004

Sobre as indicações ao Oscar

Eu sou meio suspeito pra falar de Cidade de Deus, que eu acho sensacional. As quatro indicações(diretor, roteiro adaptado, fotografia e montagem) de um filme brasileiro dão um moral muito grande ao nosso cinema, que tem feito coisas muito boas, das quais certamente Cidade de Deus é a grande obra, tecnicamente falando. Pena que não existam muitas chances do filme levar alguma. Mas já vale.

Ainda não vi 21 gramas, mas vi que o trio principal(Naomi Watts, Sean Penn* e Benicio Del Toro) está indicado, o que dá um pouco a dimensão do elenco do filme. Os dois atores são dos meus preferidos e torço muito pro Sean Penn levar também o Oscar(já levou o Globo de Ouro), não só pelo talento inegável dele, mas por ser um cara foda, de atitude, um dos artistas que tem se colocado contra o "louco" Bush, em seu país, que é meio mudo pra essas coisas. Ele colocou a cara e até chegou a ser considerado por muitos como um "anti-americano".

De resto, o Oscar não é o centro do mundo do cinema. Não merece tanto espaço como eu já acabo de dar...

* Sean Penn está indicado por "Sobre Meninos e Lobos", não por "21 Gramas"


:: por Marcio | 13:24




segunda-feira, janeiro 26, 2004



Eu não tinha conseguido ver Amarelo Manga na outra oportunidade em que passou em Porto Alegre. Agora consegui. É um filme pra lá de esquisito, que você pode odiar ou amar e o que separa isso é uma linha tênue.

O filme mostra um dia na vida de alguns suburbanos em Recife. E a partir disso desdobra situações de surto de todos os personagens, que têm sua vida profundamente alterada pelos acontecimentos desse dia.

O filme é cru nas abordagens. Faz questão de chocar, exagera nessa opção, até. Faz pensar e faz rir quase ao mesmo tempo. E o fato de mostrar a vida dos pobres é um fato que o torna um filme diferente da maioria. Poucos autores se preocupam em mostrar a vida da maioria das pessoas, os pobres. Normalmente não se faz histórias com quem mais tem histórias pra contar, afinal.

É um filme bem dirigido. O fato de ser em Recife, um centro pouco usado como cenário para filmes ou novelas, também faz a diferença, mesmo que não se detenha nunca em paisagens de cartão postal: o filme se passa num pardieiro, num abatedouro e numa favela, não na praia. Ainda assim, é outra opção interessante do diretor, não filmar no Rio ou São Paulo.

Bom... não sei dar uma opinião definitiva sobre o filme, mas recomendo que se veja... Vale a pena. É mais um filme bom de uma safra rica que o nosso cinema tem podido oferecer para nós. Se você não gostar do filme, terá podido ver ao menos mais uma atuação impecável de Matheus Nachtergale, o que não é nenhuma novidade, mas sempre vale a pena ver.


:: por Marcio | 08:32




quinta-feira, janeiro 22, 2004

Fui ontem ver, com o Rodrigo, a peça Quem faz gemer a terra, de Jerson Fontana, a partir de um texto do Charles Kiefer.

A história foi criada a partir de fatos que ocorreram em Porto Alegre, em 8 de Agosto de 1990(um dia após eu fazer 12 anos, por sinal). Na Praça da Matriz, a nossa "praça dos três poderes", houve um confronto entre a Brigada Militar e uma manifestação de sem terra que criaram um transtorno em todo o centro da cidade, fechando o comércio, bloqueando ruas, etc. Numa dessas frentes de confronto, um sem terra matou, degolado com uma foice, um soldado da Brigada.

A história, fictícia, começa a partir daí. O texto recria a história do algoz, preso(algo que, na realidade, não aconteceu), lembrando de sua infância, do que levou sua família a acampar com os sem terra, confrontos anteriores, seu casamento, seu filho e a prisão. É um texto muito bom, atual, profundamente engajado.

É uma pena que a peça tenha passado numa temporada curtíssima(hoje se encerra, na quarta exibição). Mas vale, quem puder ver. E o texto, um romance de mesmo nome, também vale a leitura.


:: por Marcio | 08:57




segunda-feira, janeiro 19, 2004

Sr. Reticências

Vocês já notaram que eu gosto de usar reticências. Só no último post foram cinco em um único parágrafo. Vícios...

...


:: por Marcio | 13:56






Bizarrolândia

Tem uma rua perto do meu apê que apelidamos de bizarrolândia, em razão de um lugar tenebroso onde junta uma pagodeira que tem o nome de Spaguetti-Lândia. Entrar ali por volta das quatro da manhã, como eu já fiz certa vez em busca de cigarro e cerveja é uma experiência gratificante: você pensa que está no meio de um filme do David Lynch. Mas o apelido acabou ficando para a rua toda, que é um conglomerado de bares que ficam "bombando" quase todos os dias, a partir das 18h. O centro de Porto Alegre é surreal, totalmente surreal.

E dai o que você faz se conhece uma pessoa interessantíssima a apenas uma quadra da bizarrolândia? Leva a sério? Estou tentado... Às vezes acontecem coisas estranhas, inesperadas. Vamos ver... O certo é que foi uma cruzada de olhares brutal... Pena que o último ônibus da pinta pra casa era logo depois... tivemos uma conversa de dez minutos, apenas... Mas legal. Bem legal...


:: por Marcio | 13:53






Experiências

Eu prometo que se chegar no final dessa semana vivo, eu conto pra vocês a melhor maneira de se viver uma semana com sete reais no bolso! Tá me parecendo bem "instigante", digamos assim.


:: por Marcio | 13:48








E a melhor coisa do final de semana aconteceu na sexta-feira: fui ver, finalmente, o documentário Meu Tempo é Hoje, de Izabel Jaguaribe, sobre o mestre Paulinho da Viola. E bom... se eu já tinha uma admiração toda especial por Paulinho, saí do filme fã do cara. Ver esse filme foi uma sensação como que de estar fazendo sexo: o filme é delicioso, tanto por Paulinho, que canta diversas vezes, inclusive, como pela excelente direção, participações marcantes, como de Marina Lima, que há anos atrás gravou Para um amor no Recife e pelas entrevistas de Zuenir Ventura, que é um excelente jornalista. O filme se encaixa todo. Sai cantando Foi um rio que passou em minha vida. Claro, saí do filme nas nuvens. É uma pena que não está mais em cartaz, creio eu. Aqui estava passando pela segunda vez, numa mostra especial, que nessa semana passará Amarelo Manga, que ainda não pude ver e volta a cartaz. Mas vale a pena pegar em DVD. Mesmo não tendo DVD player, saí do filme decidido a comprar, assim que sair. É pra ter em casa, ver uma vez por semana, quando a gente achar que a vida tá uma merda, que esse país é uma merda. Dai você vê e ouve Paulinho e desfaz essa impressão: pelo contrário, o Brasil é um celeiro de grandes artistas, geniais. E com sangue de povo. Paulinho é povo, totalmente: negro, sambista, brasileiro. Genial.


:: por Marcio | 09:06






Li dois livros nesse fimdi:

Dedos de Pianista, do Charles Kiefer. É um livro de contos, muito em torno de um tema recorrente do universo do escritor: os personagens de Pau-d´Arco, desvalidos, abandonados, pobres. Todos contos curtos, ricos, que expressam histórias interessantes, da primeira fase do Charles(o livro foi publicado em 89). É curioso, observava, que os protagonistas da maioria dos contos são ou um velho ou uma criança. Um dos contos, o que dá título ao livro, é especialmente muito bom e tenho quase certeza de que já vi um curta metragem que é adaptação da história, fiel.

E li, pela primeira vez, uma história de Nélson Rodrigues: O Casamento. Sensacional. Nada mais nada menos que isso. Nélson expressava muita coisa escondida debaixo do tapete, botava a "merda no ventilador" e era um poço de contradições: apoiava a ditadura que censurava seus livros, só deixando de apoiar quando seu filho foi preso e torturado, essas coisas que fazem parte do ser humano(ser contraditório, não ser torturador!) O texto dele é bem escrito, num ritmo forte. Falta detalhamento psicológico dos personagens, que são meio rasos, mas isso é o de menos diante das situações e diálogos que ele criava. Quero ler mais alguma coisa dele, logo!


:: por Marcio | 08:53






O final de semana, pra variar...

Li e vi filmes, além de fazer o concurso da Assembléia. Mas uma monotonia só.



Ontem vi Tolerância Zero no cinema. Apesar desse título em português ser cretino(no original é algo como "o crente"), o filme é bom. Conta a história de um judeu que vira neonazista, odioso. A história vai desenvolvendo as suas contradições(que são muito bem exploradas, como num momento em que um grupo de nazi estão destruindo símbolos numa sinagoga e ele acaba se irritando, pedindo que respeitassem os objetos), frustrações, o que o levou a tudo isso. É interessante a forma como o filme enreda as coisas, porque, ao contrário do que eu esperava, não é um filme que use muito da violência, pelo contrário. Ele centra na questão mais psicológica do protagonista, Danny Balint(interpretado pelo talentoso e bonito Ryan Gosling, que tem importante papel na qualidade do filme). É um filme de temática atual, por tratar da questão da (in)tolerância e do avanço do extremismo de direita.


:: por Marcio | 08:28




sexta-feira, janeiro 16, 2004



Minha cidade - II

Vista do Lago (que insistimos a chamar de Rio) Guaíba para o centro da cidade.

(...) Velho Rio Grande, velho Guaíba...
Sei que um dia será novo dia
Brotando em meu coração
Quem viver saberá que é possível
Quem lutar, ganhará seu quinhão(...)


Pealo de Sangue, Raul Ellwanger


:: por Marcio | 16:23









A minha cidade - I
Porto Alegre é linda, certo? Isso só não basta! Ela se moderniza sem perder as suas coisas bonitas. Não temos praia, como tem o Rio. Aqui faz um calor danado, o clima é seco. Suamos aqui como em poucos lugares no Estado. Nosso rio, que sequer é rio, mas Lago, está poluído. Somos uma cidade grande, mas não estamos entre as maiores do Brasil. Não temos o charme de já ter sido capital do Brasil, como Salvador ou o Rio. Mas o que faz Porto Alegre ser o que é, porra?!

Somos uma praça cultural como poucas no Brasil. Ciclos de cinema, filmes novos, antigos, coisas desse tipo pipocam por aqui. A cidade tem um que de... província... isso! província! que lhe faz ter identidade. Porto Alegre tem uma literatura própria e rica, uma música... O Frank Jorge, o Wander. História. Naquele entorno da Praça da Matriz aconteceram coisas... Bah, eu amo Porto Alegre! Por que? Não interessa! Não sei explicar. É irracional! É uma daquelas horas em que triunfa a irracionalidade.


Abaixo, o Paço Municipal, que foi recentemente restaurado, em foto atual e antiga.

Eu adoro fotos antigas, quero ver se coloco algumas daqui pra frente...


:: por Marcio | 15:07




quinta-feira, janeiro 15, 2004

Duas verdades

1ª - Eu antes falava mais de acontecimentos pessoais aqui;

2ª - Antes aconteciam mais coisas na minha vida que apenas ler e ver filmes e trabalhar;


:: por Marcio | 09:05








Voltei a ler uma história do Machado de Assis, depois de vários anos: Memórias Póstumas de Brás Cubas.

A literatura é dada de forma tão mecânica no segundo grau que você é obrigado a ler alguns livros e depois nunca mais quer saber de alguns autores, tipo Machado de Assis, José Alencar, dentre outros. Só alguns anos depois você vai ver o valor que têm essas obras como literatura e como documento histórico.

Machado de Assis é o maior autor do período brasil império, fundador da Academia Brasileira de Letras e várias outras coisas que o referenciam, como o fato de ser, até hoje, provavelmente, o maior escritor negro em língua portuguesa de todos os tempos.

Lendo Memórias... eu fazia algumas comparações, como por exemplo: nessa época não só se vivia um outro sistema de valores morais, mas não havia televisão ou rádio, luz elétrica, carros, avião, república, várias coisas que para nós parece que sempre existiram mas não têm mais que cinqüenta ou cem anos. É bem curioso, além de você acessar o texto de um dos grandes autores que já tivemos e que tendemos a não valorizar tanto, enquanto o mundo todo valoriza.


:: por Marcio | 08:41




terça-feira, janeiro 13, 2004



E ontem aproveitei que tava passando no cinema do lado de casa pra ver Albergue Espanhol, que já me haviam recomendado. O filme é bem legal, viu! Tipo... é um filme água-com-açucar, bem "sessão da tarde". Mas é muito bem dirigido, tem um elenco muito interessante, que o torna um filme especial, no mínimo.

A história: Xavier é um estudante francês que precisa passar um ano fazendo uma especialização em Barcelona, pra aprender espanhol e sobre a economia da Espanha. Ao chegar lá, ele vai dividir apartamento com mais uma meia dúzia de estudantes, cada um de uma nacionalidade diferente. A rotina deles, frustrações, alegrias, etc, se tornam o enredo do filme. Mesmo que você nunca tenha estudado fora(o que é meu caso), você se identifica com a rotina de dividir apartamento entre vários jovens. Me vi em vários momentos naquelas situações. Bem legal! Mesmo que você também nunca tenha dividido apartamento, ainda assim é um filme legal, divertido.

Não é nenhum marco, nada que você não terá esquecido amanhã. Mas uma diversão legal pra um final de tarde.


:: por Marcio | 08:44




segunda-feira, janeiro 12, 2004

Fala sério, César!

Um juíz federal suspendeu o fichamento de estadunidenses no Brasil. Até aí tudo bem, vai do ponto de vista de cada um. Mas dar brindes aos que chegarem a partir de agora, como o Rio de Janeiro vai fazer, dai já é forçar a mão. Êta César Maia pelego! Fala sério!


:: por Marcio | 14:42








Todo o ditado expressa uma suposta regra, nem sempre válida. Afinal, um cão pode latir e na seqüência morder, sim. Outros ditos até expressam verdades, mas toda regra tem exceção. Os bons morrem jovens? Não sei. O certo é que alguns casos servem para contrariar esse dito, notabilizado numa música do Legião Urbana.

Na intelectualidade, é comum grandes sábios morrerem já velhinhos. Escritores também. E é comum que mesmo aposentados, octagenários, ainda produzam muito, nos permitindo desfrutar de seu conhecimento durante longo período de tempo. Assim Eric Hobsbawn já passou dos oitenta, Miguel Reale também. Jorge Amado morreu com oitenta e tantos. E Norberto Bobbio faleceu na última sexta-feira, em Turim, aos 94 anos. Até pouco tempo produzindo ainda.

Nenhum estudante razoável de Direito ou de Política desconhece Bobbio, autor de uma obra extensa, qualificada e de fácil compreensão. Se definia como um "antifascista que tinha simpatias pelas idéias socialistas". Mas tinha muito de liberal. Muito de positivista, especialmente no Direito. Mas é bom de ler. É fodão mesmo, pra usar uma linguagem bem pouco acadêmica. Fará falta ao mundo. Mas dificilmente será esquecido.


:: por Marcio | 14:07








Dois filmes no final de semana:


Fanny e Alexander é o último filme do diretor sueco Ingmar Bergman, filmado em 1982. Tem três horas de duração, o que sempre torna um filme cansativo, com tendência a ser "parado". Mas esse filme tem a grandeza dos clássicos, mesmo sendo um filme relativamente novo(mais novo que eu. por exemplo, mesmo que isso diga pouco, a essa altura).

Mas enfim: morre o pai das duas crianças que dão título ao filme e a mãe resolve se casar com um reverendo podre de malvado. Há um jogo proposital feito pelo diretor do contraste entre um palacete super luxuoso, colorido, alegre, de onde as crianças são removidas para morar numa casa branca, sem vida, com grades nas janelas. Da diversão do tio peidão, elas passam a levar acoites do padrasto. Em torno disso se desenvolve o drama do filme. A cena em que Alexander é acoitado é marcante. Parece que é você que está apanhando. Muito comovente o filme, muito bem feito. O garoto que faz Alexander, um menino chamado Bertil Guve é excelente. Pena que a menina que faz Fanny seja muito apagada, não lembro se ela fala durante o filme.

Algumas opções são marcantes no filme: a visão infantil da história, que é algo que sempre acaba marcando muito mais; o realismo fantástico, que faz com que fantasmas apareçam para o fantasioso Alexander; o jogo de composição dos cenários, de que já falei. É um filme que deve ter em qualquer video locadora boa e merece ser visto não apenas uma vez, mas várias.



Ok. E eu vejo cinemão também. Qual o problema? Fui ver Seabiscuit e achei massa! O filme tem, em primeiro lugar, três protagonistas fodidos(Jeff Brigdes, que está muito parecido com o Bush), Chris Cooper(de Adaptação) e Tobey Maguire, de quem eu gosto muito(seu jeito de abobado me fascina, por algum motivo). Tem tudo pra ser - e é - um daqueles filme sobre "a grandeza e o sonho" estadunidente. Mas vai além. É um filme sobre a grandeza de realizações, da perseguição de objetivos, da superação. Os três personagens são sujeitos combalidos - um empresário que perdeu o filho e foi abandonado pela mulher, um treinador de cavalos dado como louco e um jóquei alto e cego de um olho - que conseguem, de certa forma, superar seus limites e superar os arrogantes, passando a representar em alguma medida "os de baixo", em tempos difíceis e fascinantes ao mesmo tempo - os anos 20/30. É um filme pra se ver com um lenço no bolso. Você pode acabar chorando, em algum(ou vários) momento(s). Dizem ser um dos filmes que será indicado ao Oscar. Tem pinta.


:: por Marcio | 08:29




sexta-feira, janeiro 09, 2004



Fui ver ontem esse filme, adaptação de um romance de John Grisham, com um elenco sensacional, que inclui Gene Hackmann, Jonn Cusack e Dustin Hoffman.

A história trata de uma ação que uma mulher move contra uma indústria de armas, em razão do assassinato de seu marido. Ela quer indenização do fabricante da arma. É um argumento interessante, uma discussão bastante atual, tendo em vista os tempos que a gente vive, onde temos discutido muito esses temas(todos os que lêem aqui sabem que sou um entusiasta da proibição total do porte de armas por civis).

Mas o filme não fica apenas em tratar disso. Ele se debruça fundamentalmente em discutir o sistema judiciário americano e sua vulnerabilidade, através das formas como um juri pode ser influenciado. De um lado está Gene Hackmann, que é um especialista em influenciar juris que serve à defesa da fábrica de armas. Sujeito inescrupuloso, frio, poderoso, representa o "mal" no filme com precisão, competência. Dustin Hoffman é o advogado de acusação, um cara mais idealista, mas um personagem menos interessante. E John Cusack faz um papel super interessante como um cara que se fez de tudo pra ser jurado e trabalha nos bastidores pra manipular o juri. A disputa entre essas três partes é o segredo do filme, que é muito bem enredado até o final, que é meio romântico demais, mas não tira o brilho do filme, que é um dos bons filmes em cartaz na atualidade.


:: por Marcio | 09:17






Leituras

Terminei ontem de ler dois livros que vinham me acompanhando durante a semana, simultaneamente:

O Escorpião da Sexta-feira é uma das últimas novelas do meu professor, o Charles Kiefer. É a história de um matador em série de mulheres. Até aí, teriam muitas... Mas a história é narrada em primeira pessoa, através de um longo flash back. Foge um pouco ao estilo do que tinha lido até agora dele, porque tem uma linguagem mais forte, fala de sexo de forma explícita, o que não tira do texto um tom requintado, com citações que demonstram uma boa formação literária do protagonista, um ex-seminarista. Muito boa leitura. Como eu adoro textos e filmes com referências explícitas a Porto Alegre, é mais um detalhe interessante.

Traçando Porto Alegre, do Luis Fernando Veríssimo e do Joaquim da Fonseca não faz referências explícitas a Porto Alegre, apenas. É a cidade, em cada linha e em cada traço. Esse é o quarto de uma série que os dois fizeram há uns dez anos, a respeito de algumas cidades(as outras foram Paris, Madri e Nova Iorque, além de um quinto livro sobre o Japão, publicado depois). Os textos são crônicas e contos do Veríssimo, onde a cidade aparece, mas não é exatamente textos de ode à cidade, como imaginava. Mas todos bons, como normalmente o são os textos do cara, não à toa considerado um dos melhores escritores do país. Já as ilustrações do Joaquim da Fonseca são lindas, mostram tudo o que a cidade tem de mais curioso, bonito. O livro diz muito do que é essa cidade maravilhosa, que me adotou faz quase cinco anos(não existe uma data precisa, porque a partir de março de 99 comecei a "quase morar" aqui até que em junho eu me mudei definitivamente).


:: por Marcio | 08:15




quinta-feira, janeiro 08, 2004

Pra não dizer que não falo em futebol...

(...) Se esse time olímpico do Brasil embalar mesmo, é muito bom. Vi o jogo ontem e gostei, apesar dos erros todos. Faltou o Nilmar ali na frente. De resto, tem potencial.


:: por Marcio | 09:39




quarta-feira, janeiro 07, 2004

Antes que eu me esqueça de registrar,

achei muito bom que a gente submeta os estadunidenses ao mesmo rito a que eles nos submetem na entrada em seu país de merda. É o mínimo!


:: por Marcio | 16:36








Fui ver ontem, finalmente, As Invasões Bárbaras, de Denys Arcand, um dos filmes mais badalados do momento do "circuito cult" do cinema, digamos assim.

O filme de fato é bom. Confesso que diante de tanta badalação entre os amigos, gente especializada e outros, esperava mais, algo muito genial, espetacular, mirabolante. Mas o filme é simples, comovente, inteligente, mas parece que falta alguma coisa que eu não sei o que é. Talvez tenha me faltado exatamente conhecer O Declínio do Império Americano, da qual esse filme é uma espécie de sequencia.

* Uma coisa que certamente falta no filme é verossimilhança. O hospital público que o filme retrata pode até existir, mas não no Canadá, talvez exista no interior de Bangladesh, nao em Montreal. Além disso, os personagens são caricaturais, um pouco forçados, as situações são forçadas. Isso não acaba com o filme, mas deixa ele "estranho".

Mas a história do professor universitário que está à beira da morte e faz uma espécie de balanço de tudo isso junto dos amigos é uma boa história, com diálogos inteligentes, capaz de divertir em meio ao drama todo. Envolve muito a relação dele com o filho, que também é um lance legal do filme(notem que eu tenho qualquer coisa com filmes que tratam de relações pais-filhos, um pouco a ver com os meus fantasmas).

Bom, o filme também analisa a presente situação mundial, nas entrelinhas. Os "tempos que vivemos", por assim dizer. E manda bem. Fala sobre os fracassos e a atualidade da utopia, de "mudar o mundo". Gostei, apesar de algumas dúvidas, gostei.

Aliás, comentava depois com um amigo: apesar de Hollywood, se fazem bons filmes atualmente. E muitos bons filmes.

* Post com alterações posteriores em 07/01, 14h30


:: por Marcio | 08:30




terça-feira, janeiro 06, 2004

Sono e sonhos

Ontem tinha acordado por volta das 5h pra buscar minha irmã na Rodoviária . Em razão disso tava morrendo de sono ontem, quando cheguei em casa. Eram oito horas e já estava dormindo. Tive pequenas interrupções, mas nada que me tirasse da cama até as 8h30 de hoje.

O que mais me fascina são meus sonhos. Tive um fortíssimo hoje, envolvendo a minha mulher preferida, mas sem que ela aparecesse em nenhum momento. Mas ela era o tema. Como tem sido o tema, aliás, de algumas conversas minhas. Do que eu escrevo. É curioso isso... Eu sou muito estranho. Mais que ela.


:: por Marcio | 09:17




segunda-feira, janeiro 05, 2004

Tem uma coisa sobre reveillon que eu não entendo

Por que tanto fascínio das pessoas em relação a fogos de artifício? Acho uma tremenda bobagem. Ainda os espetáculos bem organizados, tudo bem. Passa, mesmo que seja um tanto sem graça ficar com o pescoço duro olhando pra cima uns fogos estourando. Agora as pessoas que ficam soltando fogos de forma individual e amadora, tinha que ser proibido. Mata, mutila e enche o saco.


:: por Marcio | 14:23






Pouco a mais que os filmes

Passei a virada do ano no Gasômetro, mas só os minutos anteriores e posteriores. Muita gente, muito tumulto. Não tem muita graça. Reveillon perdeu a graça pra mim há um tempo, tem perdido a cada vez mais. Até uma certa tristeza me acompanhou nesses dias. A sorte é que passou um pouco agora.

Escrevi um pouco. Avancei na primeira versão que tou tentando fechar até o carnaval da minha história. Mas também trabalhei nisso menos do que gostaria. Queria ter estudado para o concurso que vou fazer, não estudei. Assim fiquei: inútil.

Li. Terminei de ler Saturno nos Trópicos, último livro do Scliar, um ensaio sobre a melancolia, no mundo e no Brasil. Excelente leitura. Conta sobre peste, febre amarela, história da medicina, história da cultura, renascimento, colonização brasileira, literatura. É um belo livro, com muita informação. Pretendo ler de novo dentro de mais um tempo com um marca texto, porque vale ser lido não como entretenimento, como fiz, mas como estudo, mesmo. A cada texto que leio desse cara eu lamento não ter prestado mais atenção na obra dele antes.

Fora esse livro, li muito jornal. Na terça ainda fui tentar ver O Senhor dos Anéis III, mas não tinha mais ingresso. Vou deixar pra daqui a um mês, talvez consiga. Além disso quero ver sozinho, nada de garotinhos maniacos gritando de emoção, vestidos como se fossem o Frodo e outras bobagens. Eu espero...


:: por Marcio | 09:05






Os filmes do feriadão

E lá vou eu contar dos filmes que vi. Mas foi o que mais rendeu dos cinco dias de bobeira total que passei. Vi três filmes que merecem nota, não tem como deixar passar, cada um por motivos diferentes:



O primeiro deles foi Adeus, Lênin, um filme alemão que tem sido muito comentado, ao menos por aqui e que merece mesmo estardalhaço, por vários motivos:
Em primeiro lugar o argumento é fantástico: um rapaz da Alemanha Oriental resolve esconder da mãe, que está saindo de um coma de quase um ano, os acontecimentos dos últimos tempos, dentre eles o principal, a queda do Muro de Berlim, com a unificação das alemanhas sob o capitalismo. Ele queria poupá-la de sobressaltos. Para isso, cria situações mirabolantes, chegando a simular um telejornal para enganar a mãe. Só que com o tempo, não apenas ela aceita a situação, como algumas pessoas(como vizinhos e colegas de trabalho) vão aceitando participar da farsa quase como uma forma de manter um mundo que gostavam.

Apesar de uma história "fantástica", o filme consegue ser convincente, especialmente por uma direção muito boa e ótimos atores. O protagonista, Daniel Bruhl, particularmente, é excelente ator. E lindo, de você terminar o filme apaixonado por ele. Espero que possa ve-lo em outros filmes em breve.

Em segundo plano(o mais central é o retrato de um amor comovente de um filho pela mãe) fica a questão histórica-política, também interessante, que é a análise sobre os acontecimentos que envolveram a unificação da Alemanha, especialmente a penúria por que passou(e ainda deve passar) o povo da RDA, em condições bem menos "competitivas" que os ocidentais/capitalistas. Vale ver mais que uma vez até...



Segundas ao Sol ganhou notoriedade há um ano quando foi indicado pela Espanha para concorrer ao Oscar, ocupando a vaga que todos esperavam que fosse de Fale com Ela, do Almodóvar. Mas Los Lunes... é bem maior que isso. Trata da história de um grupo de homens que fica desempregado quando um estaleiro é fechado, numa cidade média da Espanha. Eles passam a viver bêbados, alguns procurando emprego, outros não, com todos os dramas que envolvem uma situação como essa. Poderia ser um filme político e seria excelente. Faz pensar a respeito da situação toda que vivemos atualmente, da crueldade do neoliberalismo, etc, etc. Mas passa disso, muito. É um filme que é cortante em situações dramáticas a ponto de fazer chorar, mas consegue fazer você rir mais que a maioria das comédias sem graça em cartaz na praça. É hilariante na sua ironia que atravessa todo o filme. Eles debocham da sua própria desgraça, numa latinidade excepcional. Só um país latino faria um filme desses. O melhor de tudo é que o filme tem excelentes personagens para excelente atores, especialmente um dos maiores do momento: Javier Bardem. Só ele e seu personagem valem o filme.



Por último vi um filme de Denys Arcand, que está com todos os seus filmes na praça devido ao sucesso de Invasões Bárbaras. O filme é Amor e Restos Humanos, que trata de um grupo de trintões e vintões em busca da realização de suas fantasias, profissionais ou afetivo-sexuais. Nesse rol de personagens há um garçom-ex-ator gay, uma balzaca em dúvida do que quer do sexo, um misógino reprimido e vários outros tipos que se cruzam de forma que deixa o filme eletrizante, por vezes engraçado e bastante reflexivo(ao menos eu refleti muito sobre). Bem legal!


:: por Marcio | 08:56