domingo, março 30, 2003
Assisti agora à tarde As Horas, de Stephen Daldry. Já tinha gostado de Billy Elliot, seu filme anterior(o primeiro, creio). O filme é sensacional, profundo, tocante. Não sei dizer se por estado de espírito ou o que, mas não cheguei a ficar profundamente emocionado. Dizem que é um "filme para mulheres", mas não sei se é por isso... Mas mesmo não tendo chorado, senti muito com o filme, pensei muito... adorei, resumindo! Tem reflexões fortes, frases marcantes. Fala sobre a morte como poucos filmes já tiveram a capacidade de expor. Mr. Woolf pergunta para a mulher, Virginia, porque ela tinha que matar um dos personagens, necessariamente. Ela responde com uma frase ontológica: Porque matando um dos personagens, os outros se obrigam a valorizar a vida. Mas não só aí ele trata da morte de forma magistral, mas o tempo inteiro. Genial! Além de um bom texto, o filme tem atrizes e um ator(Ed Harris) maravilhosos, que dão ao filme uma qualidade ainda superior. Além do aspecto técnico estar igualmente primoroso(maquiagem, direção de arte, fotografia...)
sábado, março 29, 2003 
E terminei de ler O amor nos tempos do cólera, de Gabriel Garcia Marquez. Um dos muitos livros que tenho no meu acervo há anos e ainda não havia lido. Aliás, ainda não tinha lido nada completo do autor. É uma puta duma obra, sem dúvida. Fiquei encantado com a escrita profundamente descritiva, extensa, poética em cada frase. Um dos melhores livros que eu já li, sem dúvida alguma. Fala de amor, de juventude, de velhice, de morte e de relacionamentos/casamentos. É uma leitura fundamental pra quem curte literatura latina e, principalmente, leituras que fazem pensar e emocionam. Eu "arecomendio"!
Emendas Os caras levaram mais de duas décadas para "formular" um novo Código Civil. Juristas respeitados, muito bem... Só que se era pra fazer algumas emendas, bastava fazer... emendas. Não um novo código que se limita, em boa medida, a mudar o número do artigo. Só agora tou tendo contato com os dois códigos e comparando e estou impressionado com a semelhança.
"O Mundo É Um Moinho" Fui ontem ver o show de Ney Matogrosso cantando Cartola. Como era de se imaginar, o show é nota 10. Não tenho reparos. Eu confesso minha ignorância, não conhecia todas as músicas do show, conheço pouco a obra do Cartola, mas o que conheço gosto. O trabalho do Ney Matogrosso também não é exatamente meu chão. Mas quero até conhecer mais, pois admirei muito a coragem dele em fazer um show tão intimista, com uma identidade tão forte, tão pessoal. Tanto que uma parte do público não gostou. Queria ouvir O Vira. Ele cantou apenas músicas do trabalho novo dele e abriu uma exceção para Rosa de Hiroshima. Segundo vi no jornal, apenas em razão do momento de guerra que estamos vivendo. Resumindo: o show é perfeito em qualidade e a atitude dele de não fazer um show "fácil" merece aplausos. Vários artistas compõem ou interpretam alguns sucessos e nunca mais inovam, ficam só ganhando dinheiro. Com esse show Ney prova ser corajoso e inovador, mais uma vez. Estou super curioso pelo que ele promete ser seu novo projeto: gravar um disco só com músicas do Cazuza(com quem teve um relacionamento, por sinal), a maioria inéditas.
Fui ver Adaptação ontem e sei lá... Primeiro estava achando o filme muito bom. Ao final, achei que a "acelerada" que o filme dá vibrante. Depois, parando pra pensar, comecei a achar ruim, chato, pretensioso demais. E fiquei com essa impressão. As referências a Quero Ser John Malcovich são uma das peças dessa postura meio pretensiosa que o filme tem, como se fosse uma coisa profundamente genial. Tem boas interpretações, é bem produzido, mas falta alguma coisa. Ou sobra... Ou eu que sou meio burro e não entendi...
quinta-feira, março 27, 2003 Andando em coletivos É curiosa a rotina que eu estabeleci agora. Morei no centro da cidade por dois anos. Corresponde em boa medida ao período em que eu também não estava estudando. Portanto, estava acostumado com a vida mole das noites de folga e, principalmente, raras eram as situações em que precisava pegar um coletivo. Agora estou estudando duas noites e morando num bairro relativamente afastado do centro(vinte e cinco minutos, em média). Pego, no mínimo, dois ônibus/dia. Cinquenta minutos, fora o tempo de espera na parada de ônibus. E nos dias de aula, são mais uma hora e quarenta minutos entre a Unisinos e o centro. Portanto, nos dias de aula, são cerca de duas horas e trinta minutos de ônibus, ao todo. Nisso você se habitua a ver cenas curiosas, pessoas curiosas, comportamentos bizarros. Além de pessoas bonitas(eu me apaixono umas duas vezes por dia, pelo menos). Eu sempre tenho dificuldades de ler em viagens de longo curso(quando vou pra Pelotas, por exemplo), mas tenho conseguido ler freneticamente nos trajetos rotineiros e tem sido a maneira de passar melhor esse tempo, especialmente nos dias de aula. Tanto que só agora estou lendo alguns livros comprados em 1996...
quarta-feira, março 26, 2003 E eu continuo gostando de alguém sem saber até qual medida a recíproca é verdadeira... E mesmo que seja, tá tudo embolado no meio de campo. A gente a cada vez que se encontra leva uma hora pra dar um selinho... Eu achava que nunca iria encontrar alguém mais retraído que eu nesse mundo. Encontrei...
Mal sinal Porto Alegre está em um surto de conjuntivite. Um colega está com os olhos vermelhos. Eu estou gripado há dias... Hoje comecei a coçar os olhos incessantemente...
segunda-feira, março 24, 2003 E o Oscar, o que vc achou? Estava menos modorrento que eu outros anos, em razão da Guerra. O melhor de tudo foi o diretor do documentário de longa-metragem que foi vencedor, Michael Moore, que falou tudo: "Estamos cansados de ficção: um governo fictício, eleito em eleições fictícias, fraudulentas e que está nos levando a uma guerra sem sentido..." E foi por aí! Muito bem dado! Foi o ponto alto do "show". Dividiu ao meio o teatro, entre vaias e aplausos. Radicalizou!!! Eu não sou muito simpático a musicais. Mas estou curioso em ver Chicago. Parece um filme bem requintado tecnicamente, tanto que ganhou as categorias técnicas. Justiça a Senhor dos Anéis, que ganhou duas categorias também. Injustiça apenas a Gangues de NY, que não ganhou nenhum prêmio. Daniel Day Lewis merecia ganhar como ator e Scorcese merecia vencer como diretor, pela primeira vez(fez outros grandes filmes e nunca venceu). E justiça a Sir Peter O´Tolle, que ganhou um prêmio especial pelo conjunto da carreira. Elegantíssimo, como todo bom inglês. Agora, uma coisa só por último: que coisa uó a transmissão pela TV brasileira. O Rubens Ewald Filho é o fim da picada... Pedante que só ele... E mais: as traduções simultâneas ficam um pouquinho melhores que os comentários do Rubens... Uma última coisa: com Paul Simon indicado os caras premiam Eminem?! Bom, é o Oscar! Ah sim, uma última nota, a melhor de todas: Viva Pedro Almodóvar!
Meio por acaso acabei vendo ontem em vídeo o filme O Closet, que há muito me recomendavam ver. É uma das melhores comédias que vi nos últimos tempos(não gosto de comédias, na real, nunca priorizo), com cenas antológicas que fazem o mais aborrecido se divertir. Além disso é uma bela e leve reflexão sobre a questão da visão da sociedade sobre os gueis e sobre uma coisa que muitos vivem, tanto quanto a discriminação: o trato forcadamente gentil, em razão da obrigação do "agir politicamente correto". Eu que convivo no meio da esquerda vivi muitas situações parecidas com a do contador protagonista que inventa que é guei para não ser demitido(ele trabalha numa fábrica de preservativos, que não poderia sofrer acusação de demitir um guei). A partir dai muda a maneira como todos o encaram, para bem ou para mal. Só o que não acontece é alguém manter a opinião que tinha a seu respeito. Vale a pena tanto pra se divertir como para pensar essas questões de como os gueis são tratados em seu meio social.
Sexta-feira fui ver Deus é Brasileiro, de Cacá Diegues. Eu sou um entusiasta do cinema brasileiro, de muito tempo. Sou bastante tolerante, mais que a maioria, com os filmes que produzimos. Portanto, eu sou sempre meio suspeito pra falar... Mas enfim, o filme é bom. Cumpre o papel de divertir, em primeiro lugar. É muito engraçado. Tem cenas muito boas, que fazem rir(que o diga uma moça que estava na mesma sessão). Antônio Fagundes, como sempre, muito bom. Paloma Duarte como sempre muito charmosa. E, o que é principal, um moço chamado Wagner Moura, que tem sido muito elogiado e rouba a cena com seu personagem típico(até um pouco caricato) muito bem caracterizado. Adorei!
sexta-feira, março 21, 2003 Eu vou assistir um super show semana que vem: Ney Matogrosso cantando Cartola. Legal porque são dois caras marcantes da música popular brasileira e ambos ainda pouco conhecidos, mas muito admirados, por mim. Tenho certeza de que vai ser legal. Eu via ontem no jornal o anúncio e logo depois a Juliana me ligou me convidando. Nem pensei...
Merci beaucoup/Merci beaucoup/Não há de que! Comecei pra valer meu curso de francês. Já tinha ido a uma aula antes, mas agora tive uma aula com minha turma do semestre mesmo. Me chamaram atenção três coisas: i) as três colegas muito-muito-muito patricinhas; ii) o colega estilo burrinho muito bonito e iii) um apagador de quadro a pilha que nunca tinha visto... fiquei impressionado!
quinta-feira, março 20, 2003 Vamos celebrar a estupidez humana A estupidez de todas as naçoes(...) (...)Vamos festejar o horror de tudo isso Com festa, velório e caixão(...) Não cabe falar muito do óbvio quando o Bushinho começa sua guerra louca contra um povo já cansado de ser massacrado. Só cabe citar trechos de Renato Russo. E rezar, para aqueles que acreditam em Deus... E protestar, para aqueles que acreditam que "essa porra um dia vai mudar"!
quarta-feira, março 19, 2003 Terminei de ler Os Carbonários de Alfredo Sirkis. O livro é sensacional. O melhor entre estes vários livros de memórias de militantes do período da ditadura. Sirkis, hoje vereador no Rio pelo PV, tinha 18 anos quando caiu na clandestinidade. Participou de assaltos, dois sequestros e outras ações até sair do país aos vinte anos. É uma história marcante, sem dúvidas. Um belo documento pra entender um pouco do duro período da ditadura. Sirkis hoje é mais um daqueles líderes meio folclóricos do PV. Ainda assim, foi dele a grande frase da campanha eleitoral de 98, quando ele concorreu a Presidente da República: "A bomba atômica é o viagra dos energúmenos".
Gripe Lacraia Peguei um frio segunda à noite e cai de cama. Ainda estou um pouco abatido, mas não consigo ficar dois dias parado.
segunda-feira, março 17, 2003 Bah... fui acampar em Caxias do Sul. Bem legal. O único grande revés dos últimos dias é a perda de minha carteira com TODOS os meus documentos... Mas é da vida...
quinta-feira, março 13, 2003 Crowbar fala das coisas mais insuportáveis do momento na mídia. E lendo o bom texto dele me lembrei de voltar a falar mal das propagandas de cerveja. Gente, o que é aquilo? O que é a aquela propaganda da Fernanda Torres? Eu sempre respeitei a Fernanda Torres, por ser a melhor atriz brasileira com menos de 50 anos em atividade(com mais de 50 a melhor é a mãe dela, por sinal). Nada dessas meninas que a Globo cata aí nas agências de modelo chega perto do talento, da expressão que ela tem, da personalidade. Dai a figura vai fazer uma propaganda daquelas, perde toda a moral, toda a imagem meio cult que bem ou mal cultivou. Que é aquilo? "Amigas no banheiro merece uma Kaiser", "Liquidação no Shopping merece uma Kaiser"... Ca-ra-lho! É um rebaixamento da idéia de limite da mulher no mundo brutal. Então quer dizer que mulher só serve pra fofocar no banheiro e torrar o cartão do maridão no shopping? E as mulheres que ralam pra tocar a vida não valem de porra nenhuma? Que isso! Outra: os funks extrapolaram o limite do tolerável também... Tem até uma música que incita os homens a "xxxtrupar as menorrr". Cara, isso é crime! Ainda bem que eu quase não ouço rádio nem vejo TV, vivo por vezes meio à parte do mundo da cultura de massa. Acho que ainda sou um pouco feliz graças a isso... Outro dia uns amigos ficaram me tirando onda por que eu não conhecia o tal de Rouge, que eu era metido a cult! Ainda bem que eu não conheço Rouge, porra!
Há muito tempo que eu não tinha uma semana tão ruim. E eu não ficava com um mau humor tão constante...
terça-feira, março 11, 2003 Falta dinheiro, sobram emoções... Por que que a gente é assim? Só pra variar, não tenho dinheiro pra minhas contas. Só que diferente do ano passado, ainda não tenho como prever direito quando e quanto terei de dinheiro porque ainda não estou nomeado e não sei minha renda direito, ela sequer será fixa, por assim dizer. E só pra variar mais um pouquinho, volto a ter a velha situação de quando você está curtindo alguém, fica com esse alguém e começa aquela paranóia toda, de você querer ficar de novo, não saber se a pessoa quer, esses troços que são divertidos e chatos ao mesmo tempo. Eu, nessas fases, costumo variar da mais pura euforia ao mais puro mau humor em questão de pouco tempo, dependendo apenas do que acontece "do outro lado". Mas é sempre bom você saber que alguém se interessa por você, mesmo que mais ali possa não rolar mais... Amar, curtir, ficar (seja lá o que for) com outra pessoa sempre é maravilhoso, independente de qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Trocar carinhos, beijos, sentimentos, neuroses, abafar carências é sempre uma coisa que torna a gente um pouco melhor como sujeito. E o melhor de tudo, no meu caso, é que eu aprendi a problematizar menos essas coisas e a viver tudo com menos preocupação, mais relaxado. Por mais que tenha mantido a minha maior qualidade, que é ser sempre muito verdadeiro. Mesmo quando tentei, nunca consegui ser canalha...
sexta-feira, março 07, 2003 Saí surtado de uma reunião agora. Tou a cada dia menos tolerante com desperdício de tempo em determinadas discussões inócuas! Eu queria poder gritar, inclusive...
Fui ontem assistir Senhor dos Anéis - As Duas Torres, cujo livro correspondente estou nos capítulos finais. Assim como várias pessoas haviam me falado, também achei o segundo episódio melhor que o primeiro. Como sempre, aquela coisa de ser uma megaprodução, com efeitos especiais fenomenais. Deve levar os Oscar da área técnica todos, pelo jeito. Merece.
quinta-feira, março 06, 2003  
Tive um pequeno surto consumista agora à tarde que resultou na compra de dois CD´s. Um deles é Antônio Brasileiro, último CD do Tom Jobim, que é excelente. Comprei por apenas R$ 11 num balaiao. O outro, um pouco mais caro, é a trilha sonora do filme Cidade de Deus, que é muito boa, especialmente pela presença do genial Cartola.
Além de chegar ontem de viagem pela manhã, descansar mais um pouco e ver aquela roubalheira da apuração do carnaval do RJ, aproveitei pra rever alguns amigos que eu já tava com saudade, que nem Ju/Caio, Gustavo/Gustavo e Marcelo. Queria conseguir conviver mais com essas pessoas e outras que não consigo ver quase nunca...
Meu carnaval foi absolutamente maravilhoso! Bom pra caralho! Redescobri os Os Caminhos da Terra: caminhei entre trilhas no meio do mato, andei na lama, tomei banho de rio, respirei ar puro. E meu carnaval serviu também pra mim continuar desconstruindo conceitos que eu tinha como sólidos na minha cabeça, especialmente sobre (minha) sexualidade...
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