segunda-feira, dezembro 30, 2002
Hoje me despeço do prédio em que trabalho desde setembro de 99. E do governo(que tá terminando) que trabalho desde julho de 99. E da sala em que trabalho desde março de 2000. Não vou me estender em choros ou coisas do tipo. Mas com todos os contras que possa ter o lugar e o trabalho, eu tou deprê pra caralho com a situação toda.
Ah, agora pra mim inserir alguma coisa aqui vai ser mais difícil, já que tou sem computador em casa também.
Não fui ao cinema desde sexta à tarde. Milagre! Mas assisti três filmes em vídeo.
Uma Mente Brilhante, que é o último ganhador do Oscar, ainda não havia visto e achei bom, mesmo que seja um filme que omite coisas importantes da história do personagem, que é real. As duas coisas omitidas seriam que ele teria histórias de relações homossexuais e participação em movimentos anti-semitas. Curiosamente, quando essa discussão foi levantada, o sujeito admitiu, no ano passado, que tinha sido anti-semita, mas não homossexual. Apesar de distorcer a história do seu personagem na adaptação, o filme é bem dirigido, bem escrito e Russel Crowe tá muito bem na pele do matemático protagonista.
Revi o esquisito Cidade dos Sonhos, do David Linch. No cinema eu não havia entendido suficientemente. Agora consegui perceber melhor a loucura toda do filme. Mas ainda assim, não sei se dá pra falar que o filme é bom.
E assisti o filme que deu a Denzel Washington o Oscar do último ano como melhor ator, Dia de Treinamento. É um retrato interessante sobre a questão da corrupção policial, que é um problema endêmico nas polícias em todo o mundo. A história começa quando o bonitinho Ethan Hawke é escalado para trabalhar como parceiro com o persogem de Denzel durante um dia, no combate ao tráfico de drogas. A partir dai ele vai se confrontando com sua convicção de policial idealista, a partir das "lições" do seu parceiro, até se envolver rapidamente em suas tramas. O único problema é que sua meia hora final descamba pro grande problema de muitos filmes de ação bagaceiros, com os protagonistas pulando em telhados de edifício e coisas do tipo que costumam tirar um filme do campo "policial" para o de "ação" e, por conseguinte, dos filmes qualificados para os que podem ser apenas medianos. Se o filme se mantivesse em sua linha "psicológica" até o final seria um grande filme. Não é, mas ainda assim merece ser visto.
Eu não aguento calor. O que está fazendo em Porto Alegre, com 35º na média é desumano.
sexta-feira, dezembro 27, 2002
Ontem de tarde eu vi aquela que é considerada a melhor comédia da história do cinema. E Quanto Mais Quente, Melhor justifica o título, por que é um filme excelente. Conta com três feras à frente do elenco, que são Tony Curtis, Jack Lemmon e a linda Marilyn Monroe. O filme trata da história de dois músicos que se travestem para escaparem da perseguição da máfia, já que testemunharam uma chacina. Se infiltram numa banda apenas com mulheres e a partir daí acontece tudo que é situação possível. O filme é estremamente divertido, inteligente. É dirigido por Billy Wilder.
Eu fico feliz que tenham cinemas que passem clássicos, como a Casa de Cultura Mário Quintana faz. E fico ainda mais feliz em ver numa quinta de tarde cerca de cinquenta pessoas para ver um filme de 1959. Em tempos em que ser moderno infelizmente é ouvir Kelly Key, é bom que os clássicos tenham espaço e público. Assim ao menos a gente pode confrontar coisas de qualidade com o "moderno".
E eu também vi ontem, em vídeo, o bom Bicho de Sete Cabeças, filme nacional estrelado pelo Rodrigo Santoro, Othon Bastos e Cássia Kiss. O filme merece ser visto, mesmo que seja pesado pra cacete. É uma bela denúncia acerca do que acontece no sistema manicomial brasileiro, que empilha pessoas e não aposta na sua "cura", mas justamente em piorar ainda mais as pessoas, com maus tratos e drogas. A história é ainda mais pesada ao mostrar a falta de preparo dos pais pra tratar das questões da drogadição, já que colocar no manicômio um jovem porque fuma maconha é de uma falta de noção total. O pior é você saber que é uma história real.
quinta-feira, dezembro 26, 2002
Assisti a dois filmes nesse "feriadão": Chegadas e Partidas e O Filho da Noiva.
O primeiro vi no sábado. Dirigido por Lasse Hallström, o mesmo de "Chocolate", é um filme sensível, sobre um homem um tanto abobalhado(Kevin Spacey, sempre muito bom) que, diante a morte trágica da fogosa mulher, aceita se mudar com a filha pequena para uma distante aldeia no Canadá(belíssimo cenário), onde sua família tem uma história trágica, que logo irá cruzar com sua vida novamente. É um filme sobre o valor da família, sobre mudanças, sobre repensar a vida pra melhor.
Das mesmas coisas, mesmo que de modo diferente, trata O Filho da Noiva, um filme argentino que é ainda melhor que Chegadas... O filme trata da história de um empresário às voltas com a administração do restaurante da família, da doença da mãe, que sofre de Alzheimer, dos devaneios românticos do pai, que quer casar com sua mãe, depois de 44 anos, além de administrar os conflitos com sua ex-mulher e com a atual namorada, que lhe exige mais do que ele acha que deve dar. Assim, o filme vai se desenvolvendo e fica muito bom. Tem diálogos inteligentes e nunca foge de ser engraçado, graças a um bom roteiro e bons atores. Tem momentos hilários, como quando ele está conversando com a ex-mulher sobre seu projeto de ir para o México e diz que quer levar a filha, para estudar lá. A ex-mulher sai com a pergunta: "Tá, e quem vai dar aula pra ela lá? O professor Girafales?" Nesse momento as risadas(inclusive a minha) eram estridentes no cinema. É um filme que merece destaque entre os que estão em cartaz aqui em Porto Alegre. É um dos melhores filmes que vi na temporada.
Sexta passada resolvi sair na noite, depois de alguns meses sem ir pra uma boate. Fio ao Ocidente. Tenteio achar vários amigos e combinar, mas não deu pra sair com ninguém. Fui sozinho mesmo, como fazia há três anos, quando comecei a sair. E não deixa de ser divertido. Você fica observando os grupos e as pessoas, na sua. Eu só ando numa onda meio negativa que ninguém me olha com muita atenção, mas enfim...
Amanhã tem mais...
Passei dias longe da net. Fui pra Pelotas visitar meus pais e passar o Natal com eles.
Aliás, é sempre curioso esse lance de Natal, porque é uma data cristã na última, mas todo mundo acaba se rendendo a esses ritos, mesmo que não seja, por obrigação. Eu não sou cristão e minha família apenas é, mas não pratica. No entanto o calendário impõe essa coisa do Natal de forma compulsória pras famílias. E dai lá vou eu... presentes, muita comida, etc, etc...
Já o reveillon eu curto, porque o calendário, por mais que seja cristão, não tem como fugir dele, de toda forma. Pra mim tem ainda algum significado.
Aliás, esse ano foi bom pra mim. Teve coisas mais negativas, mas em geral ele foi positivo, como acho que acabou sendo pra muita gente. Sei lá, acho que todo mundo entra com um pouco mais de otimismo no próximo ano, assim me parece. Desde já, desejo FELIZ 2003 pra todos.
sexta-feira, dezembro 20, 2002
Depois que você já viu todos os filmes prioritários que estão passando na Praça, você começa a ver aqueles que não são prioridade. Já me decepcionei com o outro aquele da Nicole Kidman. Fui ver agora Houve uma vez dois verões, de Jorge Furtado.
Várias pessoas tinham me desaconselhado. Por isso demorei um pouco... O filme se passa entre Porto Alegre e as praias gaúchas. É um filme com um elenco que dialoga com o sofrível. E a história é boba. Mas não deixa de ser, ao menos, divertido. Uma história sobre adolescentes, sobre o processo de descoberta, essas coisas.
O mais legal é a coisa de você ver os cenários que você já viveu, como a "maior praia do mundo", a praia do Cassino, que o próprio filme diz que é também "a pior praia do mundo". A cena em que o protagonista viaja de ônibus(um latão ambulante) pela estrada da beira do mar também já vivenciei. É legal. Me diverti vendo. Mas não recomendo a quem não seja gaúcho ou goste do gauchismo mais explícito.
E ontem eu terminei de ler As duas faces da glória, de Willian Waack. O livro é uma reportagem que mostra um outro aspecto da campanha brasileira na 2ª Guerra, que é a opinião do exército estadunidense(aliado ao Brasil) e do exército alemão(adversário do Brasil).
É uma reportagem interessante. Eu nunca li nada muito aprofundado sobre a campanha da FEB, mas existe a diferença entre a versão de que foi tudo uma grande glória e que a participação brasileira decidiu a guerra e outra que despreza totalmente a participação da FEB, dá a entender que os brasileiros não passavam de "bucha de canhão" estadunidense. Waack dialoga mais com a segunda hipótese, ao mostrar que o Brasil enfrentou tropas alemães totalmente desmotivadas, diante de uma derrota iminente de seu país na frente russa. E que os alemães da frente italiana estavam longe da imagem de ferozes nazistas, com tropas de uma média de idade beirando os quarenta anos.
Já sob o ponto de vista dos E.U.A., muitas críticas ao despreparo e à indisciplina dos brasileiros, a começar pelos generais, em avaliações destrutivas sobre a postura brasileira. O que fica claro é que a presença do Brasil na Guerra foi importante muito mais para estreitas as relações políticas entre os dois países e para uma boa jogada de marketing de Getúlio Vargas, que foi o maior marqueteiro da história do país, até no ato do seu suicídio. Getúlio, por mais que não goste dele, foi o homem do século passado no Brasil, sem dúvida. Cada movimento político dele era pensado de forma minuciosa e poucos foram errados ao longo da sua vida. Digo que a morte foi uma jogada porque ele estava prestes a ser deposto, estava sendo desmoralizado e seu campo político poderia perder a presidência na eleição seguinte. Com o suicídio, enfureceu seus partidários e sensibilizou o povo, adiando em 10 anos a tomada do poder pela direita, que só aconteceria com o golpe militar em 64. Golpe militar esse, por sinal, protagonizado por alguns veteranos da campanha da 2ª Guerra, não por acaso, mas pelo fato de que, depois da participação "conjunta" na campanha na frente italiana, o exército estadunidense passaria a dar muitas instruções ao brasileiro. A principal delas durante a preparação do Golpe de 64 e na manutenção do regime.
quinta-feira, dezembro 19, 2002
Dia detestável!
Primeiro, você chega em casa e sua prima já está começando a receber as amigas para uma espécie de rave psicológica, pelo que entendi, já que se reunem um monte de meninas, conversam muito, vêem filmes, bebem, recebem os amigos por um tempo, mandam eles embora e continuam se analisando. Sério! Uma coisa impressionante!
Dai você tem que sair de casa. Está chovendo, mas você sai igual. Chove fraco. Você pega emprestado um guarda-chuva daqueles que não te guarda da chuva e, o que é pior, tem flores estampadas e todas as cores que poderia ter. Assim, você se molha e ainda paga o maior mico por onde andar. Quando você entra no ônibus, a chuva é fraca. Quando você desce, é uma tempestade. Você molha e suja seu tênis novo, recém comprado.
E o pior de tudo: vai assistir a um filme antes de uma pequena confraternização do teu deputado eleito. Dai o filme que você vai assistir se chama A Isca Perfeita e é um tremendo abacaxi. E quem lê esse blog sabe que eu sou tolerante com filmes, eu assisto muitos e gosto de todos. Mas esse filme, com Ben Chaplin e Nicole Kidman(que eu nunca gostei e agora detesto) não há cristão(nem ateu) que tolere. Se algum amigo seu disser pra você ir assistir esse filme, risque da lista dos amigos, o sujeito ou tá louco ou tá te tirando pra troxa! O John, personagem central, encomenda uma noiva russa pela internet(???). Ela chega e se desenvolve o início da "relação" deles. Ela não sabe falar inglês. Depois ainda traz duas visitas. Um lance muito louco. Dai vai, vai, até que se descobre que ela é uma falcatrua. Tem uma altura do filme em que ele pergunta pra ela: "Você deve estar achando que eu sou um grande otário, não é?"
Eu sai do cinema a fim de perguntar isso pra o senhor Jez Butterworth, diretor desse troço! Afinal... eu ali, ensopado, numa quinta-feira de tarde, merecia coisa melhor...
Contrariando uma tendência dos últimos tempos, eu não assisti nenhum filme de ontem pra hoje... Em compensação, comprei mais alguns CD´s.
Numa promoção comprei em loja Falso Brilhante de Elis Regina, Perfil de Chico Buarque e Marginal de Cássia Eller. No Submarino comprei mais três: Dez de dezembro de Cássia Eller, Cantada de Adriana Calcanhoto e a Trilha Sonora do filme Threesome, que é maravilhosa.
Esse filme, por sinal, por mais que seja despretensioso, foi muito marcante pra mim. Vi ele num tempo em que ainda me perturbava muito com minha sexualidade. E poucas vezes vi um filme ser tão descolado, tão leve, tão "pra cima" na questão da sexualidade como esse, que trata de um triângulo amoroso super curioso, em que três universitários acabam se apaixonando um pelo outro: a menina é apaixonada por um cara que é apaixonado pelo outro cara que é apaixonado pela menina. Eu vi esse filme umas duas ou três vezes e curto pra caramba. Ele trata da questão com naturalidade. Ali você percebe o quanto você pode ser bicha, bi, hetero ou o que for sem stress com nada. O quanto a própria barreira do rótulo não existe. O rótulo é algo que os gueis incorporaram da sociedade e reproduzem, tendo sempre a necessidade de "serem" alguma coisa. Eu já tive um pouco isso. Hoje eu já não tenho mais certeza nenhuma ao me afirmar em relação à minha sexualidade, não por medo, não por dúvida, mas porque a gente não deve ter mesmo certeza. O bom é você ser um ser sexual, mais que homo ou hetero ou bissexual.
E esse filme tem uma trilha sonora que coleta diversos sons interessantes. Sempre quis comprar e nunca achei esse CD, a não ser agora, pela net.
quarta-feira, dezembro 18, 2002
Eu tinha dito antes que tava fascinado pelo trabalho da Fernanda Porto. Pois ontem eu resolvi aproveitar uma promoção nas Lojas Americanas e comprei o CD dela por R$ 16. Vale a pena. É um trabalho muito parelho, daqueles CDs que você ouve inteiro, sem querer pular nenhuma música. E tem algumas faixas especialmente interessantes. Apenas Só Tinha que Ser com Você é do Tom Jobim e as demais são todas composições dela. De Costas Pro Mundo, que abre o disco, é a melhor faixa.
Bah... ontem não vim trabalhar. Um dia sem "blogar" e sem olhar e-mail... que ânsia!
...
Ontem de tarde eu vi um filme muito louco pelo Canal Brasil: A Falecida, com Fernanda Montenegro, baseado numa história do sempre louco Nélson Rodrigues. O filme é de 1965 e Fernanda parece mais com a filha Fernanda Torres. Aliás, eu até hoje só tinha visto Fernanda Montenegro fazendo papel de velha... Bem curioso.
...
E segunda eu vi mesmo Cidade de Deus pela segunda vez. Trata-se de uma grande obra, sem sombra de dúvida. É um filme estupendo! Ver um filme pela segunda vez sempre tem coisas interessantes a serem descobertas. O mais incrível é que gostei ainda mais desse filme vendo pela segunda vez. Se percebe o quanto ele é bom em cada detalhe, desde a sua crua violência até momentos de poesia e musicalidade.
segunda-feira, dezembro 16, 2002
A quem interessar possa(duvido), eu tou indo cortar o cabelo e ver novamente o marcante Cidade de Deus.
"Dadinho é o caralho
Meu nome agora é Zé Pequeno, pooorra!!!"
E eu tou fascinado por Fernanda Porto, cantora que mistura MPB/bossa nova com "drameinbêiss" e cuja versão pra Tom Jobim, Só Tinha Que Ser Com Você tá tocando direto. Achei original o negócio, ela pegou um esquema bem pouco explorado, que é a batida eletrônica com letras em português. É até bem corajoso, porque o público de música eletrônica não é muito receptivo à língua pátria. É um trabalho bem original, ousado e de talento, inclusive...
Uma raiva "meio caetano"
Tudo bem que até agora o ministério do Lula tá mesmo uma merda(eu gostei da indicação da Marina Silva, que ao menos é um símbolo bonito de luta, como o próprio Lula), mas precisava chamar o Gilberto Gil pra Ministro da Cultura?
Puxa, tem muitas pessoas da área cultural que estão desde 89 fazendo campanha pro Lula e construíndo o PT. Gil foi, junto com o Caetano, daqueles artistas que em 94 pularam pro galho tucano, em busca de poder, de proteção e patrocínios. Desfrutaram do tempo todo que podiam do Fernando Henrique e seu governo de merda e só entraram na campanha do Lula quando viram que era a vez dele. Aliás, o Caê nem entrou. Perguntado em junho sobre as eleições ele disse que achava o Lula e o Ciro legal, mas o Serra e o Garotinho também eram interessantes... Dai agora, ao invés de chamar alguém sério pra ser ministro da cultura, pinta o convite pra Gil assumir a parada.
Pior seria só se chamasse o Caetano. Ou não!
O ator-diretor Sean Penn foi conhecer o Iraque e lidera um movimento de artistas e intelectuais que buscam discutir os motivos da guerra que o louco Bush prepara contra o Iraque. Diz que se suas mãos ficarem sujas de sangue, ele quer saber ao menos o porquê. Sean Penn é uma personalidade de outro nível em meio à média "hollywodianna"(seria assim mesmo que se escreve?). Um ato como esse, de visitar o Iraque em meio ao clima de tensão instalado e dar declarações pela paz é corajoso, num país em que você não achar normal e correto jogar bombas contra pobres é ser anti-patriota.
Diz que seria importante que os dois países cedessem na sua política para evitar um confronto que pode ser uma ameaça a milhares de vítimas(civis e militares). Diz que está fazendo isso "pelas gerações futuras".
São coisas assim que fazem você ser um Sean Penn e não uma Gisele Bundchën, não adianta...
Vi ontem a final do Brasileiro e fiquei muito feliz com a vitória do Santos. Por ser um time de história ligada ao bom futebol, o Santos merecia sair da condição de time mediano, derrotado, que acumulava nos últimos 18 anos, desde a última vitória de um título expressivo. Além do que, eu sempre detestei o Corinthians, vou sempre "secar" o Corinthians, seja contra quem estiver jogando. Então...
Parabéns aos santistas. Será o meu time na Libertadores!
Mesmo que tenha aparecido uma reclamação de que só falo de filmes atualmente, vou falar dos que assisti no final de semana:
Domingo Sangrento(Blody Sunday) narra do mesmo episódio que U2 já tinha tratado em sua música homônima, sobre o confronto do exército britânico com uma marcha que pretendia ser pacífica de manifestantes católicos, pró-direitos civis. O filme tem um tom de documentário e é tão bem montado e tão bem dirigido por Paul Greengrass que dá a nítida impressão de que você está vendo as cenas como ocorreram. Quem se interessa por política e história deve ver o filme.
Eu queria ver há muito tempo A Caminho de Kandahar, um filme que trata da história de uma afegã refugiada no Canadá que volta ao seu país em busca da irmã. Mostra um pouco as condições do país, devastado pelas sucessivas guerras e pelo regime de extremismo religioso do Talibã. O filme é estranho, termina sem que você consiga entender o porquê. Precisaria de pelo menos trinta minutos a mais, dai talvez se tornasse um bom filme. Mas é interessante sob este aspecto de tratar de um tema contemporâneo. Vale por você imaginar de que adianta jogar bombas sobre um povo já tão massacrado...
E vi também o último entre os filmes mais notáveis de Hitchcock que eu não havia visto ainda, por não ser muito fácil de encontrar em locadoras. Psicose é muito bom, mesmo que tenha algumas cenas meio "toscas". A atuação de Antony Perkins é algo de estupendo, como Norman Bates. E o filme tem a clássica cena em que a mulher é atacada a facadas no chuveiro, uma das sequencias mais famosas da história do cinema.
E por último vi um nacional chamado Veja Esta Canção, de Cacá Diegues, em que ele transformou em histórias músicas de quatro compositores brasileiros, sendo Chico Buarque, Caetano, Gil e Benjor. Uma das histórias, Você é Linda, vale o filme. As outras não conseguem dizer a que vieram, a meu ver.
sexta-feira, dezembro 13, 2002
Todo mundo sabe que eu sou preconceituoso com o cinema feito nos EUA. Mas ontem fui ver Vida que Segue e gostei. O filme não é a melhor coisa do mundo, é uma filme mediano, singelo, mas toca a quem o vê, comove.
Jake Gyllenhaal faz o papel de um cara que mora com a noiva e está por casar com ela dentro de mais uns dias. Mora com ela e seus pais. Até que ela é assassinada dentro de um bar e a partir daí começa a história. Como Joe vai tocar a vida e como ele se relaciona com os pais da namorada, já que ele continua, até por falta de perspectiva melhor, morando e trabalhando com os pais(Dustin Hoffman e Susan Sarandon). A partir daí se desenvolve uma história "água-com-açucar" bem legalzinha, bem ao estilo seriado americano de onde o ator principal é egresso. Ele conhece uma menina e começa a ter um caso com ela. A partir daí, tem que administrar a relação com os "sogros".
O filme tem partes meio estranhas, como quando tenta fazer brincadeiras e dar um tom de comédia no próprio enterro da menina, o que achei particularmente estranho. Mas o filme se torna comovente em seu transcorrer e termina sendo muito bom, com um final que ensina sobre a vida, sobre as relações, trabalha muito bem a coisa da perda de pessoas próximas e como se toca a vida depois disso. Terminei achando muito legal. Ele só não é melhor que o trailer, que foi o que me fez vê-lo.
Ah, o protagonista é muito bonito!
Outra coisa: eu preciso de alguma forma resolver um problema que eu tenho de sempre sentir vontade de ir ao banheiro com pouco mais de quinze minutos de filme e passar o resto do tempo mal, meio desconcentrado, louco que o filme termine. Isso é um saco! Literalmente...
quinta-feira, dezembro 12, 2002
A TV a Cabo tem valido a pena. Ontem assisti um belíssimo filme, chamado Adeus, Meninos, do conceituado diretor francês Loius Malle. O filme se passa no período da ocupação francesa pelos alemães durante a 2ª Guerra(um trauma histórico forte dos franceses, com razão), no ambiente dum colégio interno. Conta a história de Julien Quentin e sua turma. Julien é uma espécie de alter ego do diretor, contando através do filme um pouco da sua própria história e uma forte amizade que vai surgindo com um garoto judeu. O ambiente de tensão que vai se desenvolvendo com o avançar da história dá uma demonstração sutil dos horrores da guerra. Não há sangue, mas há perda, tristeza. É um belo filme, dos bons que já vi. Creio que é um filme que se acha em locadoras.
Não há como não fazer uma reflexão também sobre os horrores da situação Israel-Palestina, que transcorre hoje, onde os judeus, outrora massacrados pelo nazismo, acabam sendo hoje os opressores.
quarta-feira, dezembro 11, 2002
Eu terminei de ler no final de semana um bom livro. Fazia tempos que eu não completava uma leitura. Trata-se de Tambores Silenciosos, de Josué Guimarães.
Josué é um autor gaúcho falecido na década de 80 que tinha o mesmo estilo de literatura do Érico Veríssimo, maior entre os escritores gaúchos. Josué era jornalista e tem bons romances sempre caracterizados por fundir momentos históricos verídicos e marcantes com personagens e situações fictícias.
O livro narra a história de uma cidade do interior, Lagoa Branca, em que o prefeito decide, na década de 30, proibir a circulação de jornais na cidade, cortando também todos os demais canais de comunicação da cidade com o resto do mundo. O objetivo era garantir a felicidade das pessoas, evitando o contato delas com noticias que não interessavam, eram tristes. A ditadura do prefeito vai, dia a dia, se ampliando. A correspondência é cortada, meninos flagrados ouvindo rádio são presos. Presos são mortos e assim a ditadura do prefeito vai se ampliando. É uma interessante reflexão sobre o funcionamento das ditaduras. Está presente na história ainda o movimento integralista brasileiro, que foi a expressão no Brasil do nazi-fascismo, através da liderança de Plínio Salgado. Uma bela leitura!
Agora comecei a ler um livro do Willian Wack(o substituto da Ana Paula no Jornal da Globo) sobre a participação dos brasileiros na 2ª Guerra Mundial.
Alento?
Fui ver o filme Alento ontem de tarde. Pelas resenhas que tinha lido, eu entendia que ia rolas descobertas sexuais por parte do protagonista, coisas do tipo. Mas que nada, o filme decepciona até nisso.
A única coisa que achei curiosa é que David, o protagonista, mora com o tio na zona rural francesa. Na rotina que o filme ilustra, identifiquei um pouco os tempos em que eu ia muito pra fazenda da minha avó e passava dias ultra-entediantes vendo animais sendo mortos ou, o que a gente fazia muito, que era correr atrás de galinhas, chutar cachorros ou coisas do tipo. Essa consciência que a gente tem na cidade de preservar os animais de maus-tratos não dialoga muito com a realidade rural.
Mas voltando ao filme... Ele se passa todo em P&B. Eu gosto de filmes P&B, quando isso faz algum sentido na história ou em parte dela. Mas filmar assim um filme atualmente apenas por filmar, sei lá. A história é fraca, a fotografia não ajuda, direção de arte, porra nenhuma ajuda.
O protagonista, Pierre-Louis Bonnetblanc(sem camisa na foto) até é bom(sua nudez total também ajuda um pouco nesse conceito), mas o filme não consegue sair do regular pra ruim.
Eu que gosto de filmes franceses tou pra dizer que é um dos piores que já vi!
segunda-feira, dezembro 09, 2002
Novamente na Casa de Cultura, vi sexta-feira Edifício Master de Eduardo Coutinho, considerado o melhor documentarista brasileiro.
O filme é uma compilação de entrevistas com os moradores do Edifício, situado em Copacabana. O prédio tem uma história de mais de cinquenta anos, já tendo sido considerado um verdadeiro "antro", hoje recuperado como "prédio de família", conforme define uma das primeiras depoentes. A partir daí, as histórias das pessoas, tanto no que envolve o prédio como no que não envolve, mostra uma reunião de grandes histórias de pessoas alegres, deprimidas, paranóicas. É interessante você perceber que, como em muitos prédios grandes, mora desde casais de velhinhos até prostitutas, em relativa harmonia. Gostei do filme, achei uma grande idéia. É simples, mas cumpre aquilo a que se propõe: faz pensar e diverte. Eu que sempre fui entusiasta dos filmes brasileiros devo confessar que estou muito satisfeito com o que esse ano nos permitiu ver como produções nacionais.
Pra quem ver(ou viu) o filme, a minha preferida foi a professora de inglês, completamente paranóica e chapada.
sexta-feira, dezembro 06, 2002
Ontem vi uma cena inusitada na parada de ônibus, saindo do Supermercado. Um menino tava nervoso, me perguntou as horas. Logo depois chegou outro, se aproximou dele e começou a ameaça-lo, que nunca mais batesse no outro cara porque se não ele ia morrer. Esse que chega depois é um garotinho baixinho de olho claro, achei ele lindo, por sinal. Ele sai e volta depois de novo, chama o garoto de novo num canto e lhe desfere um soco daqueles de fazer barulho. E dai começam a brigar, com muitos chutes, muitos agarrões, camiseta rasgada, etc.
Não sei porque, mas tive a impressão que poderia ser falta de sexo essa necessidade de ficarem se agarrando. Pura sublimação!
...
Aliás, ainda sobre adolescência e repressão, deu a coincidência de eu ontem ter visto um filmes francês super interessante na Casa de Cultura Mário Quintana, chamado Faz de conta que eu não estou aqui. O filme narra a história de um garoto que mora num condomínio popular(tipo COHAB), com vários blocos. Seu maior entretenimento é vigiar a vida dos vizinhos de seu quarto, com um binóculo que ele pega do padrasto mau. Tem um verdadeiro mapa da vida dos vizinhos, manda cartas anônimas e vive isolado do mundo. No colégio, não se relaciona com ninguém, chega a correr das pessoas. Com a chegada de um novo casal ao bloco da frente, ele se envolve mais ainda, ao vigiar as atitudes pouco convencionais do casal, sempre fazendo uma festinha interessante com convidados, rolando suingue, surubas, dentre outros. Comeca a mandar cartas diariamente ao casal e seguir seus passos. A partir daí, ele acabará se encontrando com eles e isso servirá pra ele descobrir muita coisa da sua sexualidade, de como mudar, avançar na sua forma de vida.
É um filme mediano, nada mais que isso. Mas vale por esse aspecto de abordar descobertas, repressão sexual, esses temas.
quarta-feira, dezembro 04, 2002
Fiz minha solicitação de matrícula na Unisinos na segunda-feira, já. Deixei como horários disponíveis apenas segundas e quartas à noite. As cadeiras que vou fazer, duas, serão Teoria Geral do Processo 1 e Direito Civil 3 - Obrigações. Ambas eu deveria ter feito no último semestre que estudei, 2001/1, mas a depressão que eu entrei na época me tirou do páreo, acabei deixando as duas matérias antes da prova final. O que é pior, no caso, é que Teoria Geral do Processo era apenas uma cadeira, agora, no novo currículo, virou duas. Teria, naquela época, concluido o correspondente às duas... Quem manda ratear?!
E ainda sobre estudo, eu ia me inscrever também no Unilinguas e fazer o francês, que eu adia há tempos, lá na Uni também. Mas encontrei o contato de uma escola de francês super conceituada que fica aqui no Bom Fim e cujo valor é menor que o da Unisinos. Assim, já tou decidido a matricular no semestre que vem e tocar finalmente um curso de idioma, do meu preferido. Quero chegar no final da faculdade sabendo fluentemente francês e arranhando em outro idioma, dai talvez o inglês, que no Direito vale pouco, mas como cultura geral é uma lingua importante, não tem jeito.
Tem mais uma coisa que tá me deixando feliz da vida na casa nova: minha tia tem TV a Cabo. É um "gato", mas pega todos os canais, o melhor pacote da Net. Com isso já pude ver algumas coisas que só ouvia falar, tipo o seriado "Sex and the city", com a chatérrima Sarah Jessica Park. Não sou muito fã da fórmula seriados, mas sempre vejo Os Normais, que é uma espécie de seriado. Achei esse "Sex and the city" razoável, melhor que ficar vendo a maioria das merdas da TV aberta, tipo um Marcos Mion da vida.
...
Depois de um tempo na África, a Ana Paula Padrão está de volta ao Jornal da Globo, pra minha alegria.
segunda-feira, dezembro 02, 2002
E eu me mudei nesse final de semana. Sempre se constitui numa coisa pra lá de chata uma mudança. Ainda mais quando você sai de um apartamento em que morava só pra morar com a tia, a prima e o cachorro. Mas elas são legais, o apartamento é legal e o bairro então, melhor ainda. Auxiliadora é um bairro classe média interessantíssimo, vizinho a bairros classe alta, próximo do Parcão(foto da seção Perfil) e do Moinhos Shopping. Apesar da distância do centro, o que tira um pouco tua facilidade de deslocamento, é um bom lugar pra morar.
Me dei ao direito de roubar lá do Maurice essa foto, do ator Felipe Marques, de Madame Satã, que realmente é interessantíssimo interpretando Renatinho, um caso de amor do personagem-título.
E eu vi mais um filme que eu queria muito, Fale Com Ela.
É puro Almodóvar mesmo! Cruel, engraçado, dramático, polêmico. O filme trata da história de dois homens solitários que desenvolvem uma forte amizade depois de se conhecerem num hospital. Um delesé enfermeiro e cuida com exclusividade de Alicia, vegetativa há quatro anos. O outro está cuidando da namorada, ferida numa tourada, também em estado de coma. A partir daí se desenvolve a história, com a rapidez e dramaticidade das histórias do grande Almodóvar. Achei o filme muito bom, se constituíndo numa bela reflexão sobre a solidão que as pessoas vivem, de modo geral, nos dias de hoje.
É curiosa a ponta de Caetano Veloso e a presença na trilha de Tom Jobim e Elis Regina.
E é lamentável que não será indicado ao Oscar, já que a Espanha decidiu indicar outro filme. Porque era candidato forte.
Mas tem uma coisa que não gostei: o cinema. Ainda não tinha ido ao cinema do Moinhos Shopping e não será prioridade voltar lá. Pessoas falando o tempo todo, comendo pipoca(coisa proibida em qualquer lugar civilizado, mas que lá é vendido a R$ 6 o balde) e - pasmem! - celulares tocando durante o filme! Cazuza tinha razão: a burguesia fede! E também é mal educada!
quinta-feira, novembro 28, 2002
Ah, querem saber de mais uma coisa: foda-se Gisele Bundchen!
As modelos não precisam necessariamente ser burras, poxa! Dai a sujeita faz uma propaganda de casacos de pele e diz que "estou apenas exercendo minha profissão". Bom, se é por essas um pistoleiro pode dizer o mesmo, um traficante pode dizer o mesmo, dentre outros que não ajudam a humanidade. Uma modelinho babaca do quinto escalão do mundo da moda até poderia justificar assim: "Quando surge um trabalho, eu tenho que pegar". Mas Gisele não. Ela pode negar um trabalho que afronte os princípios dela, ela tem moral pra ainda propagandear bastante isso e virar uma heroína. Mas não, porque na real propagandear casacos de pele não afronta seus princípios. Ela não os tem.
Qualquer sujeito de esquerda fala mal de George "W.C." Bush. E deve seguir falando, até porque ele está sempre dando motivo.
Esse senhor aí da foto de cima, Henry Kissinger, foi Secretário de Estado dos EUA e outras coisas mais durante vários governos e é considerado por todas as pessoas de bem do planeta um criminoso. Foi o articulador e sustentador das ditaduras latino-americanas, era um dos mentores da tortura, da repressão, a partir do comando da política externa estadunidense nesse período. Foi também o responsável pela política ofensiva em várias guerras. Tem sido alvo de denúncias constantes ao longo da última década e já não consegue mais sair dos Estados Unidos por ser alvo de protestos em todo lugar onde vai. Na sua última passagem pela Europa, chegou a interromper agendas e antecipar a ida para os EUA com medo de ser preso por crime internacional, como aconteceu com o General Pinochet, seu parceiro. Há menos de seis meses, acabou cancelada uma agenda sua no Brasil também por medo de protestos.
Pois em meio a um baixo prestígio internacional como esse, o criminoso é chamado pelo outro criminoso, o presidente dos EUA, para "comandar uma investigação mais completa sobre o 11 de Setembro". Pode isso? Aonde vai parar a loucura do Bush? Reabilitar Kissinger, mais que uma efetiva ação que leve a algo, é um símbolo do que pensa Bush, um executor da velha política externa repressiva dos Estados Unidos, o velho "modo republicano de fazer política".
Nessas horas a idéia de ter um filho fica meio desestimulada. Pra ver isso, não vale a pena por uma cria no mundo.
Aliás, foi feita uma pesquisa e se constatou que apenas um entre cada sete estadunidenses sabia localizar no mapa o Iraque, que será a próxima vítima da política enlouquecida do W. C. Bush. Pode isso?
quarta-feira, novembro 27, 2002
Fui ver Madame Satã hoje. Um bom filme, sobre um personagem pra lá de interessante, um mito guei brasileiro. Se passa na década de 30 no Rio de Janeiro, na região da Lapa. É um filme sobre bichice e marginalidade. Sobre boemia, sobre malandragem. Madame Satã era transformista e macho pra caralho. Bom de briga, nunca apanhava. Fala sobre racismo também, de forma implícita. Enfim, é um filme interessante, social... Vale o ingresso, mesmo que não seja aquela produção perfeita, tenha lá suas falhas, seus limites.
Eu agora entrei na paranóia que vou perder dez quilos durante esse verão. Como já falei, não tou mais tomando cerveja. Isso ajuda na barriga. Mas é um puta sacrifício você sentar com mais amigos numa mesa de bar num final de tarde e, enquanto todos tomam cerveja, você pede um Ice Tea de Pêssego. Diet, ainda... E tem mais: comer uma barra de cereais no lugar de um xis coração. Ou comer um sanduíche de pão preto à noite, ao invés de três torradas com muito queijo...
Porra, viver com saúde é tão sem graça!!! Eu quero ser junkie, quero ser trash!!!
terça-feira, novembro 26, 2002
Estava viajando em bobagens na net e lembrei agora de Guernica, uma das obras-primas de Pablo Picasso e da importância que essa obra tem pra mim.
Eu passei no vestibular da UFPEL em 1996 exatamente por uma questão que acertei a mais que muitos eliminados. E eu acertei uma questão que apenas 5% dos vestibulandos acertaram. Se referia exatamente à obra de Picasso, na prova de História. O vestibular era dissertativo, todo ele(o que já não é mais atualmente). A questão trazia a imagem da pintura e a história do diálogo entre Picasso e um militar alemão em uma exposição sua em que a obra estava em destaque.
Guernica é um retrato de uma cidadezinha espanhola arrasado com os bombardeios de Franco(apoiados pelos alemães) na Guerra Civil Espanhola, que ocorreu um pouco antes da Segunda Guerra Mundial. A partir da vitória de Franco contra os socialistas, o nazismo/facismo cresce na Europa.
O tal diálogo teria sido o seguinte: um militar alemão pergunta a Picasso, ao ver sua marcante obra se ele que havia feito a pintura. "Não, foram vocês", respondeu Picasso ao alemão.
Pois dai voltando ao vestibular, a questão tinha a reprodução da pintura, o diálogo e perguntava a que fato histórico fazia referência a obra de Picasso. A maioria dos vestiulandos respondeu "Segunda Guerra Mundial" sem pestanejar. Eu respondi "Guerra Civil Espanhola" e acertei. Foi o meu diferencial pra entrar naquele ano, no meu primeiro vestibular, no Direito de uma universidade pública.
Já conhecia um pouco da história da Guerra Civil também pelo excelente filme Terra e Liberdade de Ken Loach.
Um dos meus melhores amigos me comenta pelo icq nesse momento que ficou com uma menina, gostou e quer mais. Está confuso. Eu não chego a ficar confuso quando uma mulher me atrai, mas eu não tenho a mínima idéia do que fazer quando isso acontece. Acabo não fazendo nada...
Mas dai a gente tá rindo porque esses tempos eu comentei com ele que queria ficar com uma conhecida minha(ainda quero ficar por sinal, mas acho que nunca vai rolar). A brincadeira passa pela possibilidade de virarmos heterossexuais os dois, casarmos e andarmos com os filhos no Parque, daqui uns anos.
Claro que isso é bobagem, mas essas coisas só confirmam que ninguém é de ninguém e poucas pessoas tem uma sexualidade fechada, sem dialogar com o mesmo ou com o outro sexo, dependendo da sua orientação predominante.
Quanto ao filho, eu sempre quis ter. E esses dias vendo um amigo em Caxias que recém teve filho senti novamente essa vontade.
Imaginem essa situação desse camaradinha bonitinho da foto acima, o tal de Pedrinho, que se chama Oswaldo(ou é Oswaldo que se chama Pedrinho?). O teu mundo desaba aos 16 anos e tu descobres que toda a tua vida era, de certa forma, uma farsa, que a tua mãe por todo esse tempo(e que parece ter sido uma boa mãe pra ele) não passa de uma espécie de velha da sacola, aquele mito que os pais criam pra gente não se distanciar nos lugares públicos. O teu nome durante 16 anos não é mais teu nome.
E aí o garoto não sabe direito quem está com ele, quem não está, para onde se movimenta. E é uma celebridade, não pode andar na rua porque está sendo seguido por um repórter. Quando vai na aula, tem um fotógrafo dentro da aula. Imaginem que situação!
Mais uma nota: o crime de sequestro não pode ter prescrito, não é justo. Na real a criança foi resgatada agora, portanto os 16 anos configuram o sequestro, certo? O justo é isso...
segunda-feira, novembro 25, 2002
Eu ainda não comentei uma coisa importante que eu incorporei na minha rotina: ler Carta Capital toda semana. Trata-se de uma revista semanal bem melhor que Veja, Época e essas porras. E melhor não simplesmente porque não é uma revista alinhada com a maioria da mídia, não porque teve a coragem de defender publicamente o voto em Lula(coragem igual à do Estadão que defendeu a candidatura do Serra), rompendo com a postura hipócrita da maioria da imprensa, que se diz imparcial mas não é(ou a Veja é imparcial?)
O bom da Carta Capital é que ela não faz um resumo dos jornais da semana, como os demais semanários. Ela analisa a semana, ela projeta o médio prazo dos fatos, ela traz coisas dos bastidores, ela traz reportanges especiais interessantíssimas. E mesmo sendo uma revista com forte enfoque econômico, ela não é economiscista(até um leigo como eu consegue entender). E fala de cultura como só a Bravo faz melhor hoje.
Enfim, vale os cinco pila de toda semana.
domingo, novembro 24, 2002
Domingo agitado. Depois de acordar depois do meio dia, almocei e fui na minha avó pra ver um tio que não via faziam uns tres anos. E pra conhecer seu filho/meu primo de cinco anos que ainda não conhecia. É sempre curioso essas coisas da relação distante que a gente tem entre parentes, normalmente.
Depois fui na minha tia(futura casa a partir de sexta-feira) conversar, ver meu espaço e começar a me organizar pra mudança. Vamos lá, neh! Fazer o que?
Tive quinta e sexta em Caxias, que é uma das minha cidades preferidas. Foi legal, devo voltar semana que vem lá...
Uma nota: é uma das cidades com mais gente bonita por metro quadrado... Impressionante!
Vim agora de uma festinha privada, num apartamento de uns amigos. Super curioso. Eu sempre acho, por princípio, que esse tipo de festa pode ser interessante. Mas na prática, poucas costumam ser. Essa, mais uma vez, não estava... Cerca de trinta e cinco pessoas num apartamento, numa noite quente pra caramba... pouca gente atraente, nenhuma cara nova, nenhuma chance de nada razoável, nem conversa boa. Além disso, não tomar cerveja nem fumar nada te coloca como se fosse um ET em meio aos demais trinta e quatro(ou por aí). Dai é melhor vir teclar merda com gente oca no chat. Ao menos tem um ventilador na minha frente.
segunda-feira, novembro 18, 2002
Assisti Cidade de Deus em Pelotas, no sábado. E devo dizer que gostei do filme. Já vi muitas críticas ao filme que dizem que ele seria negativo porque transforma uma dura realidade numa espécie de video-clipe. Não deixa de ser verdade. Mas o fato é que se trata de um filme tecnicamente muito apurado, com uma excelente direção, boa fotografia, atuações magistrais tanto dos profissionais(Matheus Nachtergale, basicamente) quanto dos meninos escolhidos na favela mesmo para atuarem, o que certamente dá uma dose maior de realidade ao filme.
O fato é que mesmo que ele transforme a realidade em vídeo clipe, o fato é que boa parte das pessoas que o ve talvez nunca tenha imaginado que aquilo tudo existe. O que fica de pensamento ao final é o quanto se simplifica a conversa na questão da violencia, o quanto o fim do círculo da violencia não passa por maior repressão, sequer por campanhas hipócritas tipo "se voce parar de fumar, voce corta o tráfico". A dura realidade dos morros talvez não tenha solução(é o que voce sai do cinema pensando) ou talvez tenha uma solução que será muito dura, muito longamente construída, com mudança de rumo total nas prioridades desse país e do mundo. Ou seja... vai ser difícil.
Mas além de ser um filme sobre o lado social da coisa, fica claro que muitas pessoas curtem a violencia, isso também está presente na história. Um problema que nem a sociedade mais perfeita vai resolver. E uma outra coisa que está presente na história, através de alguns dos personagens, é uma coisa que Lula falou muito nessa campanha: que a sociedade deve oferecer oportunidades para o jovem, para que assim possa disputar ele com o tráfico. É isso a história do narrador Buscapé, que sonha em ser fotógrafo. É isso que aparece em alguns jovens que preferem a Igreja ao crime. Mas é a história da maioria que acaba indo para o crime ainda pequeno por falta de outra alternativa.
Cidade de Deus não é um filme qualquer. Não serve como entretenimento não. Ele é um tapa na cara de qualquer pessoa que desconhece a realidade ou que acha que tudo se resolve de forma simples. A cena mais chocante, sem dúvida, é a do menino de uns 10 anos que tem que matar uma criança ainda menos que ele, a mando do traficante Zé Pequeno. É com certeza, em meio a um banho de sangue, o momento mais dramático do filme.
sexta-feira, novembro 15, 2002
Depois de duas semanas em que o centro da cidade ficou intransitável, está terminando a Feira do Livro de Porto Alegre.
Comprei quatro livros que dão bem o tom do meu momento(1. não tenho dinheiro, só comprei livros em balaios; 2. estou procurando ler o máximo de coisas possíveis na área do Direito, pra voltar afiado a estudar no semestre próximo): Elementos de Sociologia do Direito em Weber, de Aluísio Batista de Amorim; Miguel Reale: Estudos em homenagem aos seus 90 anos, uma coletanea de artigos; Constituição da Nicarágua Sandinista e Quatro Ensaios Marxistas, ambos organizados por Tarso Genro.
Não quis comprar nenhum outro por estar realmente duro e porque tenho muito livro no meu acervo que ainda não li. Não adianta ficar comprando coisas e não ler.
Eu hoje fui ver dois filmes de uma mostra de Jean Luc Godard, que passa aqui na vizinha Casa de Cultura Mário Quintana: Alphaville e Elogio Ao Amor. Sinonimia para "coisa cult", Godard ainda não tinha entrado em minhas experiencias cinematográficas porque ando há anos sem vídeo cassete e mesmo que tivesse, não se acha em qualquer locadora. Bom, o que dizer? Não vou fazer "linha" não: achei difícil, truncado, como sempre ouvi dizer que eram seus filmes. Mas como não gosto de coisa mastigadinha, achei legal. Pena que como viajo amanhã cedo não poderei ver os outros filmes ou ver de novo um destes que vi, especialmente Alphaville, que merecia outra olhada pra ser melhor entendido.
Agora quero ver quando voltar Cidade de Deus e Fale com Ela... Quando ver eu conto...
quarta-feira, novembro 13, 2002
Outra coisa pertinente de ser registrada em tempos de pouca inspiração desse blogueiro é o fato de que desde o dia em que o Lula ganhou a eleição(mais especificamente naquela longa magrugada) que eu estou sem ingerir "substâncias psicoativas", para usar de um eufemismo violentíssimo. E faz uns quantos dias também que eu estou passando longe da cerveja. Agora é vinho, apenas vinho. Isso foi decidido por mim em razão de que a coisa andava feia, especialmente com a cerveja(no resto eu sempre fui muito controlado). Cerveja dá barriga, gera uma ressaca que não tá com nada, custa caro e ainda por cima tem uma publicidade machista com canastrões da televisão. Ou seja, fora cerveja, já que o FHC já foi...
Eu queria estar indo para o Rio de Janeiro com a galera, para o ENEB, um encontro estudantil que vai tar rolando lá no final de semana. Mas a falta de grana e outras tarefas me impediram. Eu tenho, entre outras coisas, que visitar a família em Pelotas, encaminhar as coisas da mudança, terminar de organizar um relatório aqui no trabalho, etc, etc...
segunda-feira, novembro 11, 2002
Até por situações mais difíceis que vejo amigos passarem, vejo que os meus problemas são apenas médios... Mas que eu tou de saco cheio eu tou. Minha sorte é que não sou depressivo, eu até me surpreendo como eu levo as coisas numa boa. Ontem chegaram a me dizer que eu estou com uma cara excelente... Realmente, imagem é tudo!
Mais uma mudança. Desde que vim pra Porto Alegre, em maio de 99, eu já tive cinco moradas diferentes, para agora voltar justamente à primeira, na "casa da Dinda". Mas é necessário, não sei ainda o que vai ser do ano que vem pra mim, preciso cortar custos pra pagar minha faculdade, dai não adianta ficar de bobeira pagando um aluguel e morando sozinho em nome de uma suposta liberdade que eu nem posso sustentar. Vamos lá...
quinta-feira, novembro 07, 2002
Ontem eu vi uma notícia no Jornal da Globo que me pareceu interessante: o presidente dos EUA, George W. Bush, o Bushinho foi vencedor nas eleições parlamentares americanas, realizadas terça-feira. Elegeu maioria do Senado, onde a oposição mandava, além de ampliar a vantagem na Camara dos Deputados. Com isso, as bolsas de valores estavam eufóricas, nos índices Nasdaq e outros...
Sabem por que? Dai isso vem no corpo da matéria: - a indústria farmaceutica se livra do "fantasma" que a maioria democrata representava, podendo baixar o preço de remédios para pessoas de idade; - a indústria armamentista também estava valorizada porque as possibilidades de uma guerra contra o Iraque e contra outros países agora está beirando os cem por cento; - a indústria do petróleo estava valorizada porque Bush agora tendia a conseguir finalmente liberar a exploração de petróleo em áreas de preservação ambiental.
Ou seja: a cada vez que as Bolsas sobem, é um mal sinal pra vida no planeta. Ou eu tou sendo muito simplista?
domingo, novembro 03, 2002
Fazia um mes e pouco que não saia na noite. Fui no Ocidente ontem. Estava eu a tomar cerveja com um amigo e decidi que ia sair. Nesse mesmo bar que eu estava sentou perto de mim um ex meu, por sinal. Mas não chegamos a nos falar. Com minha paranóia de não ser inconveniente, deixei ele lá na sua conversa com seu amigo e eu fiquei ali na conversa com meu amigo.
Pois dai seguimos pro Ocidente. Meu amigo é hetero, mas a mãe dele é homo, convive com ela super na boa. Achei bem legal a história dele. Dai foi legal. Chegando lá encontramos conhecidas da Unisinos e foi bem divertido. Mas curioso que o público parecia diferente, não me senti atraído por quase ninguém, o povo parecia mais feio. E eu tou mais gordo, o que não me ajuda também...
E depois a velha peregrinação de voltar pra casa a pé... Mas legal. Foi divertido. É sempre divertido fazer novos amigos, descobrir em conhecidos da política pessoas mais humanas do que parecem. E sempre é legal ir no Ocidente sexta de noite tomar cerveja quente e levar empurrão...
quinta-feira, outubro 31, 2002
Ainda no meu primeiro blog lembro de tratar com muita indignação do caso Chicão Eller, filho da amada Cássia, cuja guarda seria disputada na justiça por sua companheira, Eugenia, que criou a criança junto com Cássia e o pai de Cássia, o militar de mijama Altair Eller. O velho deixava a entender que Eugenia não devia ficar com a criança por causa de seu "comportamento inadequado": afirmava que ela e Cássia usavam drogas e deixava subentendido que a homossexualidade dela não ajudaria também na criação do garoto. Venceu a lógica, o bom senso, de manter o garoto com sua mãe, como ele mesmo sempre reconheceu em Eugenia. Aquela que levava ele ao colégio, dentre outras coisas.
Na TV mostraram o velho num canto com a mulher e o advogado. Esperava ganhar o dinheiro de Cássia, na real. Ninguém da familia foi falar com ele. Em razão das acusações que fez à memória da filha e à reputação de Eugenia, merecia ainda levar um processo por danos morais.
Venceu a justiça. Uma grande vitória para os homossexuais, que tem ganho ultimamente ações nas varas de família. Sinal de amadurecimento do país!
E agora é tocar a vida em frente... Estou correndo para garantir minha matrícula no semestre que vem na Unisinos. Vou retomar meu curso de Direito com o objetivo de me formar em quatro anos. Será um pouco tardiamente, aos 28 anos. Mas tudo bem. Acho que essa minha parada durante os últimos quatro anos valeram a pena para mim. Participei de uma experiencia maravilhosa que foi o governo do Rio Grande do Sul. Perdemos as eleições, mas participei de um governo que fez muitas coisas boas. E onde eu aprendi muito sobre a estrutura do Estado. Agora estudar Direito fará muito mais sentido para mim, inclusive. Vou seguir fazendo política porque sou fascinado. Mas quero estudar muito e ser um jurista destacado. Eu posso...
Entáo, gente... Luis Inácio Lula da Silva é o presidente eleito do Brasil. Só estou postando hoje, alguns dias depois porque não paro nunca. Agora estou já correndo em torno de uma eleição para o DCE da minha universidade, a Unisinos, onde a chapa que eu apóio, Avançar na Luta tem tudo pra ganhar e eu tou lá dando uma mão pro pessoal. Mas digo que passei a noite de domingo e a segunda toda chorando, bebendo e dormindo. Chorava a cada vez que o meu estado etílico me permitia lembrar que Lula é o presidente do Brasil. Ainda dentro do possivel eu raciocinava o quanto tinha valido a pena cada momento de dedicação minha pra construir o PT, pra tentar mudar as coisas, fazer um mundo um pouco melhor. Eu acredito no Lula. Ele tá bom pra caramba. Ele guarda com ele a esperança de dezenas de milhões de brasileiros. E parece seguro do que está fazendo. A começar pela fala que fez na segunda a tarde. Quem viu, percebeu um homem seguro, com medidas sinceras, simples e eficazes. Lula procura não gerar nenhuma expectativa de que ele seja o messias, o sal da terra, o salvador. Mas propõe a usar do seu prestígio para mobilizar um povo generoso para fazer um país melhor.
Lula lá
Brilha uma estrela
Lula lá
Valeu a espera
terça-feira, outubro 22, 2002
(...)
Falta pouco
quase nada
Minha pátria tão amada
Já não quer mais esperar...
(...)
Juro que fiquei emocionado vendo o Jornal Hoje há pouco. Mostrava a agenda dos candidatos. Mostrou Lula passando no barbeiro em São Bernardo. Claro que ele deve ter uma equipe terceirizada do Duda Mendonça que apara de verdade a barba e cabelos dele. Mas ele passa ali no barbeiro dele em São Bernardo pra manter o vínculo. Legal... E dai o repórter pergunta: "Essa é a última vinda...?" "É, na semana que vem eu volto aqui como presidente".
Eu assistia o jornal da minha privada e me verteu uma lágrima. Eu sou filiado ao PT há mais de oito anos. Entre em maio de 94, quando se iniciava uma campanha em que todos acreditavam que "ia dar". Não deu. Depois "não deu" de novo. E agora parece que tá chegando a hora... Lula vai ser presidente... Porra, eu tou há uns dois meses tentando acreditar nisso e não consigo! Eu fico imaginando o que não passa na cabeça dele, depois de tudo o que passou, um sujeito que há vinte e cinco anos não era nada mais que um peão comandando greves em meio a uma ditadura militar.
Dono hoje de uma das biografias mais ricas da história do Brasil, somará à essa história a coisa mais importante que pode haver à biografia de um político: ser presidente de seu país. Outras grandes trajetórias políticas da história do Brasil não conseguiram chegar a isso. Cito algumas indepentende de seus méritos, mas que são figuras que marcaram a política brasileira: Rui Barbosa, Leonel Brizola, Oswaldo Aranha, Ademar de Barros, Carlos Lacerda, pra citar apenas alguns que marcaram momentos da história mas não completaram a carreira. Que bom que Lula não vai entrar nessa galeria, mas na outra... O Lula, o Brasil e sua história merecem...
Tom Hanks é um cara legal. Protagonizou(e ganhou Oscar) num dos filmes mais comoventes que já vi, que foi Filadélfia. Depois ganhou outro por Forest Gump, que é cinemão mas é de grande qualidade, um texto sensacional e atuações maravilhosas, especialmente dele.
Agora fui ver Estrada para Perdição, um filme de Sam Mendes(Beleza Americana), em que Hanks interpreta um pistoleiro fiel a um grande mafioso. Tudo corre bem, até que seu filho presencia um dos crimes que o pai participa. O enlouquecido filho do chefe resolve eliminar sua família para resolver o problema. Mata a mulher e o filho mais novo de Michael Sullivan. Este parte em busca da vingança, com Michael Jr a tiracolo. Mas não é nem um road movie nem um filme clichê sobre a máfia. A presença de Hanks, Paul Newman, Jude Law e de um excelente garoto chamado Tyler Hoechlin, somado a um bom texto e boa direção de Mendes fazem o filme ser um bom filme. Hanks está cotado para o Oscar graças a essa atuação. Pode ser o terceiro dele. E será merecido, se rolar.
Vale a pena. Reflexão do filme: o quanto a vida na máfia(e estamos sempre tentados a ingressar em máfias nessa vida) é tentadora e fácil, mas não vale a pena. Foi um bom momento de lazer em meio a esta campanha que tem me sugado os dias...
quarta-feira, outubro 16, 2002
A dona Regina Duarte, que é uma ótima atriz, foi ao programa de Serra criar panico nas pessoas, mostrando o quanto é boa atriz e o quanto é ruim em política. Criar terror, dizer que está com medo... Ela tem medo mas as mulheres brasileiras tem coragem. De viver com um salário mínimo com seis filhos. Tem coragem de serem domésticas. Benedita da Silva tem coragem. Marta Suplicy tem coragem. De ganhar de Maluf, por exemplo. Ela tem medo mas mora numa boa cobertura com tudo do bom e do melhor... As mulheres brasileiras nunca tiveram direito de ter medo... E querem Lula!
Parabéns à fala da Paloma Duarte, há pouco no programa do Lula. Concordo com ela em genero e grau: é revoltante ver o programa de Serra jogando com o medo... Baixaria!
quarta-feira, outubro 09, 2002
Me assusta um mentecapto extremista como Enéas Carneiro fazer um milhão e meio de votos em São Paulo. Sinal de quem tudo pode ser sempre um pouco pior do que já está. Enéas não pode ser tratado como brincadeira. É um homem que defende a ditadura, que defende o autoritarismo, idéias que dialogam muito de perto com o fascismo que na Europa já tem muito peso na política atual. Essa bancada do PRONA no Congresso é um perigo... Espero que sirva para que paremos de tratar como brincadeira, nanicos, dentre outras coisas...
A reta final das eleições me foram muito cansativas. Tirei férias nos últimos 20 dias para me dedicar integralmente à campanha. Mas valeu à pena, me senti bem. Lula parece bem próximo a chegar à presidência. Tarso tem tudo para ser o próximo governador do RS. Um dos meus senadores foi eleito, Paulo Paim(nunca o RS tinha eleito um senador petista). Meus dois deputados, Tarcísio Zimmermann(Federal) e Elvino Bohn Gass(Estadual) foram eleitos também, dentre os bem votados do Estado. Se formos avaliar no país, o PT foi muito bem e ainda vai ir melhor no segundo turno, elegendo o presidente e mais diversos governadores, inclusive de São Paulo...
É a mudança chegando pra valer no Brasil...
terça-feira, outubro 08, 2002
Faz um tempo que não me pronuncio. Desculpem os amigos, era o envolvimento com a reta final de campanha. A partir de amanha as coisas comecam a funcionar de novo aqui...
quinta-feira, setembro 26, 2002
Fiquei em panico ontem quando uma menina de uns 18 anos me chamou de tio... será que é pra tanto? Imagina a hora em que for passar uma cantada em algum boy e levar uma dessas!
Fui ver ontem Um Amor Quase Perfeito, um filme italiano que trata de uma mulher que perde o marido e acaba, entre suas coisas, descobrindo uma amante, numa dedicatória atrás de um quadro do falecido. Vai buscar detalhes e localiza a pessoa: na verdade era um homem. A partir dai o filme vai mostrando como se desenvolve o confronto entre os dois viúvos de Massimo, de como acabam ficando amigos, enquanto a mulher vai descobrindo um outro Massimo, muito diferente do seu marido de uma década.
É interessante a reflexão sobre essa situação de vida dupla que muitos homens acabam vivendo, para dar conta de satisfazer familia, sociedade e, ao mesmo tempo, serem felizes por momentos raros. Vale a pena ser visto e gerar a reflexão especialmente das pessoas que, ao descobrirem sua sexualidade, se recusam a aceitar e vive-la plenamente, preferindo esse tipo de situação, que acaba um dia desmoronando e gerando maior infelicidade a todos, quando não é, toda ela, uma vida infeliz. Vale a pena!
Ah, o protagonista me lembrou muito um ex-namorado, apesar de ser mais bonito que ele... Mas lembrou os ares...
sexta-feira, setembro 20, 2002
Num sorteio que o Cine Guion faz mensalmente, ganhei um passe livre de 15 dias, coincidindo com o meu periodo de férias. Logo, serão quinze dias fazendo campanha eleitoral e vendo tudo o que passar nesse conjunto de cinemas.
Hoje foi a estréia da mordomia. Convidei minha avó paterna pra ver Comunidade, um filme espanhol com Carmen Maura, dirigido por Alex de La Iglesa. O filme trata de uma corretora de imóveis que se encanta com um imóvel que está oferencendo e acaba se envolvendo numa história pra lá de mirabolante sobre uma fortuna que um morador guarda em seu apartamento. O filme trata de ambição, cobica, daquilo que as pessoas são capazes por dinheiro. É um bom filme, bem ao estilo espanhol, com muita correria, muita gritaria... Mas divertido. Um suspense comediado que vale o ingresso... Se bem que eu não paguei ingresso... Bom, vale o tempo...
E essa coisa do Jáder Barbalho ser candidato a deputado federal pelo PMDB do Pará e estar foragido. Que tal?
Merece nota algumas ações policiais:
1 Elias Maluco foi preso no território que domina sem que a PM do Rio tenha dado um tiro.
2 Mesmo que a imprensa do RS tenha tentado criar um fato político, o fato é que o Governo do Estado conseguiu desmobilizar uma rebelião da Fundação Assistencia Sócio Educativa(FASE, sucessora da antiga FEBEM, ainda existente em outros estados) sem dar um tiro sequer, sem dar uma cacetada sequer, sem um arranhão em ninguém.
3. A ação de rendição do tal Cram, nos estúdios da Atlantida, também se deu de forma negociada, sem um arranhão no dito-cujo ou no locutor.
A questão de politica de segurança é ideológica. Para Maluf, Antonio Britto, Alckmin entre outros, a Polícia serve pra dar porrada em bandido e manifestante, pois as pessoas devem ser intimidadas, seja qual sua transgressão ou simplesmente contrariedade. Assim se faz segurança. E dai o Ratinho e e Hebe Camargo ainda aplaudem. Para os governos do PT, a questão do crime organizado deve ser combatida, mas um conjunto de pessoas não optou pelo crime, caiu nele por falta de outra opção mais digna. E mais: um refém vale ouro, jamais pode ser colocado em risco. Tanto que todas nos últimos anos não morreu nenhum refém de bandido no Estado, quando a Brigada Militar interviu pra negociar. Pode até ser taxado de frouxa, mas essa política valoriza a vida, seja de bandidos, seja de pessoas comuns que podem ser pegas como refém na venda da esquina, sem culpa nenhuma.
Louco é quem me diz que não é feliz
Todo mundo tem um pouco de louco, certo? Eu tenho, com orgulho. Tenho minhas fantasias, meus personagens, meu mundo... Quase todas as pessoas tem... Ou não? Eu que sou louco mesmo? Não sei, mas a diferença entre um louco que extrapola e uma pessoa que é vista como normal está justamente na capacidade de controlar o limite entre o mundo imaginário e o real, vivendo o mundo real de forma a aproximar, através do sucesso, os dois mundos.
O tema da loucura, por sinal, me fascina horrores... Quero ler mais sobre o assunto.
Falo isso porque muitos de voces devem ter visto que aqui em Porto Alegre, nesta quarta-feira, um sujeito auto-intitulado Cram, líder-vocalista de uma banda chamada ACC(sigla de Além do Céu Cinzento) invadiu armado os estúdios da Rádio Atlantida FM, uma das principais do Estado, obrigando o locutor Márcio Paz a executar durante uma hora, com uma arma mirada ä sua cabeça, o som da tal banda. Vi o assunto ao vivo pela internet, não pude ouvir o som, mas o próprio locutor dizia ontem, em entrevista, que achou muito ruim.
Mas o tal Cram, que estava vestido de preto com a cara maquiada, uma verdadeira caricatura ambulante, foi levado preso e pode pegar de 3 a 5 anos de cadeia. O fato é que ele foi motivado ao fato porque sempre se considerou um injusticado, achava seu som fenomenal, melhor que a média do que toca nas rádios. Buenas, é o que eu falava: a diferença entre o Cram e eu é que eu até posso me achar um super escritor, super homem, super tudo, mas controlo os impulsos...
Não se preocupem, amigos... jamais vou render com uma arma um crítico literário pra falar de meu livro!
segunda-feira, setembro 16, 2002
Eu sei que a Patrícia Pillar entra no imaginário de muitos como uma possível-futura-quem-sabe-Evita-Perón-brasileira e respeito o charme que isso traz. Ela é linda, sempre achei excelente atriz e tudo o mais. Seria, concordo, a mais bela primeira-dama da história do país. Mas a função dela, segundo o próprio Ciro Gomes, é de dormir com ele.
Já Marisa e Lula tem uma história que não tem apenas tres anos. E que é fascinante. Lula foi casado antes. Sua mulher morreu no parto, com o filho. Já Marisa ficou viúva grávida. Seu marido era taxista e foi assassinado. Dramas reais, de pessoas reais, não estavam interpretando. Não era tática pra chegar à presidencia. Lula nem sonhava com isso quando se conheceram. Não tinha sido ainda nem presidente do Sindicato. Marisa continua sendo uma mulher humilde, sem formação. Uma mulher brasileira. Nào tem glamour, mas é real. O povo um dia tem que chegar ao poder nessa porra de país. Aliás, a entrevista dela no site de Lula é interessante. Ela conta sobre a história deles. É de uma simplicidade comovente.
quarta-feira, setembro 11, 2002
Já que todo mundo fala de "o que estava fazendo em 11 de Setembro do ano passado", lá vou eu também.
Tinha chegado ao meu local de trabalho, como sempre faço, em torno das 8h45. André, que à época ainda trabalhava aqui, me liga da sala dele chocado, falando da morte de Toninho do PT, prefeito de Campinas, ocorrida na noite anterior e já presente nos jornais. O fato choca a todos, é o assassinato brutal de um prefeito de uma grande cidade brasileira. Um crime que por sinal até hoje não ficou bem explicado por ninguém. Aquilo choca, a gente conversa um pouco sobre o assunto e eu volto pra minha sala pra tocar a vida. Estou na cozinha aqui da Secretaria pegando água pro chimarrão("aqui tem água pro chimarrão", como diz um candidato a deputado aqui no RS) quando Alberi irrompe a cozinha chocado: "Viu o que aconteceu?" "Sim, mataram o Toninho... que merda, né?!" Ele nem tava sabendo disso: "Não, tou falando de Nova Iorque, um avião bateu no World Trade Center". Venho direto para o computador, correndo... Vou percorrer os sites o resto do dia em busca de informações precisas, em meio àquela confusão intensa, o pânico.
Naquele mesmo dia, há um ano, ocorreu, no final da tarde, uma cerimônia oficial de lançamento do II Fórum Social Mundial, com a presença do Governador Olívio Dutra e o jornalista francês Bernard Cassen, dentre outras autoridades do evento. Lembro que o clima era de confusão. Como críticos eternos da política externa estadunidense, ainda tentávamos entender tudo. Uma nota oficial do Comitê Internacional do Fórum Social é lida no evento com a sobriedade que a esquerda séria tomaria desde o primeiro momento: "Lamentamos a perda de vidas, repudiamos essa forma de manifestação e repudiamos qualquer movimento de retaliação por parte do governo dos EUA".
Em um mês Bush já estaria jogando bombas sobre o Afeganistão, no entanto. Sem conseguir, no entanto, localizar "o tal" do Bin Laden. A partir dali a política externa dos EUA voltam aos velhos tempos em que eles patrocinaram as ditaduras latino-americanas: bomba, guerra, ataques. Agora será o Iraque, a qualquer momento. O que o mundo ganha com isso? Talvez só sirva pra incentar Bin Laden, se é que ele ainda existe, a fazer mais alguma das suas peripécias raivosas e ceifar mais vítimas. Mas é isso, a insanidade humana não ataca somente nas torres e mortes de cidadãos americanos. A vida vale a mesma coisa em Nova Iorque ou em Bagdá. Isso é que pouca gente percebe. A comoção pelo 11 de Setembro é justa, correta. Mas quem chora pelas coisas que continuam acontecendo no Afeganistão? Quem chorará pelos inocentes que o Bush Jr. vai matar no Iraque, agora?
Desculpe por tantas frases feitas, mas é a realidade...
terça-feira, setembro 10, 2002
Eu hoje vi um capítulo inteiro da novela aquela, Esperança(isso, não merece o trabalho de um link). Apenas quero registrar que o talento deslumbrante de Othon Bastos, Paulo Goulart, Araci Estevez e Lúcia Veríssimo, do núcleo ruralito da novela é o que equilibra um pouco a profundeza do lamentável de um casal que é composto por Ana Paula Burrósia e Reynaldo Gianechini. Impressionante como os dois são fracos. Eles são lindos e apenas isso... Como atores, eles podiam ser mudos... Aliás, eles não deviam ser atores... Como atriz ela é uma ótima "Garota Embratel" e ele um ótimo marido da Marília Gabriela, que ela merece...
Hoje tive uma decepção e um alívio, ao mesmo tempo. O Diretor Geral mandou me chamar para uma reunião no Salão de Reuniões. Achei que era só comigo e pirei, porque raramente ele fala comigo. Mas quando as outras colegas de setor chegaram já fiquei mais tranquilo, vi que era algo mais geral. Era pra anunciar que entraria outro colega, um ex-diretor que estava voltando a trabalhar conosco. A parte ruim de tudo é que eu agora não estou mais sozinho na minha sala(que agora portanto não é mais minha sala) e tive que voltar pra minha humilde mesa, menor, com menos espaço e mais feia... e agora compartilho um computador e telefone. Minha vida agora já não será mais tão tranquila, mesmo que ele não seja um superior direto, eu mantenha minha autonomia relativa. Mas que é chato, isso é!
segunda-feira, setembro 09, 2002
Sábado de Sol
Eu fui um adolescente cheio de problemas. Devo ter dito isso já aqui. Nenhuma novidade. Todo mundo é adolescente problemático. Eu não aceitava o fato de que desde pequeno eu me atraia mais pelos meninos que pelas meninas. Eu descobri assim meu sexo. Demorou muito tempo pra mim decidir que não ia mais lutar contra o que eu sentia. Minhas primeiras relações sexuais, aos 19 anos, foram em meio a essa luta sangrenta pra tentar descobrir o que eu queria. Hoje eu sei... Eu não estou fechado às mulheres, a hora em que a Ana Paula Padrão me quiser, eu estarei aqui, esperando... Mas eu realmente não prefiro elas... isso não me preocupa, eu vivo feliz e tranquilo assim. Mas na minha adolescência isso foi pesado. Isso me foi pesado até minha mudança pra Porto Alegre, até a minha liberdade física e financeira dos meus pais, que me gerou a liberdade psicológica, por consequencia.
Em meio a um turbilhão de coisas, aconteceram minhas primeiras idas à cama, em questão de um mesmo mês, com uma super amiga e com um super amigo. E a transa com o Paulinho, no carnaval de 98, eu viajei entre o inferno e o paraíso em poucos dias... entrei em depressão, em culpa, nos dias seguintes. Levaria mais um ano pra voltar a transar com um homem. Teria ainda muito medo dos meus sentimentos...
Lembro de tudo isso porque agora me vejo envolvido com o tema da virgindade novamente... ou com a perda dela... Não a minha, óbvio, mas a de outro. O turbilhão de tesões, fantasias e sentimentos que vejo no meu "interlocutor" me deixa confuso. Sem saber para onde apontar. Mas é bonito ver as pessoas com vontade e atitude pra buscar a felicidade, o prazer... as coisas que a vida nos oferece e que a gente por vezes deixa guardado, esperando sei lá o que... e tudo isso aos 19 anos, também... Todas as coisas que vão acontecer com ele daqui pra frente... A primeira ida a uma boate guei, novos amigos, prazeres, frustrações, orgasmos, choros convulsivos, explosões de alegria... É o "segundo sol" que chegou pra ele... As similaridades que já notamos torna tudo ainda mais explosivo em algo que, independente de qualquer coisa, será bem mais que um sábado de sol...
Seu telefone irá tocar
Em sua nova casa que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão
Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação
domingo, setembro 08, 2002
Terminou há pouco um debate com os candidatos a vice-governador do RS. Apenas uma nota: a candidata a vice do PTN (?!), que leu tudo o que falou, de forma constrangedora. E quando foi feita uma pergunta que ela não conseguiu elaborar resposta, pediu pra refazer perguntando sobre propostas. Para cada tema, ela puxava um papel... fiquei com pena da dita cuja... Acabou se retirando, pra meu alivio, no terceiro bloco, alegando estar se sentindo mal. Eu também estava...
...
Hoje fez um dos dias mais belos dos últimos tempos... Que coisa impressionante o clima!
EU ESTOU MUITO FELIZ! HOJE FOI UM DIA MARAVILHOSO!
E era isso...
quinta-feira, setembro 05, 2002
Chegou agora uma compra feita no Submarino, feita em um momento de insensatez e pago em outro. Mas vale a pena:
- São dois CDs de Adriana Calcanhoto que um amigo me levou quando foi embora pra São Paulo faz dois anos(Maritmo e A Fábrica do Poema). Tenho de novo a coleção de todos os seus CDs, mas ainda faltam vários para restituir a sacanagem do Alex, que passou de uma dezena de discos...
- Um de Cássia Eller que ainda não tinha(Cássia Rock Eller, uma coletânea com algumas versões que nenhum outro tem, como "Smells Like teen spirit" e "Woman is the niger of the world"). Agora faltam apenas os dois primeiros CDs pra ter todos os "quentes" da minha amada Cássia.
- Um CD de Edith Piaf, que comprei muito por curiosidade que tenho com a lingua francesa, da qual conheco pouco da música. A curiosidade por Edith é grande depois que "Cassião" gravou "Non, je ne regrete rien" no seu Acústico.
Bom, tenho o que fazer hoje à noite...
É, a Conferência Mundial da ONU pelo Meio Ambiente, ou Rio + 10 terminou como um retumbante fracasso. Devido à pouca disposição dos países desenvolvidos, especialmente dos Estados Unidos, em adotar acordos que garantissem novas formas de produção de energia e outros temas caros à preservação ambiental, a Conferência termina com retrocessos em relação à ECO 92, quando Bush Pai era o presidente dos EUA. Collin Powell, Secretário de Estado dos EUA, foi vaiado o tempo todo de seu discurso na Plenária de encerramento da Conferência, tal a inconformidade de boa parte das delegações presentes. Apenas consensos entravam na Carta Final. O governo Bush, que já não assinou o Protocolo de Kyoto, que reduz a emissão de gases poluentes na atmosfera, deu contra tudo o que se propõs como medidas de preservação ambiental eficazes.
É isso que a faixa mostra: precisa alguem avisar que estamos sonhando com um planeta e com pessoas que sobrevivam às próximas décadas. Bush Filho quer agradar aos grandes financiadores de sua campanha e está preocupado apenas em produção de riquezas, lucros, foda-se o resto...
terça-feira, setembro 03, 2002
Por indicação de uma conversa no mIRC, fui ver esse site. Pra quem curte uma boa paranóia, ele é fantástico. Escrito por pessoas que parecem filiados ao PRONA, partido do Dr. Enéas, pois usam uma linguagem paranóia, preconceituosa e fundamentalista até o último fio de cabelo, Mensagem Subliminar acaba sendo interessante ao analisar mensagens escondidas em músicas, filmes, comerciais e outras coisas na área do entretenimento.
Destaque para a parte da música, em que aparecem vários trechos de músicas que, escutadas ao contrário, trazem mensagens subliminares. O caso que mais me chamou atenção - e que conferi ouvindo o mp3 - foi de um trecho de música dos Engenheiros do Hawai que, ouvido ao contrário, ouve-se Humberto Gessinger perguntar: "Por que você está ouvindo isto ao contrário, o que você está procurando, heeein?"
Delírio total! Eu "agarantio"!
Teve debate entre os presidenciáveis agorinha na Record. Afora o de sempre, ou seja, os ataques enlouquecidos entre Ciro e Serra, que numa dessas irão babar pelo canto da boca e a alegria permanente de Lula, por vezes beirando ao caricato, o grande fato foi Antony Garotinho, que pode ser um escroto, mas é engraçadíssimo. Ele debochou dos apoios de artistas a Serra, segundo ele a peso de grandes caches, para alegrar a campanha e esconder mentiras:
"Depois, gente, não vai ser a Elba Ramalho nem Chitaozinho e Xororó que vão governar o país, vai ser ele".
É um artista...
segunda-feira, setembro 02, 2002
Só pra deixar curioso...
Nos últimos dias tenho postado pouco. Desculpem, amigos, mas tenho estado pouco inspirado para meus comentários... E como aqui não é diário, porque gente muito próxima acessa, não posso falar da melhor parte...
Manual "Delirante" de Manutenção Doméstica
1. Compre uma geladeira que seja auto-limpante, auto-descondelante, essas coisas... parece que já existe isso. Uma das coisas mais desagraváveis que pode existir é descongelar uma geladeira, se molhar todo, arrastar, tirar gaveta, limpar, perder a margarina e um pedaço de carne estragado... É pior que lavar o chão do banheiro com clorofila.
sexta-feira, agosto 30, 2002
Hoje fui entrevistado na rua por uma pesquisadora do Correio do Povo sobre a minha intenção de voto.
Nada mal, não fosse o fato de que estava passando em frente ao Palácio Piratini e com a roupa cheia de adesivos com os meus candidatos... Deu vontade de rir, mas tudo bem... sempre quis ser entrevistado e influenciar num resultado de uma pesquisa. Quero guardar o Correio de domingo, onde deve sair o resultado.
terça-feira, agosto 27, 2002
Numa bem humorada conversa com Marcelo no icq(coisa das madrugadas na Internet), falávamos do marketing eleitoral que ora aparece, com o início da propaganda eleitoral. Chegou a surgir a suposição de meu amigo de que Nizan Guanaes, o todo poderoso marketeiro de Serra, tenha tomado chá de cogumelo estragado, pra conseguir produzir aquela musiquinha escrota do "trabalho pra gente", protagonizada por Elba Ramalho, Chitaozinho & Xororó e KLB... Que coisinha ruim!
E os meninos do KLB, cada um com uma cor de cabelo ficou "fim-de-carreira", não acharam não?
Agora, à parte o exagero do jingle e a sempre lamentável presença de Gugu, o programa de Serra consegue dialogar muito bem com o senso comum do eleitorado, é razoavelmente didático e, por mais que a gente não goste, a presença de artistas enjoados como Gugu torna popular o constrangedoramente tímido "Zuzé" Serra... E o programa de Lula também está bom, sabendo usar bem o tempo bem menor que tem em relação a Serra.
Ah, eu queria saber quando é que o Ciro Gomes vai mostrar na televisão ou em sua page aquela ontológica cena em que ele beija a mão de painho ACM...
segunda-feira, agosto 26, 2002
Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astronomos diriam se tratar
De um outro cometa
Náo digo que não me surpreendi
Antes que eu disse
Voce disse
E eu não pude acreditar
Mas voce pode ter certeza
De que seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão
E só queria te contar
Que eu fui lá fora e vi dois sóis
Num dia e a vida ardia sem explicação
Nando Reis e Cassia Eller são um dueto que beira ao perfeito. O Segundo Sol foi uma homenagem de Nando a Cássia e sua homossexualidade. O "segundo sol" é uma figura de linguagem para a descoberta da sexualidade. Se analisarmos a letra entendendo o seu objetivo, veremos que faz alto sentido. "Nova Casa", "conversão", "dois sóis", "vida ardendo", várias coisas...
Poderia ficar citando todas as parcerias maravilhosas dos dois. Mas ouvir "Relicário", cantada por ambos, resume tudo.
Na porta do meu apartamento improvisei um mural. No que for comprando as coisas e decorando esse lugar, pretendo ter um muralzinho bonito, com coisas que me tocam. No momento, estão a decorar minha porta:
- Uma bandeira do PT com uma coleção de bottons de campanhas eleitorais anteriores, eleições estudantis e outros;
- Um cartaz do Partido Comunista da Argentina em homenagem aos 40 anos da revolução cubana. Um belíssimo cartaz!
- Um marca-paginas do livro "Crítica da Razão Dialética", de Jean Paul Sarte, com foto do autor fumando(só pra variar!);
- Um postal de Porto Alegre;
- Dois panfletos de candidatos que apóio;
- Propaganda das Lojas Paquetá com promoções de material esportivo e o jogador Kaká, com sua cara de garotinho abobadinho de sempre;
Por aí se percebe que sou plural em meus gostos. Mas as duas coisas impossíveis de não se notar no meu apartamento se resumem em guei e militante. Tem bandeira do arco-iris, mais bandeira do PT, um poster do Che... essas coisas...
Tinha algumas fotos minhas com amigos em outro apartamento. Mas é meio chato que sempre faltará algum amigo que voce não incluiu nessa seleção. E ele visitará voce e ficará ofendido, lá no fundo... então, sem fotos com amigos!!!
domingo, agosto 25, 2002
O Acre é um estado em que o crime organizado manda. O governador anterior, Orleir Camelli(94-98), liderava uma verdadeira guerra contra o cidadão comum. Tráfico de drogas, assassinatos... Um deputado ligado a Camelli foi cassado depois de ser acusado até mesmo de serrar(isso mesmo!!!) adversários.
Jorge Viana(PT) foi eleito com apoio de PSDB, PSB e vários outros partidos, numa espécie de "pacto civilizatório da floresta". Foi um dos governadores mais amigos do atual presidente. Portanto, é uma coisa que extrapola o PT, em nome da civilização, contra o crime organizado. Será reeleito com mais da metade dos votos. Se deixarem!
Sua candidatura foi cassada pela justiça eleitoral local por "abuso de poder economico", algo mais subjetivo que meus posts. É o Brasil... Viva o crime organizado! Viva "os de sempre".
sexta-feira, agosto 23, 2002
Histórias dos anais da política
Marcelo tem um post hoje sobre o fato de ter sido aprovada lei de autoria de Adeli Sell(PT) e Beto Moesch(PPB), vereadores de Porto Alegre, que proíbe a utilização de animais em circos em exibições na Capital. Trata-se de uma importante medida de proteção aos animais, que sofrem toda sorte de abusos e maus tratos. O "jornalista" Diego Casagrande, discípulo intrépido do "filósofo" Olavo de Carvalho traz a manchete em seu boletim diário, que ele está proibido de mandar, por sinal, por ter sido considerado SPAM pela justiça: "Sem circo em Porto Alegre". É, trata-se de um jornalismo absolutamente "imparcial", só com a verdade...
Mas Adeli é uma figura folclórica da política porto-alegrense. Sempre vestido a rigor, anda com um grande chapéu panamá, mesmo sob calor capaz de fritar um sujeito, como são os domingos de verão no asfalto porto-alegrense. E normalmente lidera campanhas absolutamente classe média, com projetos que criam o "fundo de celulares roubados", "o cachorródromo no Parque Farroupilha" e outras pérolas. Mesmo sendo meu companheiro de partido, tenho que narrar uma história fenomenal sobre o primeiro debate sobre esse projeto em plenário da Câmara, quase um ano atrás. Adeli apresenta seu projeto, justifica os motivos, tudo bem... Dai vai à tribuna João Dib(PPB), vereador da cidade há mais de trinta anos, ex-prefeito, um conservador. Mas respeitável, grande tribuno, grande raposa da política, um homem de quem o PT diverge profundamente, mas respeita. E ele perde poucos debates em plenário... Nesse caso, não iria contrapor ao projeto, na qual concordava no mérito(por isso ele deve ser respeitado, o Dieguito Casagrande não, por este é contra tudo o que um petista defender, independente do mérito), mas não perderia de terminar dando alguma alfinetada em Adeli:
"Quero manifestar a posição da nossa bancada favorável ao projeto dos nobres edil Adeli Sell e Beto Moesch, que proíbe a utilização de animais nos circos em exibições em nossa cidade. No entanto, quero manifestar, Senhor Presidente, a nossa preocupação com uma coisa: até concordamos com o fim da utilização dos leões, macacos e demais animais nos circos, mas O PALHAÇO não pode faltar".
Toma, Adeli! hehe
Notas de um "semi-noveleiro"
Apesar das personagens serem caricaturais e até um pouco preconceituosos, o fato é que as bibas de Desejos de Mulher, representados por Otávio Müller, Evandro Mesquita, José Wilker e um outro menino que não sei o nome estão impagáveis.
...
Infelizmente: a Esperança é a última que morre...
...
Coração de Estudante é a menos pior entre as novelas atuais. Ao menos é despretensiosa, tem um bom elenco, uma boa trilha sonora e diverte... não pretende mais do que isso, mesmo...
Ainda bem que ontem ao chegar em casa a linha telefônica alternava entre o chiado forte e a ausência de linha. Só assim para dormir oito horas de sono...
quinta-feira, agosto 22, 2002
Sonhos Delirantes - II
Será que quando a gente dorme bêbado os sonhos são mais enlouquecedores? Fui dormir 4h30, depois de horas de icq e dormi até as 8h de sempre, quando tenho que acordar. Está chovendo muito, durmo de novo... Acordo 9h. Estou atrasado! Correr pra banho, café, tudo... Mas nesse meio tempo, começo a perceber que tinha tido sonhos loucos... e tudo, ao que me pareceu, nesse "segundo sono".
Eu estou andando de lotação com meus pais e minha irmã. Porto Alegre, mas é noite. Anda junto um rapaz com quem tinha ficado poucas horas antes(é... também rolou "coisinha" no sonho, que eu também sou humano...). Meu pai briga com o motorista da lotação quando descemos. O velho motorista, muito antipático, diz que "não é hora de família andar na rua, isso é hora só de viado e mulher vagabunda andar por aí"... meu pai quer matar o velho, eu e o rapaz(que não é ninguém do meu mundo real) seguramos...
Acordo babando...
???
Sonhos me intrigam profundamente!
Esse novo visual ficou mais leve, né?
Obridado, Marcelo, pela mexida...
Zeras as contas
Uma garrafa de vinho esvaziada. Choro, alegria, boas e más lembranças. Minha noite na Internet foi muito válida pra me questionar um pouco mais sobre as coisas que vivo e deixo de viver.
"Mini flash back, por favor".
Era fevereiro de 2001. Acaba o Fórum Social Mundial. Eu estou cansado. Eu estou saindo de férias. Sábado é dia de sair pra dançar. Eu não saio pra dançar, mas vou pra casa de uma amiga de um amigo que eu tinha conhecido uns dias antes na Internet. Coisas improváveis, programas que a gente aceita fazer mais por falta de opção e porque bem ou mal esses programas improváveis terminam sendo os mais interessantes ao longo da vida, em relação às constantes idas às mesmas boates.
Conversa, cerveja, bobagens. Conhecer gente interessante sempre é bom. Toca o celular de Marcelo. Era um amigo dele que estava no centro e queria sair. Acaba combinando de ir até nosso encontro. Fico sabendo que era um cara que já conhecia de vista e de teclar na Internet, mas ele não me conhecia. Por essas coisas que a gente tem de se achar menos do que é, tinha admirado aquele belo loiro magro de olho verde como algo distante, intocável. Ele chega, conversa. Está bonito, com uma blusa azul e os cabelos cheios de gel espetados pra cima. Quer sair, quer ir pra noite. Mas a gente vai ficando, a gente vai conversando. Logo começam os trotes telefônicos, logo depois um jogo da verdade. Em certo momento, o perguntam se, entre daquela roda tivesse que escolher alguém pra ficar, alguém que o atraia, quem seria... "Ele, não sei o nome..." - aponta pra mim. Puxa vida, que coisa! Bom, mas essas coisas fazem bem pro ego e logo passam... não dei muita bola...
No domingo Marcelo me manda uma mensagem dizendo que o cara tinha gostado de mim, perguntado muito de mim pelo icq, queria saber, queria me conhecer melhor, queria não sei o que... pra mim era algo louco, meio inacreditável, mas tudo bem... por algum motivo tinha rolado uma atração recíproca que seria ao menos uma grande ficada. Na segunda-feira quente daquele fevereiro ficamos, vencendo uma certa timidez depois de lermos juntos um livro de fotografias do Mário Quintana pela segunda vez. Nos beijamos, ficamos juntos, depois ele foi pra casa e eu dormi na casa daquela recente amiga... No dia seguinte conversamos de novo, fomos ao Venezianos, andamos juntos, nos conhecemos. E assim foi toda a semana, de uma forma carinhosa, surpreendente. Por algum motivo eu estava preparado para apenas ficar, transar e talvez ficar nisso. Tudo ia de encontro a isso e a gente segue com vontade de se ver, acaba ficando todos os dias, transando depois de uma semana e eu estou no paraíso. As aulas começam, as férias do trabalho vem e são dias de imensa felicidade. Poucas vezes o meu mundinho paralelo esteve tão próximo do real como naqueles dias. Até que ele volta pra sua cidade, um pouco distante de Porto Alegre. A convivência de todos os dias já não ocorre, mas a gente segue bem. Mas a distância durante os dias de semana me pira... minha paranóia se manifesta de forma cabal, está presente em cada gesto, em cada momento, em cada pensamento. Eu tenho medo o tempo todo. O meu medo de perder aquela pessoa me leva a desistir de continuar aquela relação, depois de uns quarenta e cinco dias. Eu era derrotado pela minha insegurança. Era a primeira derrota no amor que eu gerava. Eu não tivera a capacidade de entender que duas pessoas são diferentes, vivem coisas diferentes, tem formas diferentes de se expressar e que ainda assim podem viver e se amar e ter afinidades. Mas eu era imaturo ainda(ainda sou, mas era pior...) pra entender isso e administrar isso. Por causa das minhas atitudes eu esgoto a disposição dele também de viver alguma coisa comigo. Todo o nosso prazer, a nossa amizade, as minhas descobertas(muitas!) não são suficientes pra dar conta de vencer a loucura de ambos, a minha insegurança e tudo o mais que atrapalha.
Quarenta e oito horas depois de terminarmos numa boa, eu sofro um acidente grave de carro onde poderia ter morrido. Acidentes naquela circunstância poupam poucos. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas a minha loucura se reforça. Aqueles dias do final de março do ano passado foram o meu inferno. Passei o inferno até superar aquelas coisas. Olho para trás e vejo que tudo aquilo(a relação, não o acidente) valeu em muito pro meu amadurecimento como sujeito. As descobertas, os prazeres e o sentimento de que eu posso viver as coisas, mas preciso me superar me fazem ser uma pessoa melhor hoje. Mais preparado para ser feliz em outros momentos como fui em boa parte daqueles...
E ele é uma pessoa que tenho muito carinho, mesmo que nenhuma convivência. É uma pena, porque apesar de não o entender muito bem, o quero bem pra caramba. É uma das pessoas mais interessantes que já conheci. Interessante especialmente por não ser simples. Não havia a menor chance da gente dar certo, mas foi uma pessoa importante. Estarei sempre esperando ouvir noticias boas dele.
E fico por aqui ou logo vai virar um livro esse que era pra ser um post...
quarta-feira, agosto 21, 2002
Momento Subjetivo ou Momento Auto-Piedade
Amigo Virtual(23:17 PM) :
olhei teu blog sim e achei bem interessante, achei q tu tem opinao forte
e sincera tbm
Marcio(23:18 PM) :
sim, me criei tendo opiniao sobre tudo pra nao ter opiniao sobre mim...
Pérolas da propaganda eleitoral gratuita
O candidato a deputado federal Jaires Maciel, do PSC(?!), que é daqueles líderes de partidos nanicos que concorre sempre a deputado só pra ter seus minutos de fama como exótico mais uma vez está na parada. Ele tem um bordão inusitado: "Aqui tem água pro chimarrão", como que querendo dizer que tem "café no bule", tem o que dizer, tem força, não sei explicar bem... alguns ditos populares são meio intraduzíveis. Mas a melhor dele foi ontem, em sua estréia nesse ano: "Venha conhecer nossa proposta de construir um presídio no meio da selva amazônica".
Ah, tá... beleza... tudo resolvido agora!
Bom, outro ano teve um candidato a prefeito de Porto Alegre que queria construir o trem bala Porto Alegre-Torres, pra facilitar o acesso ao litoral gaúcho...
Hiperbolia total!
Descobertas em "Santana dos Carrapatos"
Tento retomar agora as primeiras sensações sexuais que tive. Lembro que na minha infância, na cidadezinha onde eu morava, maldosamente apelidada como Santana dos Carrapatos - que seria uma versão bovina do famigerado chato - vivi as primeiras sensações de que alguma coisa comigo estava diferente. Ou não... porque não tive um momento em que "me descobri homossexual". Pra mim o sexo e a atração pelo mesmo sexo veio junto.
Fernandinho era o neto do Prefeito. Era alguém da fina elite da fina cidade. E era conhecido a boca pequena como A bicha da cidade. Uma vez, de uma hora para outra, apareceu com um cabelo super biba e uma pasta com uns motivos de dragoezinhos rosas que fez confirmar isso a todo mundo. Ele era um ano mais velho que eu, mas era mais esperto, mesmo. Lembro que a gente ia pra casa dele e ele levava a gente pro quarto dele, que ficava num segundo andar isolado, fechava a porta, começava a se aproximar. Certa vez saí quase correndo, com medo... Talvez aquela tática tenha dado certo, lá pelas tantas e alguém tenha cedido. Mas ele levava a fama por todos os gueis que a cidade tivesse. E não eram tão poucos. Anos depois iria encontrar em Pelotas um colega de aula, já devidamente descoberto, amigo de uma amiga minha...
Mas a primeira pessoa que me tocou, que eu desejei mesmo foi Felipe. Já nessa época eu queria gente mais nova que eu, vejam só... Felipe tinha quatro anos a menos que eu. Ele era muito bonito, alto, um garotão. Morava exatamente na casa ao lado da minha. E a gente convivia bastante. Jogava Atari, depois Master System. Víamos a Angélica e jogávamos futebol. E nos descobríamos. Um dia meus pais viajaram, fiquei apenas com uma tia minha, que estava de visita. Ela na sala, eu e Felipe no meu quarto, brincando. Foram meus primeiros contato sexuais. Eu gostava dele. Brinca daqui, brinca dali, a gente se agarrou, rolou na cama agarrado, ficamos frente a frente. Quase nos beijamos. Talvez deveria ter feito isso... não sei. Só sei que poucos meses depois veio a transferência do meu pai para o CESEC de Pelotas. Era o fim da minha infância, era a adolescência que chegava, exatamente com a mudança para Pelotas. A partir dali, tinha que terminar meu primeiro grau, mudar várias vezes de escola pra terminar um segundo grau e interromperia minhas descobertas por ali. Só SEIS anos depois, aos 19, é que voltaria a buscar minhas verdades, os meus desejos, com outro amigo. Dessa vez o Paulinho. Pra deixar de ser virgem e começar a vida adulta. Mas Felipe ficou lá, minha primeira sensação de sexo, de desejo, de carinho mesmo... era talvez meu melhor amigo.
É curioso que tanto tempo depois eu descubra, pela lista telefônica, que ele mora em Porto Alegre, tenho anotado agora o endereço e o telefone dele. E não mora longe não. Mora no bairro Cidade Baixa, quase no bairro Santana(ou será Santana quase Cidade Baixa?)
O que representaria a gente se reencontrar hoje? Será ele guei? Ou estará ele namorando uma guria chata, burra e fútil e será ele um frequentador assíduo da Dado Bier, estudante de Direito da PUCRS e outras coisas mais, "padrão"? O que é melhor: descobrir a resposta ou manter o charme de uma história sem final?
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